Monica Lewinsky: ex-estagiária da Casa Branca e ex-affair de Bill Clinton participa da produção da série (Getty Images/Getty Images)
EFE
Publicado em 9 de agosto de 2019 às 15h02.
Última atualização em 9 de agosto de 2019 às 15h03.
Washington — Mais de duas décadas depois do escândalo que desencadeou o julgamento político do então presidente Bill Clinton, a ex-estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky decidiu reavivar o caso que marcou a sua vida ao participar da produção de uma série de televisão sobre o famoso adultério.
O canal "FX" anunciou que a terceira temporada da premiada série "American Crime Story", vencedora de vários Emmy, terá como tema a relação sexual entre Lewinsky e Clinton e será intitulada "Impeachment: American Crime Story".
A grande novidade é que a própria Lewinsky, como parte da equipe de produção, poderá ter certo controle sobre o relato da história.
No elenco anunciado, Beanie Feldstein fará o papel da ex-estagiária e Sarah Paulson interpretará Linda Tripp, que fora amiga íntima da jovem e terminou traindo-a ao trazer à tona a relação oculta com Clinton. Annaleigh Ashford fará o papel de Paula Jones, que processou o ex-presidente por assédio sexual.
Ainda não foram anunciados os artistas que farão os outros papéis de destaque, como o do ex-presidente e o da sua esposa, Hillary. O roteiro foi inspirado no livro de Jeffrey Toobin "A Vast Conspiracy: The Real Story of the Sex Scandal That Nearly Brought Down a President".
"American Crime Story se tornou um fenômeno cultural ao dar um contexto mais amplo para histórias que merecem uma compreensão mais profunda", afirmou em comunicado o presidente da "FX", John Landgraf.
"A série reexamina algumas das situações mais complicadas e polarizantes da história recente de uma maneira relevante, matizada e interessante", acrescentou o diretor, que afirmou que "Impeachment" enfocará as mulheres que foram envolvidas no escândalo e a guerra política que colocou uma grande sombra sobre a presidência de Clinton.
De fato, não foi exatamente a relação adúltera com Lewinsky o que causou o processo político do então presidente no Congresso, mas o fato de que Clinton mentiu, sob juramento, nas suas declarações aos investigadores sobre o caso.
O caso entre o democrata e a estagiária começou em 1995, quando Lewinsky, então com 22 anos, chegou à Casa Branca como estagiária e conheceu Clinton, que tinha 49. A relação continuou até 1997.
Lewinsky confiou os seus segredos a Tripp, com quem trabalhava no Departamento de Defesa e que, secretamente, gravou as conversas telefônicas com a moça e repassou o material ao ex-promotor independente Kenneth Starr, que investigava Clinton por outros assuntos. Foi durante essa investigação que o então presidente cometeu o perjúrio.
Em julho de 1998, os advogados de Lewinsky e Starr chegaram a um acordo de imunidade sob o qual a jovem depôs sobre a relação com Clinton, mas foi obrigada a não falar do caso por um período determinado.
Toda a turbulência política e os detalhes escandalosos deixaram a jovem como uma mulher marcada e humilhada, perseguida pelos paparazzi, tema recorrente para os comediantes e assunto para comentários da imprensa sensacionalista. Em entrevista à revista "Vanity Fair", disse que inicialmente teve dúvidas e estava um pouco assustada de assinar o contrato para a série.
"Mas, depois de um longo jantar e uma conversa com Ryan (Murphy, o produtor), entendi mais claramente o quão dedicado ele está para dar uma voz aos marginalizados em todo o seu trabalho", justificou a ex-estagiária, que se tornou ativista anti-bullying e vê a chance de sua versão dos fatos ganhar destaque.
"Há gente que se apropriou e contou a minha parte desta história durante décadas. De fato, apenas nos últimos anos eu pude reivindicar plenamente a minha história, quase 20 anos mais tarde", afirmou.
Em 2006, aos 33 anos, Lewinsky concluiu mestrado em psicologia social da Escola de Economia de Londres com a tese "Em busca de um júri imparcial: uma prospecção do efeito de terceiras pessoas e da publicidade antes de um julgamento".
"A oportunidade de produzir a série permite que as pessoas como eu, que foram historicamente silenciadas, finalmente recoloquem a sua voz na conversa", destacou.