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Por que orientação para resultados é uma cilada de carreira

Confira por que a orientação exclusiva a resultados imediatos pode levá-lo à lista de demitidos, segundo o autor do livro "O Mundo é dos Incompetentes"

Armadilha: investir exclusivamente em resultados imediatos pode prendê-lo a um único papel na empresa (Thinkstock)

Camila Pati

Publicado em 19 de setembro de 2015 às 06h00.

São Paulo - Orientação para resultados é um dos mantras do sucesso mais difundidos no mundo dos negócios, escreve Brendan Reid, em seu recente livro “O mundo é dos incompetentes” (Editora Saraiva). No entanto, de acordo com o autor, o tão “celebrado” foco na produção de resultados no curto prazo é, na verdade, uma grande cilada para a carreira de qualquer profissional.

“Quando nos fixamos em produzir resultados, estamos escolhendo deixar de trabalhar naquilo que nos fará progredir no longo prazo”, diz Reid que propõe, no livro, sete estratégias pouco convencionais para o êxito profissional. Fugir da farsa da orientação para resultados é uma delas.

Os profissionais que mais caem nesta armadilha (e os que se safam dela)

O autor apresenta a história uma profissional que se deu mal justamente por seguir à risca o lema da orientação para resultados.

Polly, a "superespecialista", concentrou toda a sua energia em produzir um único conjunto de resultados que demandava um único conjunto de habilidades. Ao fazer isso, apostou que as metas alcançadas por ela seriam sempre relevantes para a empresa. Um erro crítico, segundo Reid.

Surpreendida por uma mudança na estratégia de negócios, acabou tornando-se “descartável” em meios aos novos rumos dados pela liderança da companhia.

“O segundo risco prejudicial para este nível de especialização é que você estreita a posição que ocupa nas percepções de seus superiores”, escreve Reid. Assim, os chefes de Polly não conseguiam vê-la em outra função que não aquela, agora vista como irrelevante.

Em oposição ao fracasso de Polly, Reid conta a história de Jack, o generalista “ viciado em aprender”. Mesmo que à custa de sua produção diária, Jack procurou desenvolver novas habilidades, participando de conferências, treinamentos e eventos.

“Sua rotina diária não lhe oferecia a chance de aprender o suficiente para chegar aonde queria”, escreve Reid. Por isso fazia o suficiente para cumprir objetivos de desempenho para, em seguida, voltar sua atenção para pesquisa e aprendizado de novas técnicas e competências.

Enquanto a incansável e produtiva Polly foi demitida, Jack foi promovido à chefia de seu departamento na empresa.

Táticas para adicionar à sua estratégia de carreira

“Investir em habilidades pagará dividendos por mais tempo do que investir em resultados. Em cinco anos, ninguém se importará com os resultados do trimestre corrente, mas dará valor às habilidades e às ferramentas que você possui ”, afirma o autor. Confira as táticas sugeridas no livro:

1. Redistribua o seu tempo

Reid indica que entre 20% e 30% do seu tempo sejam direcionados para o aprendizado de novas habilidades, em vez da produção de resultado. A intenção deve ser a de “ampliar seu conhecimento e capacidade técnica em vez de se especializar em uma única área”, escreve.

2. Expanda sua posição percebida

“Faça questão de contar às pessoas o que você está aprendendo e o progresso que está fazendo”, diz o autor. Assim, você deixa claro que poderá, eventualmente, assumir novos papéis na empresa.

3. Jogue o jogo do longo prazo

“Nunca vincule seu futuro a uma única pessoa ou a um único conjunto de habilidades”, indica Reid. Flexibilidade importa mais do que profundidade de habilidades, defende o autor.

Somente quem já passou por algum fracasso sabe como essa situação pode ser difícil. Se ainda não aconteceu com você, provavelmente ainda ocorrerá. A ausência de fracassos, inclusive, pode ser algo preocupante, como retrata uma das anedotas de gestão do Google , que envolve o CEO Larry Page e Sheryl Sandberg , na época vice-presidente da empresa e hoje COO do Facebook . Na história, Sandberg conta para Page que cometeu um erro que custou milhões ao Google. Ele, para a surpresa da executiva, não fica decepcionado: se esse tipo de erro não ocorresse era sinal de que a companhia não estava se arriscando o tanto que deveria. Então, se os fracassos são inevitáveis, também é importante saber como lidar com eles. A seguir, grandes líderes contam ao Na Prática como lidam com esse tipo de situação:
  • 2. Christian Orglmeister do Boston Consulting Group

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    Christian, hoje diretor do escritório brasileiro da consultoria Boston Consulting Group (BCG), é exemplo disso. Ele tentou duas vezes entrar na empresa sem sucesso: enquanto recém-formado e novamente após dois anos. Foi só na terceira tentativa que foi contratado. “É duro quando você leva um não no início da carreira, mas o aprendizado é enorme”, ele defende. O importante é não desanimar e se preparar para as próximas oportunidades que aparecerão.
  • 3. Jorge Paulo Lemann: maior empresário do Brasil

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  • “Nunca me arrependi de nada que eu fiz com muito esforço”, diz Jorge Paulo Lemann, atualmente considerado o empresário mais bem-sucedido do país. Diante daquilo que se tem paixão, ele recomenda persistência. Para ele, os fracassos devem ser encarados sempre como aprendizado, e contribuem para que o mesmo projeto (ou até mesmo outros!) deêm certo em próximas tentativas.
  • 4. Luiza Trajano: presidente da rede Magazine Luiza

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    Luiza Trajano é hoje uma das três mulheres mais poderosas do Brasil, segundo lista da revista Forbes. Para ela, ter muitos fracassos não deve ser encarado de forma negativa. “Eu não tenho medo de assumir meus erros”, ela explica. O que deve ser evitado, segundo ela, é insistir no mesmo erro. “Eu sei que vou continuar errando, mas quero dar espaço a novos erros” — e, consequentemente, novas lições.
  • 5. Luciano Coutinho: presidente do BNDES

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    Para o economista Luciano Coutinho, o importante é ter persistência e determinação para não se deixar abater. Formado em Economia pela Universidade de São Paulo e PhD pela Universidade Cornell, nos Estados Unidos, ele ocupa desde 2007 um dos cargos mais importantes no cenário econômico brasileiro à frente do BNDES — banco público que libera empréstimos para indústrias, empresas e grandes grupos.“Quem quiser fazer sucesso imediato, sem ralar, pode esquecer”, é o que ele diz. Para ele, é preciso enfrentar as dificuldades com lucidez e cabeça erguida.   Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal de Carreiras da Fundação Estudar
  • 6. E por falar em bons exemplos...

    6 /6(Getty Images)

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