Festival de cinema gratuito traz mais de 100 filmes para repensar a vida
Em sua sétima edição, Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, que ocorre em São Paulo, traz seleção que questiona, incomoda e desperta a consciência coletiva
Vanessa Barbosa
Publicado em 31 de maio de 2018 às 07h15.
Última atualização em 31 de maio de 2018 às 07h15.
São Paulo – A saúde do meio ambiente depende de termos consciência de nossas ações e de seus impactos para os ecossistemas e para os seres vivos (incluindo nossos próprios semelhantes). Somos todos parte do mesmo ciclo — ainda que a vida entre concreto nas grandes cidades nos faça esquecer disso.
Para nos lembrar dessa grande responsabilidade, a sétima edição da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, considerado como o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais, traz uma seleção que questiona práticas, incomoda lá fundo e desperta a consciência.
Entre os dias 31/05 e 13/06, serão exibidos 121 filmes, representando 31 diferentes países, em 82 salas de cinema e espaços culturais e educacionais de São Paulo, como Reserva Cultural, Centro Cultural Banco do Brasil, Espaço Itaú Augusta e o Circuito Spcine, entre outros. As exibições são todas gratuitas.
A iniciativa celebra a Semana Nacional do Meio Ambiente e o Dia Mundial do Meio Ambiente (que se comemora no dia 5 de junho). As produções apresentadas na Mostra estão organizadas em seis temas: ‘campo’, ‘cidades’, ‘consumo’, ‘povos & lugares’, ‘preservação’ e ‘trabalho’.
Entre os títulos selecionados, merece destaque “Safári”, sobre a indústria de safáris na África, lançado no Festival de Veneza, e atração da sessão de abertura da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.
Em tempos de crescentes debates sobre os direitos dos animais não humanos, o diretor Ulrich Seidl acompanha ricos turistas alemães e austríacos em suas viagens de férias, caçando animais em safáris no continente africano. Alguns buscam troféus, outros, apenas diversão. Mesmo que toda presa tenha o seu preço, eles sempre buscam uma maneira de legitimar suas próprias ações.
Na mesma linha, o longo “Troféu” investiga a indústria da caça, reprodução e conservação animal. Através da perspectiva de pessoas que dirigem essas indústrias, aborda as consequências da imposição de valores econômicos aos animais. Uma reflexão cada vez mais necessária.
Já “Alforria Animal” acompanha o advogado de direitos dos animais Steven Wise, que há mais de três décadas luta para garantir direitos cidadãos (como liberdade individual) aos animais, algo jamais concedido na história.
Diante da projeção da ONU de que em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos, a temática da preservação também faz um mergulho profundo nos oceanos e as ameaças que os circundam com o longa “Triste Oceano”.
Já sobre a vida no concreto, um destaque é a produção “Os Hedonistas”, do realizador chinês Jia Zhangke, que conta a história de trabalhadores de um parque de diversões e a insegurança econômica do mundo atual.
Já “Água Mole Pedra Dura” revisita a maior crise hídrica da história de São Paulo enquanto faz uma investigação profunda sobre a gestão de recursos hídricos na cidade e discute os fatos com especialistas, moradores, vítimas e ativistas.
Ativismo na floresta
Em homenagem ao seringueiro, ativista e ambientalista Chico Mendes, assassinado há 30 anos, a mostra Ecofalante exibe “Chico Mendes, Eu Quero Viver”, de Adrian Cowell, e “Crianças da Amazônia”, de Denise Zmekhol. Está agendado ainda um debate sobre o legado do ativista pela proteção da floresta com presença de sua filha, Elenira Mendes e da atual vice-presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros Edel Nazaré de Moraes Tenório.
A mostra traz ainda um documentário sobre Berta Cáceres, ativista ambiental e líder indígena hondurenha, assassinada em março de 2016. No anterior, ela havia recebido o Prêmio Goldman, considerado o Nobel do meio ambiente, por sua militância contra a construção de uma represa hidrelétrica no Río Gualcarque.
Com o holofote sobre a Amazônia, o fotógrafo Márcio Isensee e Sá investiga a relação entre o desmatamento da floresta e o avanço de atividades pecuárias no filme “Sob a Pata do Boi”.
A mostra faz ainda uma retrospectiva dedicada a Werner Herzog com algumas de suas obras que retratam o conflito entre a natureza e o homem. Marcam presença desde seus primeiros títulos, como “Hércules” (de 1962) e “Fata Morgana” (de 1971), até os mais recentes, “O Homem-Urso”, “Encontros no Fim do Mundo” e “A Caverna dos Sonhos Esquecidos”.
Responsável pela Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, a organização não governamental sem fins lucrativos Ecofalante tem como objetivo criar e trabalhar em projetos que contribuam para o desenvolvimento sustentável do planeta por meio da educação e da cultura.
Para acessar a programação completa, com dias e horários das exibições e debate, confira o site da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.