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Seu chefe se comporta como seu pai? Freud explica

Estudo demonstra uma realidade já percebida por muita gente: inconscientemente, reproduzimos relações familiares no trabalho. Mas dá para mudar esses padrões?

Chefe e subordinado: antigas experiências vividas em família podem influenciar profundamente as relações de trabalho (Thinkstock/miszaqq)

Claudia Gasparini

Publicado em 14 de agosto de 2016 às 06h00.

São Paulo — Pode até não parecer, mas a interação entre você e o seu chefe nunca será estritamente objetiva e impessoal. De forma inconsciente, vocês poderão reproduzir entre si relações que tiveram com pais, mães, irmãos e outras figuras importantes da infância.

É o que demonstra um estudo da pesquisadora Anna Urnova, da escola de negócios INSEAD. Com base em entrevistas qualitativas, a estudiosa aponta que as experiências familiares dos executivos têm impacto direto sobre seu comportamento no trabalho, e podem ser a chave para compreender uma enorme gama de conflitos.

Primogênitos ou filhos únicos, por exemplo, têm mais chances de criar laços fortes com seus chefes, enquanto profissionais que nasceram em famílias pequenas têm mais dificuldade para lidar com equipes numerosas, diz Urnova.

As descobertas não trazem nada de novo: apenas retomam o conceito de transferência, emprestado da psicanálise . De forma simplificada, o fenômeno ocorre quando você desloca sentimentos da infância, geralmente direcionados a figuras parentais, para pessoas da sua vida adulta — aí incluídos colegas de trabalho, gestores e subordinados.

O pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), foi o primeiro a identificar essa dinâmica. Embora o conceito permaneça relativamente desconhecido no mundo corporativo, diz o psicanalista Michael Maccoby, diversos estudos já comprovaram que transferências positivas estão diretamente relacionadas à produtividade.

“Imagine um funcionário convicto de que seu chefe gosta dele como gostaria de um filho”, escreve Maccoby em artigo para a Harvard Business Review (HBR). “Para garantir que isso aconteça, ele fará esforços sobre-humanos para agradá-lo (...) e, contanto que sinta que suas expectativas são correspondidas, continuará a trabalhar duro, o que beneficiará a organização em geral”.

Exemplos reais

“A família é a nossa primeira ‘empresa’ e nossos pais e irmãos são a nossa primeira ‘equipe de trabalho’”, escreve o consultor britânico Roger Jones na HBR. É por isso que as experiências vividas na infância influenciam tão profundamente as relações entre gestores e seus subordinados.

Um exame da sua própria biografia pode trazer algumas explicações sobre a sua atitude no trabalho. Na sua casa, as reações emocionais eram encorajadas ou reprimidas? De que forma um evento traumático, como uma grave perda material ou a morte de um parente, afetou as relações entre os membros da família?

As respostas a questões desse tipo podem explicar uma grande variedade de comportamentos indesejados: da incapacidade de delegar tarefas à dificuldade de se aproximar de um liderado.

Jones traz exemplos reais (com nomes fictícios) para esclarecer a ideia. O primeiro é Peter, um CEO de uma multinacional cuja atitude fria e distante deixava seus funcionários desmotivados e improdutivos. Após um trabalho de análise, ele percebeu que estava imitando seu próprio pai, um ex-militar que raramente se aproximava dos filhos.

O segundo caso é o de John, líder manso e carinhoso que fazia o máximo possível para evitar conflitos na equipe. O problema é que ele era incapaz de demitir pessoas, mesmo quando isso era absolutamente necessário. Não por acaso, ele era o “pacificador” da família quando criança, e frequentemente apartava os outros irmãos em suas brigas constantes.

Dá para mudar?

Reconhecer a influência de histórias antigas no seu comportamento atual —algo possível, em muitos casos, apenas com a ajuda de um psicanalista — pode trazer um imenso benefício para você e para as pessoas com quem você trabalha.

Não que isso seja fácil. Em muitos casos, explica Jones, essas informações permanecem “soterradas” no inconsciente da maioria das pessoas, e é muito difícil trazê-las à luz. Além disso, mesmo aqueles que reconhecem suas próprias questões podem não querer mudá-las, ainda que tragam uma grande dose de sofrimento para si mesmos e para os demais.

O esforço, porém, vale a pena. “Muitas vezes, simplesmente reconhecer que o líder e outros profissionais estão reproduzindo antigas dinâmicas familiares pode levar a mudanças significativas e melhorar o desempenho da equipe”, escreve o consultor.

São Paulo - Quando tinha 15 anos de idade, Warren Buffett encontrou um livro na biblioteca de seu avô, assinado pelo orador e escritor Dale Carnegie. Desde então, "Como fazer amigos e influenciar pessoas", lançado em 1937, é citado pelo megainvestidor norte-americano como uma grande influência para sua vida e carreira. Livros mudam vidas -e, quanto maior seu poder de influência, mais facilmente eles se estabelecerão como clássicos. Nesta galeria, você verá 7 obras sobre carreira, liderança , riqueza e inteligência emocional que têm resistido ao tempo e servem como referência para especialistas e leigos. Os títulos foram indicados pela coach Marie-Josette Brauer, presidente do Innovation Coaching Center. Confira a seleção nos slides a seguir.
  • 2. "A ciência de ficar rico"

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  • Autor: Wallace D. Wattles
    Ano de lançamento:
    1910 Wattles talvez seja o primeiro autor na História a expressar a ideia de que a riqueza pode resultar de uma certa maneira de pensar e agir, diz a coach Marie-Josette Brauer, presidente da Innovation Coaching Center. O livro oferece coordenadas práticas, divididas em 17 capítulos, para vencer resistências mentais involuntárias e encontrar sucesso financeiro na carreira.
  • 3. "Como fazer amigos e influenciar pessoas"

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    Autor: Dale Carnegie
    Ano de lançamento:
    1937 Citado pelo megainvestidor Warren Buffett como uma importante influência em sua carreira, este clássico escrito pelo orador e escritor norte-americano Dale Carnegie serve como guia para melhorar as suas relações interpessoais em qualquer contexto. Sucesso instantâneo nos anos 1930, o livro acabou vendendo 15 milhões de cópias pelo mundo. Segundo a coach Marie-Josette Brauer, o interesse é justificado: o livro de fato traz conselhos eficazes para desenvolver o poder de encantar e liderar os outros. Para Carnegie, apenas 15% do sucesso advém das competência técnicas. Os 85% restantes dependem da capacidade de expressar ideias e gerar entusiasmo nas outras pessoas.
  • 4. "Pense e enriqueça"

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    Autor: Napoleon Hill
    Ano de lançamento:
    1937 O livro se debruça sobre as histórias de vida de diversos milionários norte-americanos, tais como Henry Ford e Thomas Edison, na tentativa de responder à seguinte pergunta: por que algumas pessoas são tão bem-sucedidas, e outras não? Essa investigação serve como subsídio para chegar a certas afirmações universais e atemporais sobre o sucesso. Napoleon Hill fala com propriedade sobre dinheiro e poder: ele foi conselheiro de dois presidentes dos Estados Unidos e contou com a parceria de Andrew Carnegie, uma das pessoas mais ricas de seu tempo, para concluir o livro. Após a leitura, é fundamental fazer os exercícios propostos pelo autor, recomenda a coach Marie-Josette Brauer.
  • 5. "Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes"

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    Autor: Stephen R. Covey
    Ano de lançamento:
    1989 Desde sua publicação no final dos anos 1980, o livro vendeu mais de 20 milhões de cópias e se tornou o audiobook de não-ficção mais vendido na história nos Estados Unidos. Na obra, são apresentados os princípios éticos definitivos que conduzem à independência na vida pessoal e na carreira. Segundo o autor, quem costuma praticar os 7 hábitos descritos em sua obra tem uma rotina mais feliz, saudável e produtiva. O trabalho de Covey produziu um dos livros de carreira mais influentes de todos os tempos, segundo publicações como Time e Forbes.
  • 6. "Inteligência emocional"

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    Autor: Daniel Goleman
    Ano de lançamento:
    1995 Psicólogo, escritor e jornalista, Daniel Goleman é considerado um dos maiores expoentes do mundo no estudo da inteligência emocional e suas aplicações dentro do universo corporativo. Nesta obra seminal, ele argumenta que as competências não-cognitivas, ligadas ao comportamento e ao relacionamento interpessoal, importam tanto para o sucesso quanto o celebrado QI. “O livro revela uma nova definição de inteligência, com base no autoconhecimento e no respeito ao próximo”, diz a coach Marie-Josette Brauer.
  • 7. "O monge que vendeu sua Ferrari"

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    Autor: Robin Sharma
    Ano de lançamento:
    1997 Neste best-seller de ficção, o personagem Julian Mantle é um advogado bem-sucedido e vaidoso que decide jogar tudo para o alto para fazer uma viagem espiritual pela Índia. Seu disciplinado assistente, John, fica perplexo com a decisão do chefe - mas sua surpresa é ainda maior quando ele finalmente regressa da aventura esbanjando sabedoria, força e jovialidade. A história é uma metáfora sobre a importância da disciplina para o sucesso e para  o bem-estar, afirma a coach Marie-Josette Brauer. Escrito pelo canadense Robin Sharma, o livro também propõe um olhar mais leve, sereno e alegre sobre o trabalho.
  • 8. "A estratégia do oceano azul"

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    Autor: W. Chan Kim and Renée Mauborgne
    Ano de lançamento:
    2005 Este livro tem pouco mais de 10 anos de idade, mas já pode ser considerado um clássico sobre estratégia. Escrito por dois professores da escola de negócios INSEAD - cujo programa de MBA foi considerado o melhor do mundo em 2015 pelo "Financial Times" - ele apresenta uma metodologia para criar o seu próprio espaço estratégico, seja você um profissional ou uma empresa. Para neutralizar a ameaça da concorrência, o segredo é criar “oceanos azuis”, isto é, espaços de crescimento que ainda não foram descobertos pelos demais. Neste livro, indicado pela coach Marie-Josette Brauer, os autores explicam como fazer isso, com base numa pesquisa feita com 150 pessoas em 30 setores de atuação.
  • 9. Quer ir além? Conheça 14 livros que valem por uma sessão de coaching

    9 /9(Thinkstock/Connel_Design)

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