O poder do "não" no trabalho. Por que aceitar tudo é péssimo
A coach de inovação, Diana Kander, tem dicas úteis para quem tem dificuldade em dizer não no trabalho
Da Redação
Publicado em 25 de junho de 2017 às 06h00.
Última atualização em 25 de junho de 2017 às 06h00.
É tentador aceitar tudo que é oferecido, seja um projeto no trabalho ou um jantar com amigos. É também natural: seres humanos nascem com um ímpeto de agradar os outros.
Quando essa vontade é maior do que deveria, no entanto, você pode acabar sem tempo para o que realmente importa. Segundo um artigo da coach Diana Kander publicado pela Harvard Business Review, no trabalho essa tendência acaba resultando no fim da inovação .
Como em muitos ambientes de trabalho vocalizar críticas pode trazer consequências negativas, as pessoas tendem a aceitar fazer o que, no fundo, acham que é um esforço fútil. Ou seja, perdem tempo que poderiam estar utilizando para ganhar vantagens competitivas no mercado.
“Toda companhia está numa corrida de valor. Você não precisa apenas criar valor para seus clientes, mas precisa fazê-lo antes que outro o faça. Isso exige a habilidade de dizer ‘sim’ às ideias realmente boas – e, mais importante, dizer ‘não’ àquelas ideias que simplesmente não são boas o suficiente”, escreve ela.
Pensando em seus anos de experiência como consultora de inovação, ela criou uma lista de quatro atitudes para quem quer pensar de maneira mais eficaz quando o assunto é aceitar ou negar algo:
1. Estabeleça um sistema de avaliação de valor
Kander sugere que cada nova iniciativa tenha uma nota de 1 a 10, com critérios de avaliação definidos por cada departamento. “Na próxima vez que um executivo pedir para a equipe mudar de direção, isso pode ser medido de acordo com esses critérios”, explica.
Assim, fica mais fácil enxergar o que é pode realmente gerar valor e o que é prioridade.
2. Preste atenção nos avisos
“Só porque uma ideia parece boa ou traz inspiração não significa que vá funcionar no mundo real”, resume a coach.
A chave para entender se você deve investir tempo e dinheiro em algo vem na forma de duas perguntas, que devem ser respondidas com métricas: quando saberemos se isso não funciona e como saberemos se não funciona?
“A maioria das organizações só mede sucessos: quanto dinheiro foi gasto, quantas válvulas foram instaladas, como respeitam o orçamento e o cronograma”, continua. “Mas geralmente ignoram indicadores de pivô que poderiam dar avisos importantes antes que gastassem todos os recursos e perdessem tempo fazendo ajustes.”
Basicamente, não tenha medo de encarar um fracasso de frente. É melhor errar rapidamente e consertar um erro que descobrir, tarde demais, que ele era evitável.
3. Comemore quando disser ‘não’
E isso não significa comemorar sempre que negar projetos ou ideias ruins – isso é fácil! –, mas negar também ideias boas, mas que não são suficientemente boas.
Kander usa Steve Jobs como exemplo de expert no assunto. “Tenho orgulho tanto das coisas que não fizemos quanto das coisas que fizemos”, disse o cofundador da Apple, que cortava pela raiz as ideias que desviavam a atenção dos projetos principais. “Inovar é dizer ‘não’ para mil coisas.”
A autora aconselha que cada um crie e aplique padrões rigorosos de avaliação, tanto individuais quanto por áreas de trabalho. Assim, é possível estabelecer um processo organizado e deixar espaço para ideias verdadeiramente inovadoras surgirem.
“Usando o sistema que citei acima, digo ‘não’ para tudo que tem uma nota menor que sete. Não perco tempo com nada que não cria valor para minha família, meus clientes ou causas e entidades beneficentes que apoio”, exemplifica ela.
4. Recompense iniciativas
Quando alguém tiver uma ideia de fato interessante e viável, permita que ela mesma a desenvolva. Entusiasmada e se sentindo reconhecida, a pessoa irá se esforçar para provar que aquilo realmente pode funcionar. (E pense em aplicar a dica número 2 aqui também!)
Se der certo, a empresa, que disse ‘sim’ a uma boa ideia e ‘não’ ao método tradicional de testes, sai ganhando ao agregar novidades e valor ao negócio – e permite que a criatividade e a inovação prosperem no ambiente de trabalho.
*Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar