"Novo" Titãs, Raimundos: hits levam saudosismo ao Rock in Rio
Sem Paulo Miklos, banda alinhou clássicos no palco Sunset repleto de convidados
Tais Laporta
Publicado em 29 de setembro de 2019 às 14h02.
Última atualização em 29 de setembro de 2019 às 14h02.
Rio de Janeiro - O “novo” Titãs, sem Paulo Miklos, apresentou seu show no palco Sunset do Rock in Rio 2019 na noite do sábado, 28, alinhando clássicos como Homem Primata e Flores num palco recheado de convidados. Erika Martins, Edi Rock e Ana Cañas deram um empurrão na apresentação de uma banda com hits suficientes para agradar à plateia roqueira sem muito esforço.
Na nova formação, é Sergio Britto quem geralmente assume os vocais. Beto Lee, o novo guitarrista do grupo, fica a um canto mais tímido, e Tony Bellotto e Branco Mello completam escalação, com o baterista Mario Fabre. Miklos saiu em 2017, e o Titãs ainda explora o que fazer sem seu frontman.
No repertório, eles passeiam por versões do Barão Vermelho (numa referência à importância da música para o Rock in Rio), Rita Lee (Orra Meu, uma música de homenagem a São Paulo), Raul Seixas (Aluga-se, embora a música esteja na lista do grupo há décadas).
Ana Cañas subiu ao palco para cantar Comida e Sonífera Ilha, duas das músicas que ajudaram a consolidar a trajetória vitoriosa do Titãs, mas, embora o espaço em frente ao Sunset estivesse mais lotado que o normal, a reação foi proporcional à chuva fina que caía insistentemente na Cidade do Rock.
Hits antigos e modernos como Cabeça de Dinossauro, Epitáfio e a menos conhecida O Pulso (com letra do ex-titã Arnaldo Antunes) fizeram a ponte até a chegada de Edi Rock que, por sua vez, viajou no tempo com Diversão (do disco Jesus Não Tem Dentes No País dos Banguelas, de 1987), acrescentando um toque de flow, e Bichos Escrotos. Uma versão rápida de O Mundo Mágico de Oz completa a participação dos Racionais MC’s no Rock in Rio 2019.
Em um momento um pouco mais politizado da apresentação, antes de Polícia, Britto pergunta: “será que transformar as favelas do Rio de Janeiro em campo de guerra vai resolver o problema da segurança pública?”.
CPM 22 e Raimundos
A chuva também não desanimou o público para acompanhar as bandas CPM 22 e os Raimundos, que abriram o Palco Mundo. A programação já anunciava uma noite de rock nostalgia no festival, com Titãs e Whitesnake, mas foi no palco mundo que o rock alternativo resgatou a memória jovem e adolescente cultivada nos anos 1990 com um público fiel em cada verso. “Você imaginava que aquele quarto sujo lá em Brasília ia te trazer aqui, um dia”, brincou o vocalista Badauí, do CPM, para Digão, dos Raimundos.
Nem bem tinha começado o som no palco mundo, o primeiro acorde de Mulher de Fases atraiu um público ávido por ocupar cada canto ainda encharcado em frente a banda. A garoa ainda insistente foi espantada por Dias Atrás. Não é estranho relembrar o caminho de sucesso dessas bandas, desde a conquista de espaço na rádio até chegar ao grande público.
“Se eu tocar no seu radin, choro até o fim, só pra rimar com im, pois se eu ganhar ‘din din’, cê vai gostar de mim”. E, por um momento, o mundo da internet e das plataformas de música são incapaz de calarem o sentimento juvenil nos versos de A Mais Pedida, dos Raimundos.
O show inusitado do sábado uniu, em um pocket de meia hora, Liniker e os Caramelows e Criolo. Liniker aqueceu os trabalhos com Boca e Beau (do novo disco Goela Abaixo), então Criolo entrou com uma versão de Não Existe Amor em SP que fez Liniker chorar, e depois ele cantou Subirosdoistiozin, numa versão soul que os Caramelows seguram com fibra. O necessário para se criar um momento verdadeiro.