Com influência de Paul, Sgt. Peppers faz 45 anos
Disco que mudou de uma vez por todas a carreira dos Beatles não teria o mesmo impacto se não fosse pela participação decisiva de Paul McCartney
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2012 às 12h20.
São Paulo - “Então, de repente, eu tenho essa ideia no avião. Não vamos ser nós mesmos. Vamos desenvolver alter egos de modo que não teremos que projetar uma imagem conhecida. Seria muito mais livre. O que seria realmente interessante seria assumir as personas desta banda”. Paul McCartney voltava para a Inglaterra no dia 19 de novembro de 1966 após uma semana de férias no Quênia ao lado da namorada Jane Asher. Surgiam os preceitos para dar vida ao álbum Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band, lançado no dia 1º de junho de 1967, há exatos 45 anos.
Por trás da explorada visão de mistura entre a “alta” e a “baixa” cultura, do rock com sopros e cordas, da psicodelia e a inegável influência sobre a produção artística dos pares na época e em boa parte do que veio na sequência, é com o oitavo disco de estúdio que o baixista começa a tirar a cabeça do casco definitivamente.
Ainda que Yesterday tivesse varrido o mundo em um sucesso estrondoso, John, o fundador dos Quarrymen, banda que originaria os Beatles, nunca teve tato para lidar com disputas de egos. Se autoproclamou o líder dos Fab Four e ponto final. A banda era dele. Mas nunca foi segredo para ninguém que Paul sempre quis mais que os suspiros das fãs.
Exceções feitas a Being for the Benefit of Mr. Kite!, Lucy in the Sky with Diamonds, Good Morning Good Morning e Within You Without You, Paul comanda o disco. Mesmo a lindíssima A Day In The Life, onde um lisérgico Lennon monta um cenário quase apocalíptico e relata a morte de Tara Browne, herdeiro da cervejaria Guiness, conta com a intervenção precisa do mentor intelectual do disco. With A Little Help From My Friends, tema dado como presente para Ringo, surge de outra parceria Lennon-McCartney.
Nas cerca de 700 horas de gravação e 129 dias internados em estúdio, Macca produziu um pouco de tudo. A coisa vai de Getting Better e Lovely Rita – as mais próximas de um single beatle convencional – até Fixing a Hole – canção moldada para uma fanfarra que ganhou uma guitarra mais que estridente. Na outra ponta, os intrincados arranjos de cordas de She’s Leaving Home e a jazzística When I’m Sixty-Four, com direito a acompanhamento de clarinete.
Claro, nessas duas últimas é impossível deixar de lado a importância de George Martin, produtor e quinto beatle por excelência. Em uma conta rápida, das 13 canções prensadas no disco original (que você pode ouvir abaixo), pelo menos oito tiveram participação decisiva de Paul.
A coisa vai além da música também. Até a lendária capa do disco, transformada em realidade pelo artista plástico Peter Blake, diz a lenda, foi inspirada em uma imagem de uma antiga banda de Jim McCartney, pai do baixista mais famoso de Liverpool. O bigode que “sujou” o rosto do quarteto pela primeira vez veio como subterfúgio para esconder uma cicatriz causada em um acidente de moto.
Solidários, os companheiros de banda aderiram ao visual tão duvidoso quanto revolucionário. Mas uma obra do tamanho de Sgt Peppers é isso: ultrapassa sua época, seus compositores e se torna um legado vivo, imortal. E já que o estalo na cabeça do músico surgido dentro do avião era encarnar uma banda inexistente e fugir dos estereótipos que cercavam a maior banda do planeta, nada mais justo que dizer que Sir McCartney é o verdadeiro Sargento Pimenta.
Não há dúvida de que ele contou com uma ajuda e tanto dos amigos. A começar pelo privilégio de ter ao seu lado ninguém menos que George Harrison, Ringo Starr e John Lennon fazendo as vezes de Banda de Coração Solitário. E por tudo isso, só poderia dar no que deu.
São Paulo - “Então, de repente, eu tenho essa ideia no avião. Não vamos ser nós mesmos. Vamos desenvolver alter egos de modo que não teremos que projetar uma imagem conhecida. Seria muito mais livre. O que seria realmente interessante seria assumir as personas desta banda”. Paul McCartney voltava para a Inglaterra no dia 19 de novembro de 1966 após uma semana de férias no Quênia ao lado da namorada Jane Asher. Surgiam os preceitos para dar vida ao álbum Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band, lançado no dia 1º de junho de 1967, há exatos 45 anos.
Por trás da explorada visão de mistura entre a “alta” e a “baixa” cultura, do rock com sopros e cordas, da psicodelia e a inegável influência sobre a produção artística dos pares na época e em boa parte do que veio na sequência, é com o oitavo disco de estúdio que o baixista começa a tirar a cabeça do casco definitivamente.
Ainda que Yesterday tivesse varrido o mundo em um sucesso estrondoso, John, o fundador dos Quarrymen, banda que originaria os Beatles, nunca teve tato para lidar com disputas de egos. Se autoproclamou o líder dos Fab Four e ponto final. A banda era dele. Mas nunca foi segredo para ninguém que Paul sempre quis mais que os suspiros das fãs.
Exceções feitas a Being for the Benefit of Mr. Kite!, Lucy in the Sky with Diamonds, Good Morning Good Morning e Within You Without You, Paul comanda o disco. Mesmo a lindíssima A Day In The Life, onde um lisérgico Lennon monta um cenário quase apocalíptico e relata a morte de Tara Browne, herdeiro da cervejaria Guiness, conta com a intervenção precisa do mentor intelectual do disco. With A Little Help From My Friends, tema dado como presente para Ringo, surge de outra parceria Lennon-McCartney.
Nas cerca de 700 horas de gravação e 129 dias internados em estúdio, Macca produziu um pouco de tudo. A coisa vai de Getting Better e Lovely Rita – as mais próximas de um single beatle convencional – até Fixing a Hole – canção moldada para uma fanfarra que ganhou uma guitarra mais que estridente. Na outra ponta, os intrincados arranjos de cordas de She’s Leaving Home e a jazzística When I’m Sixty-Four, com direito a acompanhamento de clarinete.
Claro, nessas duas últimas é impossível deixar de lado a importância de George Martin, produtor e quinto beatle por excelência. Em uma conta rápida, das 13 canções prensadas no disco original (que você pode ouvir abaixo), pelo menos oito tiveram participação decisiva de Paul.
A coisa vai além da música também. Até a lendária capa do disco, transformada em realidade pelo artista plástico Peter Blake, diz a lenda, foi inspirada em uma imagem de uma antiga banda de Jim McCartney, pai do baixista mais famoso de Liverpool. O bigode que “sujou” o rosto do quarteto pela primeira vez veio como subterfúgio para esconder uma cicatriz causada em um acidente de moto.
Solidários, os companheiros de banda aderiram ao visual tão duvidoso quanto revolucionário. Mas uma obra do tamanho de Sgt Peppers é isso: ultrapassa sua época, seus compositores e se torna um legado vivo, imortal. E já que o estalo na cabeça do músico surgido dentro do avião era encarnar uma banda inexistente e fugir dos estereótipos que cercavam a maior banda do planeta, nada mais justo que dizer que Sir McCartney é o verdadeiro Sargento Pimenta.
Não há dúvida de que ele contou com uma ajuda e tanto dos amigos. A começar pelo privilégio de ter ao seu lado ninguém menos que George Harrison, Ringo Starr e John Lennon fazendo as vezes de Banda de Coração Solitário. E por tudo isso, só poderia dar no que deu.