Incêndio destrói 8.500 vinhos de até 679 reais em SP; entenda
Fogo que atingiu galpões em Cotia, no fim-de-semana, não poupou depósito de vinhos da importadora Vindame
Daniel Salles
Publicado em 21 de setembro de 2020 às 17h59.
O incêndio que destruiu dois galpões industriais ao lado da Rodovia Raposo Tavares, na altura do quilômetro 28, sentido São Paulo, queimou todo o estoque da importadora Vindame guardado em uma das unidades do condomínio de armazéns a ITL Express. Segundo as informações que o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo publicou em seu site, o fogo começou às 18h num armazém de bobinas de papel e logo tomou grandes proporções. Vídeos mostram labaredas muito altas e fumaça densa. A fumaça atrapalhou o trânsito na rodovia, sem chegar a interrompê-lo.
Foram destacados 81 bombeiros e 27 viaturas para apagar o fogo, que só foi controlado no dia seguinte. Até o fechamento desta reportagem, os bombeiros ainda trabalhavam no rescaldo do local. Não houve vítimas. “Mas acabou com todos os galpões”, diz o alemão Michael Schütte, sócio administrador da Vindame. “O nosso gerente comercial foi até o local, mas não conseguiu nem entrar porque os bombeiros ainda estavam trabalhando. Disse que não sobrou nada do condomínio. É uma pena. Gosto da ITL, é uma empresa moderna, com todos os recursos. Não acho que foi culpa deles.” A causa do incêndio ainda não foi determinada.
A Vindame tinha 8500 garrafas no local. Algumas delas bastante especiais, como as 144 garrafas do Barbaresco Ronchi 2013, um vinho do Piemonte que é vendido na importadora por R$ 679, a unidade. Ou as 78 unidades do alemão Verremberger Pinot Noir GG 2015, que saem por R$ 569 cada. Segundo Schütte foi informado, a ITL tem seguro, que vai cobrir os prejuízos. “Vão me reembolsar o valor que a garrafa tinha quando entrou no estoque”, diz o importador. “Ou seja, o que ela me custou até chegar ali. Mesmo assim teremos um prejuízo significativo pois já tive custos de armazenagem e o dólar subiu desde que comprei essas garrafas. Sem contar que perco o lucro que eu iria obter com elas”.
O prejuízo ainda não foi calculado. Mas maior preocupação no momento é repor o estoque o mais rapidamente o possível. “Já estou ligando para os fornecedores”, diz. “Mas é época de vindima na Europa, então não é fácil. Alguns fornecedores nem têm mais o vinho.” É o caso do Barolo Oddero, por exemplo, cujas safras 2015 e 2016 já acabaram e a safra 2017 só chega em 2021. “Estou tentando agilizar ao máximo para ver se consigo receber a reposição até o meio de novembro para não perder as vendas de Natal.”
Por sorte, nem todo o estoque estava em Cotia. A Vindame tem outros dois estoques. Um em um armazém na Mooca, com cerca de 6 mil garrafas, e outro na casa onde funcionam a loja e o escritório, com mais o menos a mesma quantidade. As principais preciosidades da importadora que traz vinhos alemães caríssimos não foram perdidas.
O empresário conta que teve um prejuízo de cerca de R$ 150 mil há um ano e meio, devido a uma enchente no galpão da Mooca. Mas que os negócios iam muito bem desde o início do isolamento. “Principalmente por conta das masterclasses online que temos organizado”, diz. “Temos vendido muitos kits para todo o Brasil. Um cliente de Belém, por exemplo, que fazia uma compra uma vez a cada seis meses, agora participa de quase todas as degustações online. É uma grande oportunidade mesmo. Você bebe o vinho, conversa com o produtor.”
Shütte diz que nem a pandemia nem o incêndio irão impedi-lo de organizar a Semana Riesling este ano. O evento, que já virou tradicional no calendário dos enófilos paulistanos, este ano acontecerá online. A data ainda está por ser definida.