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Empreendedor quer criar cultura colaborativa para controle epidemias

A Epitrack, startup fundada pelo biomédico pernambucano Onicio Leal Neto, de 28 anos, é a grande vencedora da etapa brasileira do prêmio The Venture 2016 – competição global promovida pelo Whisky Chivas que se propõe a buscar e apoiar as melhores iiniciativas na área de empreendedorismo social ao redor do mundo

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2015 às 10h00.

A Epitrack, startup fundada pelo biomédico pernambucano Onicio Leal Neto, de 28 anos, é a grande vencedora da etapa brasileira do prêmio The Venture 2016 – competição global promovida pelo Whisky Chivas que se propõe a buscar e apoiar as melhores iiniciativas na área de empreendedorismo social ao redor do mundo. A campeã utiliza a tecnologia para criar mecanismos de controle de surtos e epidemias e foi revelada na noite de 17 de dezembro, durante a festa de premiação, em São Paulo.

Com a vitória, Leal Neto se juntará a outros 27 ganhadores das etapas locais dos países participantes para frequentar a Accelerator Week, semana de treinamento para empreendedores que acontece de 12 a 20 de março de 2016, em Oxford e em Londres, na Inglaterra. Depois, no segundo semestre, ainda frequenta um curso para líderes na Singularity University da NASA, no Vale do Silício, o polo tecnológico da Califórnia.

Ele também já tem vaga garantida na disputa da fase global da premiação, que selecionará cinco finalistas para participar de um evento com transmissão ao vivo. Ali, eles farão a defesa das suas ideias e um júri decidirá como dividir o grande prêmio de 1 milhão de dólares entre o top 5 do empreendedorismo social no mundo. A superfinal será em julho de 2016, em Nova York.

Para chegar até aqui, o mestre em Saúde Pública de 28 anos, que agora cursa o doutorado, foi selecionado entre 143 empreendimentos inscritos. Na reta final da etapa brasileira, enfrentou três concorrentes igualmente fortes: Gustavo Maia, da Colab, plataforma que estimula as pessoas a sugerirem melhorias para sua cidade e a participarem das decisões políticas; Alécio Binotto, da I9Access, iniciativa que leva medicina e exames especializados a quem tem dificuldades de acesso à saúde; e Sérgio de Andrade Coutinho Filho, da Sayyou, empresa dona de uma tecnologia criativa que pode eliminar de vez o uso de agrotóxicos.

"Esses projetos são, sem dúvida, uma boa vitrine de um novo movimento que está acontecendo no Brasil, de líderes que querem mudar o mundo", comemorou na cerimônia de premiação brasileira o psicólogo Lucas Foster, jurado do The Venture e criador do Project Hub, rede para conecta empreendedores sociais com investidores.

Comprovação científica

Leal Neto teve a ideia de criar a Epitrack durante seu mestrado, no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz, em Recife. É que o conceito por trás do empreendimento – a vigilância participativa usando tecnologias digitais – era o objeto de suas pesquisas.

A proposta básica é usar a favor da saúde pública um comportamento cada vez mais comum hoje, o hábito de compartilhar informações pessoais sobre absolutamente tudo nas redes sociais. “Se além de postar fotos do que estão comendo ou impressões sobre o trânsito, as pessoas também compartilharem seu estado de saúde, poderemos, com ajuda de tecnologias digitais, identificar rapidamente a possível ocorrência de surtos e epidemias, preveni-las e combatê-las”, diz o biomédico empreendedor. “Segundo estudos publicados na Nature e em outros periódicos científicos, plataformas de crowdsourcing como a Epitrack conseguem antecipar o aparecimento de alguns surtos ou epidemias em até duas semanas.”

Fundada em 2013 com um sócio, Jones Albuquerque, PhD em computação e um dos orientadores de mestrado de Leal Neto, a Epitrack desenvolve softwares e plataformas mobile que compilam, em tempo real, dados sobre os sintomas que as pessoas apresentam, assim como sua localização geográfica. Se um determinado número de sintomas semelhantes surgem em certo espaço físico ao mesmo tempo, pode ser um indicativo da existência de um surto ou uma epidemia.

Os dados são consolidados pela Epitrack para tornarem-se públicos. Assim, não só os cidadãos comuns podem se prevenir – informando-se mais ou até mesmo evitando estar em locais de risco – como os órgãos responsáveis pela saúde pública têm a chance de atuar rapidamente para evitar que doenças se alastrem.

Futebol e desafios

A empresa do pernambucano ganhou notoriedade com seu primeiro grande projeto, o aplicativo Saúde na Copa. Com o recurso, as pessoas podiam, durante todo o evento, relatar seu estado de saúde diariamente. Quem não estivesse se sentindo bem respondia a um rápido questionário para que sintomas fossem identificados e armazenados. Os dados consolidados, associados à localização dos usuários, ficavam acessíveis para monitoramento pelo Ministério da Saúde e por qualquer interessado.

Em apenas dois meses, o Saúde na Copa atraiu 10 mil usuários e teve mais de 47 mil registros de sintomas. “Foi a primeira plataforma de vigilância participativa utilizada em um evento de massa no mundo”, orgulha-se o empreendedor. O Saúde na Copa foi financiado pela fundação americana Tephinet, ligada ao Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos.

O êxito durante o torneio esportivo chamou a atenção do Skoll Global Threats Fund, fundo americano que identifica e apoia projetos inovadores para o combate de ameaças ao bem-estar social. Resultado: a Epitrack foi convocada a desenvolver a versão 2.0 da plataforma Flunearyou, uma ferramenta digital específica para identificar gripes nos Estados Unidos e no Canadá. O Flunearyou também era resultado de uma pesquisa acadêmica e, na época, precisava ser modernizada. “Hoje, temos tecnologia nossa rodando nos Estados Unidos e no Canadá”, diz o brasileiro.

Agora a Epitrack se prepara para lançar o Guardiões da Saúde, aplicativo de funcionamento semelhante ao da Copa, mas para uso constante, não limitado a um evento ou um período. A empresa também está estudando uma parceria com um laboratório privado para mapear até surtos de alguns tipos de câncer. Além disso, ele pretende aumentar a equipe de 12 pessoas, para ter fôlego para desenvolver novidades sempre. Um prêmio em dinheiro, portanto, é mais que bem-vindo. “Nosso objetivo maior é ajudar a criar uma cultura colaborativa para que todos tenham mais saúde e qualidade de vida.”

Saiba mais sobre o projeto em  www.theventure.com

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