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A Argentina está mais cara para o turista brasileiro? Ainda vale a pena viajar?

Mudanças na taxa de câmbio fizeram o dólar passar de pouco mais de 400 pesos, no fim do governo de Alberto Fernández, para 800 pesos

Casa Rosada: um dos pontos mais visitados de Buenos Aires. (Elijah-Lovkoff/Getty Images)
Gilson Garrett Jr.

Repórter de Lifestyle

Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 15h23.

Última atualização em 10 de janeiro de 2024 às 09h47.

Desde que assumiu a presidência da Argentina, em dezembro, Javier Milei implementou diversas medidas que impactaram diretamente na economia. Uma das mais significativas foi a desvalorização do peso em relação ao dólar, que chegou a 55%. A moeda americana, que valia um pouco mais de 400 pesos no fim do governo de Alberto Fernández, passou para 800 pesos. O real vale 166 pesos, ante 74 pesos antes da mudança.

O valor já era esperado porque corrigiu uma distorção que existia entre o preço oficial e o paralelo de câmbio, pago pelo turista. O governo de Milei também anunciou a retirada de uma série de subsídios, aumentando os preços de produtos e até do transporte público. Mas afinal? A Argentina está mais cara para os turistas brasileiros?

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A avaliação de economistas ouvidos por EXAME Casual é de que sim, a Argentina deve ficar mais cara para os turistas, mas não a ponto de deixar a viagem inviável, mas isso será de forma gradual. Isso porque em relação ao câmbio, a cotação que geralmente os brasileiros usavam já era a paralela, chamada de dólar Blue.

"O brasileiro já usa nas viagens o dólar Blue, e a cotação não teve grande alteração. Mas isso é circunstancial, a partir das próximas semanas precisamos ficar atentos para maiores mudanças", avalia o professor de economia da FGV Rio de Janeiro, Mauro Rochlin.

A dica para usar o dinheiro vivo ainda permanece, ou com cartões de débito em que a transação é feita em dólar. Tambémé preciso fugir do cartão de crédito, uma vez que a volatilidade da taxa de câmbio é muito alta.

Preços

O que ficará mais caro é o consumo, com o fim de subsídio sobre gás, energia e transporte público, além dos alimentos. Com essas mudanças, os custos de restaurantes, por exemplo, ficarão mais altos e eles devem repassar o preço aos consumidores. O mesmo vai ocorrer com as tarifas de metrô e ônibus, que vão subir de forma gradual, como já anunciou o governo argentino.

Ainda não saíram os números finais, mas a inflação no país em 2023 deve ficar em 200%, outro fator que impacta na constante mudança nos preços, como lembra Caio Silva, coordenador do curso de Negócios Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Ele também diz que não houve uma mudança da noite para o dia nos preços dos produtos e serviços. Isso será visto mais para frente, em algumas semanas.

"Não existe mais aquela Argentina em que os brasileiros viviam como reis. A mudança na taxa de câmbio e a inflação levam a um aumento no custo de vida da população. A gente esquece disso, mas o agente de turismo compra arroz, feijão, gasolina. Se a vida dele ficar mais cara, vai precisar reajustar o preço dos serviços para os turistas", explica Caio Silva, que passou o Réveillon na Argentina e viu de perto as mudanças por lá.

Nos vinhos, boa parte dos preços já foi reajustada nos últimos anos. Há uma expectativa de que a alteração dos preços seja menor. "Há quatro anos podíamos exportar uma caixa de vinho por 22 dólares, hoje esse preço é de 40 dólares", diz Susana Balbo, o nome mais famoso e renomado na indústria do vinho na Argentina. Seus vinhos chegam ao Brasil pela importadora Cantu.

Apesar do câmbio mais caro e aumento de preços, ainda vale ir para a Argentina porque o real permanece como moeda forte frente ao peso, o que faz aumentar o poder de compra dos brasileiros. "Viagens sempre compensam. O que precisamos ficar atento é que no curto prazo os preços na Argentina vão continuar aumentando", diz Caio Silva.

Ponta oposta: argentinos no Brasil

Até novembro de 2023, último dado disponível no painel de chegadas da Embratur, mais de 5,2 milhões de visitantes estrangeiros desembarcaram no Brasil. Esse foi o melhor resultado nos últimos três anos para o setor. O mês de novembro registrou a segunda maior chegada de turistas internacionais da história - com 504.395 visitantes - perdendo apenas para o 11º mês de 2015.

Um levantamento da Embratur mostra que de janeiro até o fim de dezembro de 2023, o Brasil recebeu um total de 2 milhões de turistas argentinos, mais que o total que vieram ao Brasil em 2019, ano pré-pandemia de Covid-19, que registrou 1,9 milhões de hermanos. Esse número também é mais que a metade do total de turistas internacionais que visitaram o país em 2022, que foi de 3,6 milhões.

(Com Agência Brasil)

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