São Paulo Fashion Week será ‘móvel’, com caminhão, bicicleta e projeções
Evento ocorre entre 4 e 8 de novembro e terá a participação de seis novas marcas e um total de 34 apresentações
Daniel Salles
Publicado em 22 de outubro de 2020 às 17h36.
Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 17h57.
Assim como fizeram todas as semanas de moda e festivais de cinema ao redor do mundo, a São Paulo Fashion Week ganhará um formato digital na edição que ocorre entre 4 e 8 de novembro. Não se resumirá, porém, a desfiles transmitidos digitalmente, mas a uma ocupação da capital paulista por meio de projeções em dois prédios, um no cruzamento da Avenida Paulista com a Rua da Consolação, e um outro nas imediações da Funarte, no centro de São Paulo.
Com seis novas marcas em uma programação que totaliza 34 apresentações, entre as quais se destacam a Irrita, da estilista e ex-Neon Rita Comparato, a Misci, do arquiteto Airon Martin, e a ÀLG, do empresário Fábio Souza e que tem Alexandre Herchcovitch na criação, esta edição irá comemorar sobre rodas os 25 anos do evento.
Em coletiva na tarde desta quinta-feira, 22, o fundador e diretor criativo da SPFW, Paulo Borges, explicou que um caminhão e diversas bicicletas irão rodar por até 100 pontos das cinco regiões de São Paulo, exibindo momentos históricos da semana de moda.
O movimento itinerante será feito no período da noite, entre 17h e meia-noite, em ciclovias e avenidas das diferentes regiões da cidade. A ideia, que responde a uma crítica histórica feita ao evento por supostamente ele ser fechado demais em sua própria bolha, é que a capital reconheça o legado deste que é considerado o maior evento de desfiles de moda da América Latina.
“Pensamos numa forma de aproximar as pessoas, e qual seria a melhor forma de ocupar a cidade neste momento”, explica Borges. Ele afirma que serão entre três e quatro ativações feitas ao mesmo tempo durante os percursos noturnos.
Esse material visual faz parte do acervo das mais de 500.000 imagens do fotógrafo Marcelo Soubhia e das mais de 500 horas do documentarista Richard Luiz, que registram há anos a história da SPFW. A curadoria dessas intervenções audiovisuais foi feita pelo artista visual Alexis Anastasiou.
As fontes do Vale do Anhangabaú irão projetar, segundo Borges, “um espetáculo de luzes” em comemoração ao aniversário da SPFW, e, quem andar pela cidade, também poderá ver pelos muros instalações em lambe-lambe do fotógrafo Felipe Morozini nas quais foram posicionados QR Codes para quem quiser acompanhar as apresentações.
Ou melhor, desfiles, documentários ou projetos artísticos, como foram definidos os três formatos que serão explorados pelas marcas nesta edição atípica. Borges afirma que, no próximo ano, o evento voltará a ser presencial, “mas que não há volta nesse processo de digitalização”.
Apesar da boa disposição de marcas independentes nesta nova programação, que inclui nomes que desfilaram no evento de moda autoral Casa de Criadores, como Renata Buzzo e Tom Martins, da grife Martins, a São Paulo Fashion Week tem baixas sensíveis.
Saíram deste calendário as marcas de jeanswear Cavalera e Ellus, ambas presentes na programação do ano passado, e a grife homônima do estilista Reinaldo Lourenço, que atraía celebridades e uma clientela abastada de São Paulo.
Lourenço se envolveu em uma polêmica recente nas redes sociais quando modelos negras o acusaram de supostamente praticar racismo nos bastidores dos desfiles. A estilista Gloria Coelho, porém, que também foi alvo de acusações, abrirá o último dia da semana de moda, enquanto Ronaldo Fraga deve encerrar as comemorações deste ano.