Por que Harry e Meghan viraram um casal rebelde que tira o sono da Rainha?
Em um dos golpes mais duros contra monarquia britânica nos últimos anos, o casal não só abandonou a coroa, mas também passou a criticá-la publicamente
Matheus Doliveira
Publicado em 8 de março de 2021 às 19h56.
Ele era um rebelde fora de controle e afetado desde a infância pela trágica morte de sua mãe, a princesa Diana. Ela, uma atriz americana independente que não soube calcular a pressão de se tornar um membro da rígida família real britânica.
Desde seu casamento em 2018, Harry e Meghan se mostraram pouco à vontade com as rígidas convenções da instituição monárquica e sua relação particular com a imprensa sensacionalista.
Mas, no domingo, abriram seus corações em uma entrevista explosiva com a estrela da televisão americana, e sua amiga pessoal, Oprah Winfrey , transmitida um ano após sua partida da família real britânica.
Nela, Meghan alegou ter sido alvo de "uma campanha de difamação" pelo palácio que a levou a pensar em suicídio e Harry disse que ficou "muito desapontado" com a falta de apoio de seu pai, o príncipe Charles.
Assim foi a transformação de um casal que, graças à sua imagem de modernidade, despreocupação e compromisso com causas sociais, alcançou enorme popularidade até que, no início de 2020, abalou a monarquia ao anunciar que queriam deixá-la.
De rebelde traumatizado a pai de família
Muitos britânicos ainda se lembram da imagem de um Harry menino, com olhar perdido, caminhando com seu irmão William seguindo o caixão de sua mãe, Diana, pelas ruas de Londres em 1997.
Quando nasceu, em 15 de setembro de 1984, o príncipe era o terceiro na ordem de sucessão - agora é o sexto - posição que exigia um comportamento exemplar. No entanto, rebelde como sua mãe, logo se tornou o membro mais dissipado e problemático da família real .
Aos 17 anos, o enérgico ruivo confessou ter fumado maconha e se tornou uma das personalidades favoritas da imprensa sensacionalista que o fotografava em bares e discotecas e na companhia de belas jovens aristocratas.
Em 2005, cometeu um erro grave ao aparecer em uma festa à fantasia vestido como um oficial nazista. Depois desse escândalo, esse grande esportista, apaixonado pelo rúgbi, ingressou na prestigiosa Royal Military Academy de Sandhurst.
Em 2008, após uma indiscrição da imprensa, soube-se que se encontrava em missão no Afeganistão e todo o país o acompanhou em sua decepção quando teve de ser repatriado por motivos de segurança.
A partir daí, começou a ter sucesso na mídia, trabalhando com associações de ajuda a pessoas com problemas psicológicos, especialmente veteranos de guerra.
Sua popularidade culminou em seu casamento espetacular em 19 de maio de 2018, com uma conhecida atriz de televisão californiana.
Mas diante do assédio que Meghan sofreu, afirmou temer que "a história se repetisse", referindo-se à morte de uma Diana perseguida por paparrazi, para justificar a saída da monarquia pela qual perdeu seus estimados títulos militares.
Atriz-duquesa-produtora
Filha de Thomas Markle, iluminador de televisão que ganhou um Emmy pela série "General Hospital", e de Doria Ragland, assistente social e professora de ioga, Meghan nasceu em 4 de agosto de 1981, em Los Angeles.
Por parte de mãe, ela descende de escravos negros nas plantações de algodão da Geórgia.
Seus pais se separaram quando ela tinha dois anos e se divorciaram cinco anos depois. Há anos não mantém um relacionamento com seus meio-irmãos ou com seu pai, que a acusou de "romper a relação".
Markle formou-se em teatro e relações internacionais pela Northwestern University, perto de Chicago, e passou seis semanas estagiando na embaixada dos Estados Unidos na Argentina.
Alcançou a fama na televisão trabalhando na série "Suits" sobre um escritório de advocacia de Nova York.
Antes de se casar com Harry, foi casada com o produtor Trevor Engelson, de quem se divorciou após dois anos.
Feminista convicta e extremamente independente, foi inicialmente vista como ar fresco na família real. Mas para Oprah, reconheceu que não havia calculado o que significava entrar em uma instituição tão rígida e submetida ao escrutínio implacável da imprensa sensacionalista.
Após dar à luz seu primeiro filho, Archie, em 6 de maio de 2019, ela acabou convencendo o marido da necessidade de se afastar da monarquia e do Reino Unido .
O casal tornou-se independente financeiramente e mudou-se para a Califórnia, onde agora reside em uma mansão perto de Santa Bárbara, de onde defendem causas humanitárias e sociais que lhes interessam e produzem documentários para a Netflix e podcasts para o Spotify.
Agora "podemos tomar nossas próprias decisões", disse Meghan a Oprah, celebrando sua liberdade.