Carreira

Nos EUA, geração Y adia casamento para cuidar da carreira

Casais estão adiando cada vez mais o casamento, tendência que se via há décadas e que é agravada pelas dificuldades financeiras dos adultos jovens


	George Costanza, de Seinfeld: economista fala de ‘País Seinfeld’, em referência ao sucesso da TV sobre amigos solteiros
 (Getty Images)

George Costanza, de Seinfeld: economista fala de ‘País Seinfeld’, em referência ao sucesso da TV sobre amigos solteiros (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2014 às 23h23.

Atlanta - Kelly Wood, 29, e seu marido Ethan Bushman se casaram no mês passado, sete anos depois que se conheceram, porque esperaram para aprimorar seus estudos e carreiras.

“Eu sentia que se tivesse me casado antes, eu seria jovem demais”, disse Wood, enfermeira de São Francisco cujo marido tem 30 anos e está terminando um curso superior.

“O fato de sermos mais velhos e estarmos mais estabelecidos em nossas carreiras e em nossas metas na vida é uma base que nos permite começar nosso casamento com a maior força possível”.

Os casais americanos estão adiando cada vez mais o casamento, uma tendência que se via há décadas e que é agravada pelas dificuldades financeiras que os adultos jovens ainda enfrentam cinco anos após o final da recessão mais profunda desde os anos 1930.

Os atrasos estão contribuindo para a taxa de natalidade mais baixa e para um nível menor de donos de casa própria, o que limita os gastos dos consumidores.

“Os casamentos estão em queda, especialmente entre os jovens”, disse William Frey, pesquisador sênior da Brookings Institution, em Washington. “É provável que os casamentos recuperem um pouco o ritmo quando a economia começar a se regularizar.

Mas as tendências de longo prazo sinalizam um período em que a idade adulta do jovem será pensada cada vez mais como a dos anos de solteiro”.

Quase metade dos jovens entre 24 e 29 anos nunca se casou, parcela maior que a de cerca de um quarto em meados dos anos 1980, segundo uma pesquisa apresentada em agosto pelos demógrafos do Departamento do Censo dos EUA, Laryssa Mykyta e Jonathan Vespa.

A idade média do primeiro casamento subiu para uma alta recorde de 29 anos entre os homens e de 26,6 anos para as mulheres em 2013, mais de seis anos a mais que a de 1959, reportou a agência.

Os economistas dizem que há várias razões para a queda da taxa de casamentos. Uma causa muito citada é o mercado de trabalho ainda em recuperação, que colocou pressão sobre as finanças da geração Y dos EUA, 82 milhões de pessoas nascidas entre 1981 e por volta do ano 2000 no país.

O subemprego e o desemprego estão “deixando muitos adultos jovens hesitantes em casar por causa do atual clima econômico”, disse Bradford Wilcox, diretor do Projeto Nacional de Casamento da Universidade de Virgína, em Charlottesville.

“Essa retração nos casamentos representa, obviamente, um peso sobre a fertilidade, sobre o mercado de casas unifamiliares e sobre setores como produtos e seguro familiares, considerando que os casados com filhos gastam mais nesses tipos de produtos”.

‘País Seinfeld’

O surgimento de um “país Seinfeld” orientará os gastos em direção aos restaurantes fast food, “especialmente aqueles que servem uma clientela mais rica que a média, dada a economia nos gastos familiares”, disse Avery Shenfeld, economista-chefe da CIBC World Markets em Toronto. A comédia Seinfeld, um sucesso da TV sobre amigos solteiros, foi transmitida de 1989 a 1998.

O desemprego entre os jovens com 25 a 34 anos de idade caiu para 6,2 por cento em setembro, contra 10,6 por cento em outubro de 2009.

Contudo, ainda é mais alto que o desemprego total, que atingiu a maior baixa em seis anos, de 5,9 por cento, e que o nível de 4,9 por cento desse grupo etário quando começaram os 18 meses de recessão, em dezembro de 2007.

Os trabalhadores em tempo integral dessa faixa etária viram seus rendimentos caírem de US$ 38.760 ao ano em 2007 para US$ 38.000 em 2012, com base em dados do Centro Nacional de Estatísticas da Educação.

Os salários dos formados com bacharelado ou nível educacional mais elevado caíram de US$ 52.990 em 2007 para US$ 49.950.

Não há pressa para casar, disse Charlie Vella, 26, que mora em um apartamento em Manhattan e está focado em sua carreira em relações públicas. Como todos estão ocupados em Nova York, até mesmo os encontros ficam em segundo plano em relação ao trabalho, disse ele.

“Espero estar casado aos 40”, disse Vella, que não tem um namoro estável e está inscrito em dois sites de encontros on-line. “Todos por aqui estão trabalhando duro”.

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