Um primeiro emprego para chamar de seu: veja o que fazer quando não se tem experiência profissional
Seja o pioneiro registro na carteira de trabalho, seja mudando de carreira, conheça os desafios e as estratégias para sair na frente e, enfim, se colocar no mercado de trabalho
Redação Exame
Publicado em 26 de novembro de 2024 às 10h32.
Por Bia Nóbrega, conselheira, CHROas a servicede Pequenas e Médias Empresas, mentora de lideranças, palestrante, professora e escritora
Se está lendo essa publicação, muito provavelmente você está fazendo buscas sobre dicas e técnicas para ter maior assertividade na procura pelo primeiro emprego – seja na carteira de trabalho, seja como transição de carreira.
Em ambos os casos, o cenário apresenta desafios significativos. Jovens entre 18 e 24 anos enfrentam uma taxa de desemprego que chega a 15,3%, cerca do dobro da média nacional, mesmo com o índice geral de desocupação abaixo de 8%, segundo relatório divulgado pela Rede de Observatórios do Trabalho e organizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Esse quadro é resultado de diversos fatores, como a falta de experiência exigida pelo setor, que continua sendo um dos maiores obstáculos. Além disso, mudanças estruturais no mercado de trabalho, como a transição digital e impacto das novas tecnologias, ampliam a demanda por habilidades específicas que muitas vezes os jovens ainda não possuem.
Em outras palavras: o fato é que as oportunidades têm ficado cada vez mais específicas e apenas passar no vestibular ou ter um diploma não é determinante para a aprovação em uma boa vaga de emprego.
Com isso, muitas empresas hesitam em contratar jovens devido à pouca vivência prática e ao conhecimento limitado sobre o mercado. Mesmo quando possuem competências técnicas, falta a maturidade necessária para enfrentar adversidades, revelando uma geração brilhante em condições favoráveis, mas frágil diante dos desafios.
Mas a boa notícia é que, dentro dessabusca pelo primeiro emprego, existem estratégias que podem render excelentes oportunidades. Veja a seguir:
- Formação além da acadêmica: se ainda não tem experiência, seus estudos serão seu maior trunfo. Cursos, certificações online e workshops podem enriquecer seu currículo. Existem diversas plataformas gratuitas ou acessíveis, nas quais você pode aprender habilidades específicas relacionadas à área que deseja trabalhar. Além disso, aproveite atividades extracurriculares e projetos acadêmicos para demonstrar habilidades como organização, trabalho em equipe e comprometimento.
- Vivência “por conta própria”: você não precisa de um emprego formal para adquirir experiência. Então crie as suas vivências, por meio de voluntariado (o que demonstra iniciativa e habilidades sócio-emocionais e de liderança), projetos pessoais, criando portfólios, construindo aplicativos e websites mesmo que fictícios, e utilizando plataformas como Fiverr, Workana e 99Freelas, que permitem que você realize pequenos trabalhos e desenvolva experiência prática.
- Ajuda profissional: uma excelente estratégia é se cadastrar em programas de incentivo ao primeiro emprego, como o NetworkMe, pioneiro ecossistema que conecta a educação ao mercado de trabalho. Bom para novos talentos, que têm o acesso a oportunidades por meio do Simulador de Carreiras, e bom para as empresas, que identificam os perfis ideais, reduzindo o risco nas contratações. Também busque ajuda com mentores para ampliar sua visão e suavizar sua jornada.
- Veja e seja visto: participe de encontros, summits, eventos e outras ações nas quais você possa fazer networking, se aprofundar no setor e conhecer os meandros de sua nova profissão.
- Seja “sem-vergonha”: conecte-se no LinkedIn com perfis de profissionais na área e cargo que gostaria de atuar. Puxe assunto, compartilhe conteúdo de qualidade, peça dicas, seja atrevido, no bom sentido. Em geral, as pessoas procuradas se sentem reconhecidas e gostam de contar sua trajetória profissional, seus desafios e como obtiveram tal posição.
Por fim, reúna todas suas qualidades mencionadas nos tópicos acima e capriche no seu currículo e em redes sociais como LinkedIn, assim você já vai recheando sua trajetória. Está na dúvida? Pesquise perfis de profissionais de sua área e inspire-se neles. E quando for se conectar a um profissional, peça a conexão com a opção de “Enviar uma Nota”, assim você já inicia uma conversa.
E não se esqueça de entrar em grupos de discussão, comunidades e dar sua opinião – bem embasadas - sobre determinados assuntos. Reaja às publicações dos perfis que segue, com coerência e consistência, assim seu alcance na rede será maior.
Transição de carreira: enfim, sua primeira atuação na área
O cenário atual para profissionais em transição de carreira no Brasil reflete tanto desafios quanto oportunidades, especialmente no contexto de 2024. Segundo levantamento da consultoria em recrutamento Robert Half, uma parcela significativa da força de trabalho busca mudança motivada por fatores como insatisfação no emprego atual, insegurança financeira e a busca por realização pessoal e bem-estar. Aproximadamente 60% dos trabalhadores brasileiros consideram mudar de carreira, com 20% já engajados ativamente na busca por novas oportunidades.
Se você está considerando mudar de carreira, alinhar suas expectativas ao cenário do mercado e buscar qualificação nas áreas emergentes são passos fundamentais para uma transição bem-sucedida.
Já para encontrar e ser encontrado por empresas nas quais almeja iniciar sua nova carreira, a dica é parecida com as estratégias de quem busca seu primeiro emprego, porém com a vantagem de ter efetivamente vivência em situações corporativas – o bom e velho jogo de cintura.