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Atleta bielorrussa ouviu da avó: 'não volte para Belarus, não é seguro'

"Sempre estive longe da política, não assinei nenhuma carta, não fui a nenhum protesto, não disse nada contra o governo bielorrusso", declarou Krystsina Tsimanouskaya

A velocista de Belarus, Krystsina Tsimanouskaya. (Darek Golik/Reuters)
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Reuters

Publicado em 5 de agosto de 2021 às 11h56.

Última atualização em 5 de agosto de 2021 às 11h56.

A velocista olímpica Krystsina Tsimanouskaya decidiu desertar quando estava sendo levada a um aeroporto de Tóquio porque sua avó lhe disse que não era seguro voltar para casa em Belarus.

Em entrevista exclusiva à Reuters em Varsóvia nesta quinta-feira, ela afirmou que sua família temia que ela fosse enviada para uma ala psiquiátrica se voltasse para Belarus, e que sua avó ligou para dizer que não retornasse.

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"Sempre estive longe da política, não assinei nenhuma carta, não fui a nenhum protesto, não disse nada contra o governo bielorrusso", declarou ela.

"Eu sou esportista e não entendia nada da vida política. Tento não fazer nada além de um esporte na minha vida e tento o meu melhor para não me distrair com a política."

"Pode parecer cruel por causa de todas as coisas terríveis que aconteceram em Belarus no verão passado, mas eu estava tentando me manter longe disso, mas tudo que eu queria era ir para a Olimpíada e fazer o meu melhor", disse ela, referindo-se aos protestos no ano passado, contra o presidente Alexander Lukashenko, que levou a uma repressão policial.

"Eu queria estar na final e lutar por medalhas."

A atleta de 24 anos causou furor no domingo, quando disse que os treinadores, irritados com suas críticas, a ordenaram que voasse de Tóquio para casa. Depois de buscar proteção da polícia japonesa, ela voou na quarta-feira para a Polônia, em vez de ir para Belarus.

A Polônia, que há muito critica o regime autoritário de Lukashenko e abriga muitos ativistas de Belarus, concedeu a Tsimanouskaya e a seu marido vistos humanitários. Mas sua avó continua em casa.

"A avó me ligou quando já estavam me levando para o aeroporto", afirmou a atleta. "Literalmente, eu tive uns 10 segundos. Ela me ligou, tudo o que ela me disse foi: 'Por favor, não volte para Belarus, não é seguro'."

"É isso, ela desligou", disse. "Gostaria de regressar à Belarus. Amo o meu país. Não o traí e espero poder regressar."

A saga de Tsimanouskaya, que lembra as deserções esportivas da Guerra Fria, ameaça isolar ainda mais Lukashenko, que está sob sanções ocidentais após uma repressão aos opositores desde o ano passado.

A velocista, que criticou a negligência dos treinadores de sua equipe, passou duas noites na embaixada da Polônia no Japão antes de voar para Viena e depois Varsóvia na quarta-feira.

O Comitê Olímpico Nacional de Belarus disse que os técnicos retiraram Tsimanouskaya dos Jogos a conselho dos médicos sobre seu estado emocional e psicológico. A entidade não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários adicionais na quinta-feira.

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