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Aretha Duarte quer ser a primeira brasileira negra a conquistar Everest

Até o momento, 25 atletas do país chegaram ao topo da montanha, sendo 5 mulheres e nenhum negro

Aretha Duarte: brasileira quer chegar ao topo do Everest (Arquivo Pessoal/Agência Brasil)
AB

Agência Brasil

Publicado em 22 de agosto de 2020 às 09h37.

Última atualização em 22 de agosto de 2020 às 09h56.

A alpinista Aretha Duarte planeja chegar ao topo do mundo em abril de 2021. Pode ser uma metáfora, e de certa forma é. Mas uma metáfora que representa bem o desafio da educadora física natural de Campinas (interior de São Paulo). Aretha planeja escalar o Monte Everest pelo lado nepalês. A montanha é a mais alta do mundo, com 8.848 metros de altura.

“O desafio é gigante, mas me sinto super preparada. Desde janeiro de 2012 visito altas montanhas pelo menos uma vez por ano. Já estive 5 vezes no Monte Aconcágua [montanha mais alta fora da Ásia, localizada nos Andes, na Argentina, com altitude de 6.962 metros], atingindo o cume quatro vezes”, diz Aretha à Agência Brasil.

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Mesmo não sendo o objetivo inicial da alpinista, concluindo a missão ela escreverá outro capítulo na história do esporte: será a primeira brasileira negra a chegar ao topo do mundo. Até o momento, 25 atletas do país tiveram sucesso, sendo 5 mulheres e nenhum negro . “Não era meu objetivo inicial. Esse conceito ganhou força à medida que divulgava o projeto. Caiu a ficha de que poderia servir como inspiração para muitas pessoas. Independentemente das dificuldades, o importante é correr atrás. Sinto que esse projeto não é mais um objetivo pessoal. É uma realização coletiva de várias pessoas que estão comigo nessa luta”, declara.

Na parte técnica, a atleta ressalta os pontos a serem observados para concluir a missão de uma forma segura: “Excelente condicionamento físico. Experiência de escalada em rocha e em gelo. Bom volume de experiências em alta montanha. Já ter escalado uma montanha de pelo menos 7 mil metros. Isso tudo já alcancei ao longo desses quase nove anos de experiência”.

Porém, ela recorda de outro obstáculo a ser superado para concluir a prova, a parte financeira. Aí entra um detalhe bem inusitado da história. Segundo a escaladora, o valor terrestre da expedição é de US$ 43 mil, sem contar equipamentos, voo e seguro específico para essa atividade. Para completar o pacote, ela precisa de aproximadamente US$ 70 mil. Aí surgiu a ideia de trabalhar com material reciclado: “Tenho renda da minha atividade profissional como consultora e guia de montanhismo. Mas decidi juntar, selecionar e revender esse material. Está tão forte na minha cabeça a intenção de concluir esse objetivo, que agora não é mais uma luta pessoal. Mirei o cume do Everest e estou conseguindo alcançar muitas outras coisas. Entendo que o mundo passa por uma crise econômica por causa da pandemia [coronavírus] e não me senti no direito de pedir dinheiro para ninguém, nem que fizesse rifa ou algo do tipo. O objetivo é juntar lixo e sucata da minha casa, bairro, de amigos. É um trabalho de formiguinha”.

Experiência nas alturas

Não vai ser a primeira vez da brasileira no Everest. Ela já esteve no campo base da montanha em 2013, a mais de 5 mil metros de altura. “Em dezembro do ano passado, vendo fotos de expedições no Nepal, vi o Vale do Silêncio, que está 6.400 metros de altura. Achei impressionante e me arrepiei. Achei lindo, e naquele momento quis estar lá, e aí surgiu a vontade de um dia ir”, afirma Aretha.

Em março do ano atual Aretha acompanharia um grupo em visita ao local. “Viajaríamos no dia 14, eu e outras quatro pessoas. Porém, um dia antes as fronteiras do Nepal foram fechadas. Compreendi a questão, por conta da pandemia do novo coronavírus (covid-19), mas nesse dia refleti e pensei: a próxima oportunidade será para escalar o topo do Everest”, completa.

Após conhecer o esporte aos 20 anos, a alpinista já escalou montanhas em sete países, experiência que marcou sua vida: “Fiquei extremamente apaixonada, pensando: como nunca tinha ouvido falar neste tipo de esporte antes? Moro na periferia de Campinas, e por aqui é comum conhecermos, no máximo, os esportes coletivos. Praticava futebol, mas escalada, montanhismo, nunca tinha tido acesso”.

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