As Sessões traz aventura íntima de homem virgem aos 38 anos
Apesar de problemas de saúde, o protagonista do filme consegue ser espirituoso e divertido
Da Redação
Publicado em 14 de fevereiro de 2013 às 15h43.
São Paulo - A virgindade aos 38 anos é um tremendo problema para Mark O'Brien (John Hawkes), como seria para qualquer outro homem no mundo. Mas para Mark há um enorme complicador adicional. Vítima de poliomielite aos 6 anos, ele vive com pouquíssima mobilidade, atrelado quase as 24 horas do dia a um pulmão de aço que garante sua sobrevivência.
A descoberta de uma terapeuta sexual, Cheryl (Helen Hunt), abre uma perspectiva de vida nova para Mark. Esta delicada aventura íntima de um homem extraordinário está no centro da comédia dramática "As Sessões", do diretor polonês radicado nos Estados Unidos Ben Lewin. O filme recebeu uma indicação ao Oscar , como melhor atriz coadjuvante para a já premiada Helen Hunt.
Esquivando-se de muitas armadilhas em que o enredo, adaptado pelo mesmo Lewin de um relato publicado pelo verdadeiro Mark O'Brien, poderia derrapar, especialmente no plano melodramático, o filme é surpreendente de várias maneiras. A primeira, certamente, é não ter um protagonista convencional e que, numa situação absurdamente limitante, consegue ser espirituoso e divertido.
Num papel que o obriga a ficar permanentemente deitado, John Hawkes (indicado ao Oscar 2011 por "Inverno da Alma") supera-se no uso do rosto e da voz, materializando a figura de um homem sensível e que faz o máximo uso de sua inteligência.
Inclusive, cursando a universidade e escrevendo artigos para a imprensa, mediante o uso de uma pequena vareta e um teclado, para o que ele deve usar sua boca, já que não pode movimentar-se sem ajuda.
Nessas condições, Mark torna-se um dos clientes mais desafiadores para a terapeuta sexual Cheryl Cohen (Helen Hunt), igualmente baseada numa personagem verídica.
Sua atuação profissional é um tanto peculiar: ela não realiza sessões de fala e sim participa diretamente de exercícios corporais e, inclusive, sexo com o cliente. Ainda que o tratamento, para evitar mal-entendidos e envolvimento, tenha seu número de sessões rigorosamente limitadas.
O clima alto-astral é mantido pela opção de humanizar completamente seus dois protagonistas -com direito a incluir as dúvidas pessoais da própria Cheryl-, fornecendo uma visão não-piedosa do universo das pessoas deficientes e não-moralista do sexo em geral.
Outra ajuda providencial chega pelas intervenções de um coadjuvante na história, o padre Brendan (William H. Macy). No papel do confessor de Mark, o religioso despreza as ortodoxias da doutrina, transformando-se num incentivador de uma experiência vital para o outro, ainda que a Igreja a considere, a rigor, um pecado mortal.
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
São Paulo - A virgindade aos 38 anos é um tremendo problema para Mark O'Brien (John Hawkes), como seria para qualquer outro homem no mundo. Mas para Mark há um enorme complicador adicional. Vítima de poliomielite aos 6 anos, ele vive com pouquíssima mobilidade, atrelado quase as 24 horas do dia a um pulmão de aço que garante sua sobrevivência.
A descoberta de uma terapeuta sexual, Cheryl (Helen Hunt), abre uma perspectiva de vida nova para Mark. Esta delicada aventura íntima de um homem extraordinário está no centro da comédia dramática "As Sessões", do diretor polonês radicado nos Estados Unidos Ben Lewin. O filme recebeu uma indicação ao Oscar , como melhor atriz coadjuvante para a já premiada Helen Hunt.
Esquivando-se de muitas armadilhas em que o enredo, adaptado pelo mesmo Lewin de um relato publicado pelo verdadeiro Mark O'Brien, poderia derrapar, especialmente no plano melodramático, o filme é surpreendente de várias maneiras. A primeira, certamente, é não ter um protagonista convencional e que, numa situação absurdamente limitante, consegue ser espirituoso e divertido.
Num papel que o obriga a ficar permanentemente deitado, John Hawkes (indicado ao Oscar 2011 por "Inverno da Alma") supera-se no uso do rosto e da voz, materializando a figura de um homem sensível e que faz o máximo uso de sua inteligência.
Inclusive, cursando a universidade e escrevendo artigos para a imprensa, mediante o uso de uma pequena vareta e um teclado, para o que ele deve usar sua boca, já que não pode movimentar-se sem ajuda.
Nessas condições, Mark torna-se um dos clientes mais desafiadores para a terapeuta sexual Cheryl Cohen (Helen Hunt), igualmente baseada numa personagem verídica.
Sua atuação profissional é um tanto peculiar: ela não realiza sessões de fala e sim participa diretamente de exercícios corporais e, inclusive, sexo com o cliente. Ainda que o tratamento, para evitar mal-entendidos e envolvimento, tenha seu número de sessões rigorosamente limitadas.
O clima alto-astral é mantido pela opção de humanizar completamente seus dois protagonistas -com direito a incluir as dúvidas pessoais da própria Cheryl-, fornecendo uma visão não-piedosa do universo das pessoas deficientes e não-moralista do sexo em geral.
Outra ajuda providencial chega pelas intervenções de um coadjuvante na história, o padre Brendan (William H. Macy). No papel do confessor de Mark, o religioso despreza as ortodoxias da doutrina, transformando-se num incentivador de uma experiência vital para o outro, ainda que a Igreja a considere, a rigor, um pecado mortal.
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