USP espera ter 38% de alunos vindos de escola pública
Em 2015, a USP quer aumentar a aproximação com as escolas públicas. A ideia é retomar a visita às escolas e esclarecer o que é a USP
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 16h13.
Apesar da queda de 32% no número de inscritos de escola pública na Fuvest 2015, a Universidade de São Paulo (USP) mantém suas expectativas de inclusão para esta edição do vestibular. A instituição espera ter até 38% de alunos matriculados vindos da rede pública, como previsto pela Pró-Reitoria de Graduação em junho. O recuo no total de inscritos foi de 17,5%.
Neste ano, 32,3% dos calouros da USP vieram de colégios públicos. Para aumentar essa proporção, a principal aposta da reitoria é a mudança no cálculo do bônus dado aos candidatos da rede pública na Fuvest, cuja primeira fase foi realizada neste domingo, 30. Antes a nota dependia do número de questões acertadas pelo aluno.
A partir deste ano, os candidatos de escola pública e negros, pardos e indígenas só precisarão acertar o patamar mínimo de 30% da prova para obter o benefício. Os bônus variam entre 12% e 25% sobre o desempenho no vestibular.
Para a Pró-Reitoria de Graduação, uma série de fatores influenciou a queda de inscritos de escola pública. Alguns deles são a greve de professores e funcionários, entre maio e setembro, e o aumento do interesse dos alunos pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Planos
Em 2015, a USP quer aumentar a aproximação com as escolas públicas. "A ideia é retomar a visita às escolas e esclarecer o que é a USP, seus cursos e os programas da política de permanência e formação estudantil da universidade", explicou o pró-reitor de Graduação, Antônio Carlos Hernandes ao jornal O Estado de S. Paulo. "Temos que procurar eliminar a falta de conhecimento dos alunos em relação à USP", disse.
A instituição também já iniciou estudos sobre alternativas à Fuvest para entrada na USP, como o uso da nota do Enem. Segundo Hernandes, essa possibilidade deve atrair outros perfis de vestibulandos. "Criou-se uma imagem, ao longo de décadas, de que o exame de ingresso realizado pela Fuvest é muito difícil", avalia. Se aprovadas, as alterações já valerão para a próxima edição do processo seletivo.
"A mudança é necessária, porque a USP tem interesse em ter os melhores talentos da escola pública em seus cursos de graduação", garante Hernandes. "Minha experiência em projetos de divulgação científica, por todo o Estado de São Paulo, me dá a certeza de que eles são muitos. Muito mais do que as pessoas podem imaginar".
Transformações
O diretor do Cursinho da Poli, Gilberto Alvarez, o Giba, também acredita que o Enem é um dos principais responsáveis pela queda de participação da rede pública na Fuvest. "Os alunos percebem no Enem um portal de acesso à universidade mais eficiente", aponta ele, que prevê uma estagnação no total de inscritos no vestibular da USP nos próximos anos.
Outro problema, de acordo com Giba, é a sequência de pautas negativas que envolveram a universidade recentemente. "Tivemos a questão da USP Leste (interditada por contaminação do solo), problemas financeiros, entre outros. Tudo isso prejudica", afirmou.
Para o presidente da ONG Educafro, Frei David Santos, a solução para que a universidade atraia mais alunos da rede pública é a adoção de cotas. "O povo tem consciência de que a USP é defensora de uma meritocracia injusta", criticou. "A Unesp (que adota cotas) teve alta procura de negros e pobres."