Por que o esgotamento mental atinge mais as mulheres?
Em artigo, a coaching executiva Milena Brentan fala sobre o cuidado das mulheres de dentro para fora – tanto com ela quanto com os seus
Redação Exame
Publicado em 8 de março de 2024 às 11h57.
Última atualização em 8 de março de 2024 às 11h58.
Por Milena Brentan, Psicóloga, Executiva de RH, fundadora da MB People para desenvolvimento de liderança
Em minha jornada dos corredores corporativos à fundação de minha consultoria, um fato inesperado veio à tona: duas a cada dez clientes de coaching são homens indicados por suas parceiras. Por outro lado, nenhuma cliente mulher veio a mim por indicação de seus parceiros. Isso me trouxe uma reflexão: as mulheres estão mais sintonizadas com a saúde mental, inclusive a dos que estão ao seu redor?
Se nos fixarmos no senso comum, ouviremos que homens são mais pragmáticos em abordar questões pessoais e as mulheres, muitas vezes, se preocupam tanto com os outros que esquecem de si mesmas, sentindo uma pressão enorme para dar conta de tudo.
Mesmo com todos os avanços de gênero no trabalho formal, os números mostram uma realidade difícil: o esgotamento atinge mais as mulheres. O estudo "Esgotadas da ONG da Think Olga, revela que problemas financeiros, carga de trabalho excessiva, discriminação de gênero e sobrecarga doméstica contribuem para o adoecimento mental das mulheres brasileiras. Cerca de 45% delas foram diagnosticadas com ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais. Além disso, 60% das mulheres desejam mudar sua situação financeira e 30% buscam mudanças no ambiente de trabalho. A pesquisa destaca a necessidade de abordagens de cuidados com a saúde mental que considerem as diferenças de gênero.
Mas este não é um artigo para falar de como as mulheres dão conta de tudo. É para dar dicas para cuidarem de si antes de tentar cuidar de tudo.
- Reserve um tempo só para você: Mesmo que seja só alguns minutos por dia, encontre um tempo para fazer algo que você gosta, seja ler um livro, tomar um café com calma, almoçar com amigos ou praticar um hobby. Muitas mulheres preocupadas com carreira, estabilidade financeira e criação de filhos e cuidar de família deixam a si mesmas em último lugar, afinal, é muita coisa para dar conta. Mas só estaremos bem para fazer tudo que precisamos e queremos se estivermos bem conosco antes;
- Mantenha-se ativa: Encontre maneiras simples de incorporar atividade física em sua rotina, como caminhadas curtas ou exercícios em casa para aliviar o estresse. Cuidar do corpo é cuidar da mente. Alguns executivos que conheço bloqueiam a agenda para fazer atividades físicas por considerarem que é parte do trabalho estar bem física e mentalmente.
- Comunique suas necessidades: Quando possível, expresse suas necessidades no trabalho de forma assertiva, buscando um equilíbrio entre demandas profissionais e cuidado pessoal. É verdade que, nem todas têm o privilégio de estar em ambientes de trabalho compreensíveis, mas por outro lado sabemos que quanto mais entregamos mais somos solicitadas. Qual é o balanceamento saudável disso? Cabe a cada uma refletir;
- Compartilhe e converse: Mantenha um diálogo aberto com pessoas de confiança sobre seus sentimentos e experiências, criando uma rede de apoio emocional mesmo;
- Procure ajuda profissional quando precisar: Se sentir que as coisas estão ficando demais, não hesite em procurar uma pessoa especialista. E se o investimento financeiro for um desafio lembre-se que algumas instituições oferecem apoio psicológico gratuito ou a valores bastante acessíveis, vale a pena buscar opções na internet.
A questão não está emsepodemos enfrentar nossos desafios (provavelmente você consegue sim), mas emquanto tempoe a que custo de nossa saúde? Aqui, o autoconhecimento e a atenção à saúde mental se destacam como ferramentas importantes. Até porque só conseguiremos cuidar dos outros se cuidarmos de nós mesmas primeiro, certo?