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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h32.
Nos últimos 20 anos, numerosos estudos sobre a promoção de saúde no local de trabalho têm quantificado a relação entre boa saúde e aumento de produtividade. Grande parte desses estudos tem seu foco no impacto dos programas de promoção de saúde sobre o absenteísmo. Um dos resultados mensuráveis de um programa de promoção de saúde bem desenhado e adequadamente administrado é um empregado mais saudável. Conseqüentemente, com empregados mais saudáveis, a quantidade de licenças de saúde será menor. O resultado final é um maior número de horas produtivas.
Acompanhe o cálculo: se uma companhia tiver 1 000 empregados e cada um deles tiver 2 000 horas de trabalho por ano (40 horas por semana x 50 semanas), a capacidade máxima de trabalho sem horas extras que essa força de trabalho pode fornecer é de 2 milhões de horas. Se a média de afastamento for de 10 dias por ano (8 horas por dia), as horas de trabalhos reais, aplicadas a produtividade deverão ser ajustadas para 1,92 milhões de horas, uma queda de 4% da capacidade total.
Vamos assumir que a capacidade de trabalho de cada empregado é de quatro vezes seu salário total. Se o salário for de 20 mil reais por ano, então a produtividade esperada será de 80 mil reais ou 40 reais por hora. Para calcular a quantidade de reais perdida por dias ausentes pelos 1 000 empregados, simplesmente multiplique os 40 reais por hora x 80 000 horas ausentes no ano, chegando a um valor de 3,2 milhões de reais como perda em produtividade. Se um programa de promoção de saúde tiver sucesso na redução do número médio de dias de afastamento de 10 para 7,5 dias, o ganho líquido em produtividade seria de 800 000 reais. Além disso, faria sentido assumir que a empresa também tenha alguma redução nos gastos de assistência médica.
Mas não adianta apenas o funcionário estar presente no trabalho. Isso nem sempre significa estar produzindo. Em média, o trabalhador opera entre 65% e 70% de seu potencial quando presente. Se uma empresa investe no desenho, no desenvolvimento e na operação de um programa de promoção de saúde, atendendo as necessidades e interesses de seus empregados, o potencial para aumento na produtividade dos trabalhadores presentes no trabalho é significativo. Essa é uma boa maneira de atender a pressão cada vez maior por resultados e produtividade. Mas não basta apenas isso. As horas gastas no local de trabalho já estão em seu limite. Por conta disso, as companhias estão procurando outras maneiras de aumentar a produtividade. É nesse ponto que a saúde e a vitalidade dos empregados viram variáveis importantes.
Todos sabemos por experiência própria de que o modo como nos sentimos (fisicamente, mentalmente, socialmente, e espiritualmente) afeta e influencia nossa produtividade. Entretanto, equilibrar a vida profissional e a pessoal tem se tornado um desafio, não só porque o empregado trabalha mais e por mais tempo, mas também porque tem um limite cada vez menos claro entre tempo de trabalho e tempo de descanso. As tecnologias que, em tese deveriam facilitar nossas vidas, tem nos deixado vulneráveis pela invasão freqüente de nossa privacidade. Isto resulta em uma taxa maior de estresse, o qual por sua vez leva a problemas físicos e mentais com maior frequência (ex: dores musculares, depressão, etc).
O clima organizacional eventualmente sai prejudicado devido à baixa moral, desânimo, aumento do absenteísmo, rotatividade, etc. Além disso, os custos operacionais aumentam. Existem inúmeros desafios para o praticamente novo conceito de Gestão de Saúde e Produtividade (GSP). Produtividade é difícil de se medir de modo objetivo no ambiente administrativo. Muitas companhias tentam fazê-lo baseadas nas receitas ou lucros por empregado. Os itens relacionados incluem absenteísmo, taxa de acidentes, etc. Estudos têm demonstrado que a produtividade do empregado é afetada por condições muito freqüentes no ambiente de trabalho, tais como depressão, enxaqueca, alergias, stress, ansiedade e dores costais. É essencial que as unidades envolvidas com a promoção da saúde ( saúde ocupacional, serviços médicos, benefícios, programas de assistência ao empregado, etc) trabalhem em conjunto tendo suas ações integradas em função de um objetivo comum. A saúde do empregado deve não só ser gerenciada de maneira integrada, mas também ser ligada ao objetivo global do negócio. Veja alguns procedimentos da GSP para se fazer isso:
A estratégia da GSP está alinhada com a estratégia global da empresa
Existe um time interdisciplinar com o foco na GSP
A ênfase é na melhora da qualidade de vida e não somente na contenção de custos
Coleta de dados, relatórios e avaliações são extremamente importantes
Comunicação é constante e dirigida a todos na organização
A organização se esforça para aprender novas idéias e diferentes abordagens através de benchmarking, com o objetivo de melhorar e aprimorar seu programa
O aumento das demandas do mercado e a velocidade das solicitações forçam as companhias a transferirem a visão de uma simples contenção de custos para uma abordagem orientada para o futuro e que forme novos valores. A área de recursos humanos tem reconhecido mais a importância do capital humano relacionado à performance da corporação. Em termos de saúde, isto significa avaliar o retorno do investimento realizado na saúde do empregado. A GSP é o caminho para a melhora do investimento em recursos humanos.
Ricardo de Marchi é consultor e sócio da CPH Tecnologia e Saúde