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Musical "Lazarus", escrito por David Bowie, ganha os palcos no Brasil

Felipe Hirsch prepara versão do musical, com previsão de estreia em 22 de agosto, quando abrirá uma nova sala de espetáculos, o Teatro Unimed

Lazarus: o musical apresenta uma série de canções que pertenciam ao catálogo de Bowie (Dave Benett/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de junho de 2019 às 12h28.

São Paulo — David Bowie realizou seus últimos trabalhos sob o espectro da morte. Três meses antes de seu falecimento, em 10 de janeiro de 2016, o cantor e compositor britânico soube que sofria de um câncer terminal. Nesse período, ele conseguiu lançar seu 25.º disco de estúdio, Blackstar, e acompanhar a estreia de seu musical Lazarus, em Nova York, em dezembro de 2015.

"São projetos de um artista que esperava pela morte, portanto, recheados de simbolismos", comenta o encenador Felipe Hirsch, que prepara uma versão de Lazarus, com previsão de estreia em 22 de agosto, quando abrirá uma nova sala de espetáculos, o Teatro Unimed.

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O musical apresenta uma série de canções que pertenciam ao catálogo de Bowie (como Heroes, Life on Mars e Absolute Beginners), além quatro novas faixas (Lazarus e Killing a Little Time são algumas) — todas serão interpretadas em inglês, por obrigação contratual. Inspirado no romance de ficção científica O Homem que Caiu na Terra — escrito por Walter Travis, em 1963, e levado ao cinema em 1976, com Bowie no papel principal —, o espetáculo acompanha a atormentada vida de Thomas Newton, um alienígena que vive na Terra disfarçado de humano, incapaz de morrer.

"Bowie falava sobre isolamento e, no caso dele, referia-se aos dez anos em que estava sem gravar um disco", comenta Hirsch.

"O personagem de Lazarus permanece diante da TV para expressar sua solidão, o que é semelhante aos dias de hoje, em que as pessoas fixam seu olhar diante de várias telas, também isoladas."

Conhecido pelas novidades que acrescenta às suas encenações, Hirsch aceitou o convite também por ter a liberdade de modificar o original, criado por Bowie e pelo dramaturgo irlandês Enda Walsh.

Assim, para a direção musical, ele convidou Maria Beraldo e Mariá Portugal, hábeis em criar sonoridades a partir da voz e de instrumentos.

Os ensaios começam no dia 20 de junho, mas um detalhe está definido: nenhum ator interpretará um personagem que lembre David Bowie. "Pretendo espalhar suas características entre todos eles - assim, Valentine trará referências da fase mais cabaré de Bowie."

Hirsch também não pretende se prender no filme estrelado pelo cantor. "Era uma fase em que ele queria ser ator, mas é notável como Bowie é maior que o longa — ele não cabe na história", afirma.

"A experiência extraterrena tratada pelo musical também não pode ser facilmente identificada com a morte, pois Bowie não era um artista óbvio. O que se vê ali é um homem buscando descobrir como viver seu último ano de vida."

De fato, ao discutir o musical com Bowie, o dramaturgo Walsh relembrou, em entrevista à France Presse, em 2016, que a conversa versou primeiro sobre como uma pessoa experimenta a morte.

"Começamos falando sobre escapar, mas logo o foco foi para alguém que tenta encontrar o descanso. Sobre morrer de uma maneira mais fácil."

O musical aborda temas próximos a Bowie: a busca de identidade, o sentimento de solidão e abandono e as relações com os outros e com o mundo.

Por lidar com tantos temas, Hirsch optou também por montar um elenco heterogêneo, com atores experimentados em musical, como Bruna Guerin, como aqueles ainda debutantes — é o caso de Jesuíta Barbosa, que estreia no gênero.

Outros nomes já confirmados são Carla Salle, Erom Cordeiro, Luci Salutes, Natasha Jascalevich, Olivia Torres, Rafael Losso e Valentina Herszage.

O período, agora, é de pesquisa. "Estou fascinada por conhecer mais profundamente o universo do Bowie", diz Bruna. "Era um artista plenamente teatral: sua poesia abraçava todas as artes."

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