Os advérbios podem apresentar plural?
Diogo Arrais, professor de língua portuguesa do Damásio Educacional, explica o que é derivação imprópria para esclarecer dúvidas sobre variação dos advérbios
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2013 às 14h57.
* Respondido por Diogo Arrais, professor de língua portuguesa do Damásio Educacional
Os programas de calouro fizeram e fazem sempre muito sucesso na Televisão mundial. Prova disso foi o fenômeno Susan Boyle: a cantora, após ser vice-campeã de um desses concursos televisivos estrangeiros, em poucos dias, atingiu a marca de dez milhões de discos vendidos.
Tudo começou com alguns “sins” dos jurados. Como? Alguns “sins”? Sim! Isto: alguns “sins” dos jurados e, claro, da plateia.
Certamente, ao longo de vários momentos da sua vida, você tenha ouvido que advérbios correspondem a palavras invariáveis, ou seja, não possuem variação em gênero (masculino-feminino) ou número (singular-plural).
A aparição da palavra “sins”, inicialmente desafinada, ganha outros tons: a começar por um processo chamado de Derivação Imprópria. Vamos lá?
A derivação imprópria corresponde ao fenômeno de mudança da classe gramatical de um vocábulo. Um termo, originalmente verbo, pode derivar-se e apresentar-se como substantivo:
“O cantar de Susan surpreendeu os jurados!”
Ah! Chamemos a conhecida regra das cantigas: toda palavra precedida de determinante (artigo, pronome, numeral, adjetivo) transforma-se em substantivo. Na partitura gramatical, o nome disso é Derivação Imprópria.
Voltando aos “sins” e aos “nãos”, a pluralização é, justamente, uma questão da – possível – substantivação dos advérbios:
“Cantores desafinados receberam todos os nãos dos jurados.”
“Cantores afinados, aplaudidos, receberam todos os sins possíveis.”
Virgem! Então quer dizer que, na língua falada, informal, em muitos momentos, ouvimos frases estranhas, dissonantes, como dois “não” e dois “sins”? Exatamente!
Para o término de nosso repertório, é interessante acrescentar que os substantivos, da nossa Língua Portuguesa, finalizados em X, são os únicos sem o plural.
Em trechos musicais patriotas, cantarolo sempre O Quereres, de Caetano Veloso. Afinal, o melhor na nossa Música é poder sempre “caetanear o que há de bom”, transformando advérbios em substantivos agradáveis à Língua e ao Coração.
Um abraço e até a próxima!
Diogo Arrais
@diogoarrais
Professor de Língua Portuguesa – Damásio Educacional
Autor Gramatical pela Editora Saraiva
* Respondido por Diogo Arrais, professor de língua portuguesa do Damásio Educacional
Os programas de calouro fizeram e fazem sempre muito sucesso na Televisão mundial. Prova disso foi o fenômeno Susan Boyle: a cantora, após ser vice-campeã de um desses concursos televisivos estrangeiros, em poucos dias, atingiu a marca de dez milhões de discos vendidos.
Tudo começou com alguns “sins” dos jurados. Como? Alguns “sins”? Sim! Isto: alguns “sins” dos jurados e, claro, da plateia.
Certamente, ao longo de vários momentos da sua vida, você tenha ouvido que advérbios correspondem a palavras invariáveis, ou seja, não possuem variação em gênero (masculino-feminino) ou número (singular-plural).
A aparição da palavra “sins”, inicialmente desafinada, ganha outros tons: a começar por um processo chamado de Derivação Imprópria. Vamos lá?
A derivação imprópria corresponde ao fenômeno de mudança da classe gramatical de um vocábulo. Um termo, originalmente verbo, pode derivar-se e apresentar-se como substantivo:
“O cantar de Susan surpreendeu os jurados!”
Ah! Chamemos a conhecida regra das cantigas: toda palavra precedida de determinante (artigo, pronome, numeral, adjetivo) transforma-se em substantivo. Na partitura gramatical, o nome disso é Derivação Imprópria.
Voltando aos “sins” e aos “nãos”, a pluralização é, justamente, uma questão da – possível – substantivação dos advérbios:
“Cantores desafinados receberam todos os nãos dos jurados.”
“Cantores afinados, aplaudidos, receberam todos os sins possíveis.”
Virgem! Então quer dizer que, na língua falada, informal, em muitos momentos, ouvimos frases estranhas, dissonantes, como dois “não” e dois “sins”? Exatamente!
Para o término de nosso repertório, é interessante acrescentar que os substantivos, da nossa Língua Portuguesa, finalizados em X, são os únicos sem o plural.
Em trechos musicais patriotas, cantarolo sempre O Quereres, de Caetano Veloso. Afinal, o melhor na nossa Música é poder sempre “caetanear o que há de bom”, transformando advérbios em substantivos agradáveis à Língua e ao Coração.
Um abraço e até a próxima!