Cv (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 10 de novembro de 2014 às 07h37.
Porque nada se parece mais com um currículo do que outro currículo, Alain Ruel apostou em 2011 em vender o seu como se fosse um anúncio de uma liquidação.
A estratégia garantiu a ele um contrato e, de quebra, a criação de um site destinado a reunir e premiar os curriculum vitae (CV) mais insólitos.
Um CV impresso em uma lata de conservas, um videogame inspirado em Pokémon e o anel gravado "comprometa-se comigo" - profissionalmente -, mostram que as soluções reunidas na página CV-Originaux (Currículos originais) não têm limites. A eficácia nem tanto.
"O objetivo da página é reunir currículos insólitos e analisá-los junto a candidatos e empregadores para mostrar ao internauta as chaves para um bom CV", explicou Ruel à Agência Efe.
E embora a originalidade não tenha porque ser um "fator-chave", dois em cada três currículos não convencionais obtém uma entrevista, revelou um estudo produzido pelo próprio Ruel.
Segundo a pesquisa, 44% destes candidatos bem-sucedidos tem como elemento "decisivo" em sua contratação o CV original.
Yves Bonneyrat não faz mais parte dessa porcentagem. Após "se apaixonar" por uma marca de batatas fritas, este comerciante de 43 anos colocou em seu CV sua imagem em um das embalagens e em seguida enviou para a empresa.
"A paixão por estas deliciosas batatas e meu instinto comercial despertaram minha curiosidade", declarou Bonneyrat à CV-Originaux após admitir que descartou "se disfarçar de batata gigante".
A marca reconheceu sua curiosa proposta através de uma mensagem em sua conta no Twitter em que elogiou o entusiasmo de Bonneyrat para conseguir um posto na empresa.
O certo é que em tempos de crise "é vital se sobressair para que pelo menos possa servir de passaporte para uma entrevista, mesmo que um CV original não se traduza diretamente em um contrato".
Mas às vezes acontece, como ao próprio Ruel. "Seis meses antes de me formar decidi oferecer meu 'CV em liquidação'", assinalando que não se tratava tanto de valorizar suas competências, mas de se promover através da incomum "estratégia de comunicação".
A ideia desencadeou um redemoinho midiático que consolidou um atônito Ruel de "candidato em liquidação" para um guru do engenho na liderança de uma geração sitiada pela crise no mercado de trabalho.
"Não era minha intenção", admitiu, ao revelar o final de um episódio que terminou com um contrato fixo antes mesmo de se formar.
Para além da curiosidade, os CV extravagantes não deixam de ser um método entre muitos para explorar os sete segundos, em média, que um recrutador dedica a cada currículo.
Redes sociais e portais de emprego se mobilizam para maximizar as possibilidades de um CV e iluminam uma tendência em alta: os currículos em formato de vídeo.
O diretor de recursos humanos da Page Personnel, Jean-Philippe da Tour du Pin, acha que um currículo filmado "nunca deveria substituir o tradicional".
"Também não convém utilizar uma 'selfie' na foto de apresentação", acrescentou.
Enquanto isso, a página de Ruel continua crescendo e pretende criar uma versão em inglês e outra em espanhol. "A imaginação não tem limites", concluiu