Allegra Gucci lançará livro de memórias na próxima semana. (Davide Eaposito/Vanity Fair/Reprodução)
Julia Storch
Publicado em 10 de março de 2022 às 17h18.
Última atualização em 10 de março de 2022 às 17h29.
A história da Gucci ganhou os holofotes no final do ano passado, quando Lady Gaga incorporou o sotaque italiano e os trejeitos de Patrizia Reggiani, ex-mulher e mandante do assassinato de Maurizio Gucci, herdeiro da grife para o filme Casa Gucci. Do casamento entre os dois, nasceram Allegra e Alessandra Gucci, que não se manifestaram sobre o filme nem a história da família. Mas isto até hoje, visto que Allegra lançará um livro de memórias na próxima semana.
Em Fine dei giochi: Luci e ombre sulla mia famiglia (ou Fim dos Jogos: Luzes e sombras sobre minha família, em tradução livre), Allegra trará informações sobre a morte de seu pai, a relação com a mãe e a cobertura do crime na imprensa. À época do crime, em 1995, Allegra tinha 14 anos de idade.
Hoje, aos 41 anos, ela decidiu escrever o livro após a grande exposição causada pelo filme. “Escrevi este livro porque tenho dois filhos pequenos. Vendo o clamor causado pelo filme Casa Gucci, eu não queria que eles crescessem sem saber a verdade”, disse em entrevista à revista Vanity Fair.
Allegra relata, ainda, algumas lembranças que estarão na publicação, como o quando soube do desaparecimento do pai.
“Estou no meu quarto, não dormi bem naquela noite. Minha mãe, Patrizia Reggiani, entra na sala e me diz apressadamente que meu pai está morto. Eu, com 14 anos, me agacho no chão e olho para a janela com vista para a Piazza San Babila. Abaixo, os táxis amarelos e as pessoas continuam se movendo. Mas continuo, como numa bolha, como se a minha vida tivesse parado”.
A herdeira do sobrenome mais famoso da moda comenta ainda sobre a relação com a avó materna que, segundo ela só se interessava pelo dinheiro.
"Confiei cegamente na minha avó Silvana, mas logo percebi que para ela só havia dinheiro e o poder que vem com isso".
Sobre se tem raiva ou guarda rancor de sua mãe, ao contrário do que pensam, Allegra se formou em direito e passou grande parte de sua carreira trabalhando em defesa de Reggiani.
Outros familiares com o sobrenome Gucci ficaram indignados com o filme à época do lançamento. Patrizia, neta de Aldo Gucci, desaprovou completamente a caracterização dos atores como seus familiares. À Associated Press ela disse estar ultrajada com as fotos de Leto, careca, vestindo um terno lilás: “Horríveis, horríveis. Me sinto ofendida”.
A bisneta de Guccio Gucci fez outras críticas ainda além da estética “em nome da família”. “Eles estão roubando a identidade de uma família para ter lucro, para aumentar a renda do sistema de Hollywood... Nossa família tem uma identidade, privacidade. Podemos conversar sobre tudo. Mas há uma fronteira que não pode ser ultrapassada.”
A “viúva negra”, como Reggiani ficou conhecida na época do crime, também ficou insatisfeita com a produção. “Estou bastante incomodada com o fato de Lady Gaga estar me interpretando no novo filme de Ridley Scott sem ter tido a consideração e a sensibilidade para vir me encontrar”, disse à agência de notícias italiana Ansa.
“Não é uma questão econômica. Não vou ganhar um centavo com o filme”, completou. Reggiani está em liberdade desde 2016, após cumprir 17 anos da pena total de reclusão.