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Em SP, barbearia que sobreviveu à Gripe Espanhola reabre

Fiori abriu suas portas há nada menos que 103 anos e a primeira pandemia que entrou em sua história foi a Gripe Espanhola

Barbearia: Barbearia Fiori, no Ipiranga, em São Paulo, voltou a abrir as portas para valer na segunda-feira (Mike Harrington/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de julho de 2020 às 11h06.

Última atualização em 7 de julho de 2020 às 11h08.

A Barbearia Fiori, no Ipiranga, em São Paulo, voltou a abrir as portas para valer na segunda-feira, 6. Das quatro cadeiras para os clientes, apenas duas estavam funcionando, uma em cada extremidade do pequeno salão. Na espera, dentro do local, só podiam ficar no máximo três pessoas, para respeitar o distanciamento.

Os dois funcionários e o proprietário usavam máscaras. A movimentação ainda não era intensa, mas satisfatória, segundo o dono, Caíque Rodrigues Silva, de 22 anos. "Hoje estamos demorando mais tempo para limpar a cadeira, o espelho, higienizar a bancada e todo o material do que para atender", avisou.

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O local ficou de portas fechadas nos dois primeiros meses da pandemia. Depois, Caíque começou a fazer atendimento na casa dos clientes. Não funcionou. Optou então por fazer agendamento prévio por telefone. Entrava um por vez e as portas ficavam fechadas. Também não deu certo. Fiscais da vigilância sanitária flagraram um cliente saindo.

"Foi um problema, mandaram sair todos os que estavam dentro e trancamos a porta. Não tinha o que fazer. A gente não faturava quase nada. Era só para tentar manter um capital mínimo." Sua expectativa é que o faturamento, neste início de reabertura, seja 50% menor do que antes da pandemia. Para isso, conta com a tradição do lugar.

E tradição é que não falta. A Fiori abriu suas portas há nada menos que 103 anos, naquele mesmo ponto da Rua Silva Bueno - e a primeira pandemia que entrou em sua história foi a Gripe Espanhola, nos idos de 1918 a 1920. Desse tempo vem o seu nome: o proprietário, na época, era um italiano chamado Fiori. Seu filho, com o mesmo nome, seguiu adiante com o negócio.

Adílson Rodrigues Silva, pai de Caíque, trabalhava no salão e construiu uma relação de amizade com os italianos. Há 30 anos tornou-se o dono. A proximidade o ajudou, agora, na negociação do aluguel. "A filha do segundo Fiori é a dona do terreno e conseguimos melhores condições de pagamento", explica Caíque.

Até o final do ano, ele espera que o salão volte a receber os cerca de 40 clientes por dia para assim superar mais essa crise. "Aos poucos, mais gente vai descobrir que estamos aberto e vai melhorar. É o que esperamos."

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