Pôr do sol ou pôr-do-sol? Professor de português explica
Diogo Arrais explica como não errar na hora de colocar (ou não hífen) e os plurais de substantivos compostos
Luciana Lima
Publicado em 31 de janeiro de 2023 às 17h24.
Durante a corrida no parque, vejo uma placa: “Presença de quero-quero no jardim.” De imediato, reflito sobre o plural do substantivo composto e sobre a origem do termo jardim. De onde terá vindo o termo “jardim”?
No consagrado estudo de Deonísio da Silva – autor pelo qual tenho grande apreço – há: “do francês jardin; vindo do frâncico gart. O latim denominava hortus gardinus o espaço para cultivo de árvores frutíferas, legumes, verduras e flores, nas proximidades das residências. O étimo está presente no inglês garden e no alemão garten.”
Em consulta ao Aulete e ao Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, o plural de “quero-quero” é “quero-queros”. A lógica normativa está no fato de que termos repetidos deveriam ter o plural apenas no segundo elemento. Nem sempre é assim (o que causa confusão ao usuário da língua portuguesa), como no caso de “pula-pula”. Existem, pois, com o aval da Academia, “pula-pulas” e “pulas-pulas”.
Onomatopaicos (representações gráficas dos sons), compostos, hifenizados, seguem o princípio da pluralização do segundo elemento: pingue-pongues, tique-taques.
COMPOSTOS E O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
Os compostos com conectivos (como fim de semana) só possuirão hífen se estiverem ligados à Botânica (comigo-ninguém-pode) ou à Zoologia (carrapato-de-sapo).
Assim sendo, inúmeros compostos com conectivos não fazem mais uso de hífen: pôr do sol, dia a dia, fim de semana, dona de casa, pé de moleque, disse me disse, ponto e vírgula.
Mesmo após considerações, alguns termos merecem nova atenção. Receberam tal grafia, de acordo com a Academia Brasileira de Letras, por consagração popular: mandachuva, paraquedas, paraquedista, paraquedismo.
É importante ainda notar algumas grafias: pontapé, corrimão, madressilva, para-lamas, para-brisa, girassol, passatempo.
Para casos mais específicos, procure adquirir a obra A Nova Ortografia, de Evanildo Bechara, e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
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DIOGO ARRAIS
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Professor de Língua Portuguesa