Nem mesmo Marie Kondo se estressa com bagunça o tempo todo
Criticada e amada nas redes sociais, a japonesa que é a rainha da organização e tem até série na Netflix conta sobre o real significado do seu método
Júlia Lewgoy
Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 05h00.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2019 às 05h00.
O programa na Netflix da japonesa que é a rainha da organização, Marie Kondo, provocou uma nova onda de interesse global pelos conceitos de organização que ela descreve em seus livros best-sellers. Ela e o marido, Takumi Kawahara, também CEO da KonMari Media, conversaram com a Bloomberg sobre o real significado do método patenteado KonMari.
Os livros de Kondo estão prestes a ser reeditados no Japão e seu próximo empreendimento é um salão on-line destinado a construir uma comunidade para ajudar a aliviar a solidão e o estresse da organização.
Fazendo o programa da Netflix na Califórnia, o que te surpreendeu na forma de viver e de comprar das pessoas em comparação com o Japão?
Marie Kondo: O que me surpreendeu é que as casas em si são muito grandes. E o fato de todo mundo ter garagem. Muitas pessoas a usam como espaço de armazenamento, e não como um lugar para guardar o carro. Isso é algo que não se vê no Japão. E, por ter esse espaço de armazenamento, é provável que as pessoas acumulem coisas continuamente.
O que você acha da polêmica nas redes sociais sobre jogar livros fora?
Marie Kondo: Eu nunca tive essa reação em relação aos livros no Japão, então foi algo muito novo para mim. Mas houve muitos mal-entendidos. Para começar, no meu método é extremamente importante manter as coisas que despertam alegria. Então, se os livros te trazem alegria, é absolutamente correto conservá-los.
Parece que a impressão dada é que é preciso jogá-los fora. Alguém andou dizendo que eu falo para as pessoas para guardar apenas 30 livros. Eu nunca disse isso, nunca estipulei nenhum número. Mas, quando estava arrumando minha própria casa, escrevi que conservei cerca de 30 livros.
Você tem uma rede de consultores em organização em todo o mundo, e quase todas são mulheres. Os homens não deveriam ajudar mais nas tarefas domésticas?
Marie Kondo: No geral, acho que há mais mulheres profundamente interessadas em criar um ambiente agradável no lar. Mas há muitos homens em todo o mundo que leem meus livros, e no programa da Netflix as famílias trabalham juntas, inclusive os homens, é claro. Eles parecem sentir o tanto de alegria que conseguem trazer para suas vidas tendo uma casa organizada.
Em vez de ver isso do ponto de vista do homem ou da mulher, se você mora em família, é interessante conversar sobre como você deseja organizar a casa, por ser uma pessoa que mora nela.
Takumi Kawahara: Eu costumo deixar que ela faça a arrumação. Eu faço coisas que exigem força física e recoloco os objetos em seus devidos lugares.
Vocês têm dois filhos, de dois e três anos. Como ainda conseguem manter a casa arrumada?
Marie Kondo: Antes de ter filhos, meu princípio sempre foi ter a casa perfeitamente arrumada, para que qualquer pessoa pudesse visitá-la a qualquer momento. Agora não posso fazer isso, mas acho que devo aceitar isso. Quero ensinar meus filhos a organizar, mas não é bom ficar muito estressado quando não é possível fazê-lo. Por isso, quero encontrar um equilíbrio. Eu arrumo bastante depois que eles vão dormir.