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O prédio mais caro de São Paulo e com a assinatura de Alex Allard será erguido na Oscar Freire

Sem mencionar o valor do metro quadrado, Allard garante que este será o edifício mais caro de São Paulo, com Valor Geral de Vendas de aproximadamente R$ 800 milhões

Alex Allard, fundador da Cidade Matarazzo (Leandro Fonseca/Exame)
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 8 de novembro de 2024 às 11h51.

Última atualização em 8 de novembro de 2024 às 13h25.

Alex Allard estava angustiado. Do alto de seu apartamento triplex com vista 360 graus para São Paulo e para seu grande projeto, o complexo da Cidade Matarazzo , o empresário francês não se sentia seguro sobre colocar seu sobrenome em seu próximo empreendimento,um prédio de luxo na Oscar Freire em parceria com a Gafisa .

“Há muitos anos, todos me falavam: ‘Alex, por que você não faz isso?’. Eu acho que havia uma certa fragilidade, falta de estímulo. Eu não queria que esse novo projeto se tornasse uma questão de ego, e precisei digerir muitas etapas na vida para tomar essa decisão. Esse novo projeto representa o lançamento da nossa marca própria, chamada Allard”.

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Assim como a história sobre a transformação do hospital Matarazzo na Cidade Matarazzo, o novo prédio também possui uma trama. Na esquina das ruas Oscar Freire e Consolação havia um terreno vazio no início dos anos 2010. Allard considerava comprar o espaço para construir seu projeto no Brasil, mas estava na dúvida entre o terreno e o hospital abandonado. O conselho-amigo de um executivo da Louis Vuitton o fez seguir com a compra do hospital. O que parecia loucura se tornou em um dos empreendimentos de maior sucesso na cidade.

A decisão para seguir com o projeto Allard com a Gafisa aconteceu quando Alex descobriu que o terreno para a construção seria no mesmo cruzamento, mas do outro lado da rua. “Não existe coincidência. Vamos fazer um retrato da Cidade Matarazzo em um pequeno lugar que vai requalificar a Oscar Freire”, diz.

No entanto, o projeto pretende ser mais do que outro edifício de alto padrão sendo erguido na cidade. Allard quer educar os moradores sobre questões de sustentabilidade.

“As pessoas votam para pagar menos impostos, evitar a imigração, mas raramente votam pensando nas questões globais. A mudança climática é um tema delicado, que evoca um sentimento de culpa em cada ser humano. Ninguém quer se sentir culpado. Por isso, pensei em criar algo que não evoque culpa, mas sim felicidade, alegria, honra, desejo de fazer o bem. E vamos transformar isso em um produto de luxo”.

A ideia é criar uma marca altamente comprometida com essa visão. “Fui inspirado por um caso histórico interessante, chamado East Indian Sugar. Essa marca de açúcar, no século 19, fez enorme sucesso ao se promover como ‘açúcar sem escravidão’. Todo mundo comprou esse produto, e isso enviou uma mensagem aos políticos e à elite, mostrando que o povo já não tolerava a escravidão. Esse movimento foi crucial para a abolição [nas Américas]”.

“Com esse conceito de luxo verde, quero influenciar as pessoas mais poderosas do planeta. Infelizmente, são poucas as pessoas que realmente tomam decisões. Quero transformar a natureza em um produto de luxo, usando a tecnologia e a mobilidade para gerar significado. Esse desejo é canalizado para um propósito maior: falar sobre a preservação da natureza. Como criar uma humanidade que respeite a natureza e valorize o trabalho humano, a diversidade e a criatividade? Esse é o objetivo. Por isso, demorei tanto para usar meu nome. Não queria que ele fosse associado a uma marca de luxo banal, mas sim a um projeto significativo”.

O edifício, com 33 andares, foi desenhado pelo renomado arquiteto Arthur Casas e é inspirado na Cidade Matarazzo.Com uma abordagem de floresta vertical, o projeto combina natureza e urbanidade, utilizando materiais brasileiros e práticas sustentáveis. “As madeiras e pedras locais foram selecionadas com rigor pelo próprio Alex Allard, após mais de 20 anos de pesquisa no Brasil,” diz Luis Fernando Ortiz, vice-presidente da Gafisa.

Allard e Gafisa: projeto do restaurante que será comandado por Jean-Georges. (BLACKHAUS/Divulgação)

Os primeiros oito andares do prédio são dedicados a um espaço de lifestyle com dois restaurantes, uma boulangerie, livraria e spa, onde os moradores e o público externo podem utilizar. “Queremos proporcionar uma experiência imersiva, onde cada detalhe foi planejado para garantir uma vivência única, utilizando materiais sustentáveis e processos regenerativos que valorizam a natureza e o trabalho artesanal”, diz Ortiz.

O investimento no principal restaurante do prédio, que será comandado pelo renomado chef Jean-Georges, foi de R$ 25 milhões.O desejo de Allard é que este seja o restaurante mais estrelado do Brasil, oferecendo uma experiência gastronômica com ingredientes brasileiros de alta qualidade.

O spa, chamado de centro de longevidade, será um espaço para que os moradores possam adotar hábitos saudáveis de maneira prática. Com uma abordagem preventiva de saúde, o espaço inclui suplementação alimentar, programas personalizados de exercício e meditação. “Queremos que cada pessoa se conheça melhor, tanto fisicamente quanto mentalmente, e alcance uma vida mais equilibrada,” comenta Allard.

O projeto inclui 20 apartamentos, sendo 17 apartamentos de 430 metros quadrados, dois apartamentos duplex de 770 metros quadrados e uma cobertura triplex com 1.298 metros quadrados.

“Queremos entregar um ambiente pronto para morar, onde os detalhes dos acabamentos podem ser adaptados durante a construção, otimizando o tempo para que o cliente receba o apartamento com o mínimo de ajustes necessários,” diz Ortiz.

Allard e Gafisa: projeto da piscina externa (BLACKHAUS/Divulgação)

No 26º andar, há uma área de lazer com uma piscina, bangalôs, academia com vista panorâmica. Essa combinação de serviços foi pensada para que os moradores possam vivenciar o luxo e o conforto sem precisar sair do prédio. “É uma experiência residencial de alto padrão, onde a funcionalidade se mistura com o conceito de hospitalidade de luxo, adaptado para a realidade brasileira,” destaca Sheyla Resende, CEO da Gafisa.

A entrega do edifício está prevista para 2028.

“Este projeto na Oscar Freire em parceria entre Allard e Gafisa é uma combinação de luxo e hospitalidade de alta qualidade, projetado para ser um marco na cidade de São Paulo.” Sem mencionar o valor do metro quadrado, Allard garante que este será o edifício mais caro de São Paulo, com Valor Geral de Vendas (VGV) de aproximadamente R$ 800 milhões.

Sem mais angústias em usar o sobrenome em um projeto, Allard define que a nova marca representa o que há de mais sofisticado e ao mesmo tempo comprometido com a preservação e valorização do Brasil. “Nosso trabalho é lapidar o que o Brasil já tem de mais precioso e revelar ao mundo um novo conceito de luxo.”

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