China censura denúncias do #MeToo de tenista contra alto dirigente
A tenista de 35 anos acusou o ex-vice-premier Zhang Gaoli, um dos homens mais poderosos da China entre 2013 e 2018, de tê-la "forçado" a fazer sexo e depois a manter uma relação durante anos
AFP
Publicado em 4 de novembro de 2021 às 11h32.
Os censores da internet na China bloquearam nesta quinta-feira (4) todas as referências a uma mensagem atribuída à tenista Peng Shuai, que acusa um ex-vice-primeiro-ministro comunista de forçá-la a manter relações sexuais.
A explosiva acusação da tenista, ex-líder do ranking mundial de duplas e campeã em Roland Garros nesta categoria, foi rapidamente eliminada de sua conta oficial na rede social Weibo.
De acordo com capturas de tela que circulam na internet, a tenista de 35 anos acusou o ex-vice-premier Zhang Gaoli, um dos homens mais poderosos da China entre 2013 e 2018, de tê-la "forçado" a fazer sexo e depois a manter uma relação durante anos.
A publicação desapareceu rapidamente e a AFP não conseguiu comprovar a veracidade nem a autenticidade das capturas de tela. Os dados do Weibo indicam que Peng publicou algo na terça-feira em sua conta e a mensagem teve mais de 100.000 visualizações.
Desde então não foram registradas mais declarações da atleta nem uma resposta pública de Zhang, considerado um político próximo ao atual primeiro-ministro Li Keqiang.
A censura bloqueou qualquer menção ao tema e as ferramentas de busca na China não mostram resultados para os nomes Peng e Zhang.
Na longa mensagem exibida nas capturas de tela, Peng afirma que estava "muito assustada". "A princípio, rejeitei e continuei chorando".
Além disso, o texto afirma que os dois tiveram um relacionamento até que recentemente o político parou manter o contato com ela. A tenista supostamente afirma não ter provas, mas acrescenta que a esposa de Zhang sabia.
"Mesmo que não seja mais do que jogar um ovo contra uma parede, eu - cortejando o desastre como uma mariposa atraída por uma chama - explicarei os fatos sobre o que aconteceu", Peng supostamente escreveu na mensagem.
A China viu um incipiente movimento #MeToo em 2018, com denúncias que envolveram figuras públicas. Mas até agora nenhum escândalo havia afetado personalidades políticas de tanto destaque.