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Mestrado é a melhor pós-graduação para seu bolso, diz estudo

Pesquisa mostra o impacto da pós-graduação para o salário do executivo brasileiro. Mestrado e doutorado são os diplomas que mais renderam aumentos no último ano

Qualificação e salário: no último ano, a remuneração média de quem tem mestrado ou doutorado saltou 21,4% (Thinkstock)

Claudia Gasparini

Publicado em 3 de novembro de 2015 às 14h00.

São Paulo - Numa crise econômica , não há garantias. Mas certos fatores podem contribuir para preservar o seu emprego, e até render um salário melhor.

A pós-graduação é uma dessas apostas. De acordo com a nova edição de uma pesquisa anual da consultoria Produtive, profissionais que pararam na graduação tiveram um tímido aumento na remuneração entre 2014 e 2015.

Em um ano, a média salarial desse grupo cresceu apenas 4,6%. Enquanto isso, profissionais com uma pós-graduação lato sensu tiveram um reajuste 12,4%. Já quem fez mais de uma especialização viu sua contrapartida financeira aumentar em 14,6%.

O contraste é ainda maior quando aparece mestrado ou doutorado no currículo: entre 2014 e 2015, a remuneração média desse grupo saltou 21,4%.

Na visão de Rafael Souto, presidente da Produtive, os números confirmam uma realidade já atestada pelo estudo feito no ano passado pela consultoria: a pós-graduação stricto sensu é a bola da vez entre os empregadores brasileiros.

Por quê?
Souto explica que, nos anos 1980, profissionais com especialização ainda eram relativamente escassos, o que lhes valia a preferência do mercado. Na década de 1990, o MBA ocupou essa função de destaque. Com a popularização da oferta de cursos lato sensu nos anos 2000, esses títulos acabaram se tornando comuns no mundo executivo.

“Hoje, as empresas têm se voltado para profissionais com mestrado e doutorado, porque são mais exigentes, densos e profundos do ponto de vista teórico”, diz Souto. “Está ganhando força a ideia de que esses programas mais robustos dão mais 'musculatura' para a tomada de decisões nas empresas”.

Profissionais com pós-graduação stricto sensu ainda são relativamente escassos no mundo corporativo: eles representam apenas 6,5% do total de entrevistados na pesquisa. Já aqueles que têm uma ou mais especializações são 69%, enquanto os que só têm graduação compõem 25% da amostra.

Na tabela a seguir, veja a comparação entre títulos e salários de acordo com a pesquisa, que ouviu aproximadamente 400 executivos brasileiros entre 2014 e 2015:

DiplomaMédia salarial em 2014 (R$)Média salarial em 2015 (R$)Aumento salarial entre 2014 e 2015
Somente graduação5.8126.0964,6%
Uma pós-graduação (lato sensu)9.30610.62012,4%
Mais de uma pós-graduação (lato sensu)12.80114.98914,6%
Mestrado e/ou doutorado13.80417.56121,4%

Dito isso, valem três ponderações. A primeira é que uma pós-graduação stricto sensu voltada a temas excessivamente teóricos e distantes do mercado não costuma ser tão valorizada no mundo corporativo. Segundo Souto, os mestrados profissionais, por exemplo, costumam ser preferidos pelos empregadores.

Outra consideração diz respeito ao momento em que o incremento salarial pode acontecer. “Geralmente, as empresas não dão um aumento imediato ao funcionário com mestrado ou doutorado”, diz ele. “Existe um tempo de observação, em que você precisará mostrar na prática o impacto da qualificação no seu trabalho”.

Souto também lembra que títulos acadêmicos - por melhores que sejam - não dispensam a necessidade de experiência profissional.

Investimento
Além de fazer bem para o bolso, apostar em uma pós-graduação aumenta a sua própria capacidade de se manter ativo em tempos difíceis para a economia.

Para Souto, também sob esse ângulo a modalidade stricto sensu é a mais indicada. "São diplomas que abrem uma segunda possibilidade de carreira, como professor universitário”, explica. "Além disso, o mercado de consultoria também costuma abrir mais portas para mestres e doutores".

É claro que nada disso é simples: conciliar trabalho, família e um mestrado, por exemplo, exige muito esforço - e o resultado está longe de oferecer “imunidade” à crise. Ainda assim, garante Souto, investir em um diploma robusto após a faculdade vale a pena. “É um investimento que será recompensado mais cedo ou mais tarde”, conclui.

São Paulo – Com vagas em baixa e processos de contratação mais demorados ou mesmo postergados por conta do mau momento da economia brasileira, encontrar emprego tem levado mais tempo.  Cargos de gerência e diretoria têm sido afetados pela crise, além de posições operacionais. “Profissionais do meio da pirâmide e também da base estão sofrendo mais”, diz Ricardo Ribas, gerente da Page Personnel. Em meio a este cenário desanimador, uma boa notícia: profissionais que têm atuação voltada a corte de custos, ganho de eficiência ou com atuação generalista são aqueles em que a recolocação no mercado é mais rápida. As informações partem de levantamento realizado pela Page Personnel, especializada em recrutamento de profissionais técnicos e de suporte à gestão. Quem trabalha na área de marketing digital também sente menos a crise, já que há migração de investimentos de marketing em canais off-line para online. “Além disso, há poucos profissionais com formação e conhecimento na área de marketing digital no Brasil já que nos últimos anos muitas empresas vieram para cá e contrataram grande número de profissionais”, diz Ribas. Confira os cargos que estão surpreendendo e os salários oferecidos.
  • 2. 1º Executivo de Vendas - Marketing de Perfomance e Mídia Digital

    2 /10(Thinkstock)

  • Veja também

    Área:marketing Setor: multinacionais de tecnologia para segmento de publicidade e marketing digital. O que faz: prospecção e relacionamento com agências de publicidade e empresas. Realiza venda consultiva de ações de publicidade e marketing aliadas a tecnologia que permite a mensuração concreta da assertividade dos resultados. Por que é mais procurado: a divulgação de informações, produtos e serviços é indissociável da tecnologia, que possibilita a mensuração precisa do impacto no público alvo. Mercado ainda é carente de profissionais. Salário: de 5 mil reais e 8 mil reais
  • 3. 2º Analista de Marketing Digital

    3 /10(alphaspirit/Thinkstock)

  • Área: marketing. Setor: empresas de qualquer segmento que tenham uma estratégia online. O que faz: desenvolve, executa e mede resultados da estratégia online. Está em contato com agências de publicidade e é um profissional que conhece ferramentas como Google Adwords, Google analytics, SEO, SEM, CRM, entre outros. Por que é mais procurado: investir na área digital é importante para se aproximar do público alvo “O retorno do marketing digital é maior e de curto prazo para o cliente final. Além disso, investir em mídia digital é mais barato do que investir em televisão e outros canais off-line”, diz Ricardo Ribas, gerente-executivo da Page Personnel. Salário: de 4 mil reais a 6 mil reais.
  • 4. 3º Analista de Planejamento Financeiro Sênior

    4 /10(Ken Funakoshi/Flickr/Creative Commons)

    Área: finanças. Setor: empresas de bens de consumo são as que mais estão contratando este profissional. O que faz: elabora e acompanha o orçamento da empresa, consolida resultados no balanço final da empresa. Também pode atuar como parceiro de negócios financeiro em áreas específicas como vendas, marketing, RH em empresas de maior porte. As melhores oportunidades exigem alta capacidade de comunicação e inglês avançado ou fluente. Por que é mais procurado: empresas estão substituindo profissionais e corrigindo erros de contratações realizadas nos anos anteriores e que tiveram impacto negativo nos resultados de 2014/15. Profissional é visto como “coringa” para áreas de planejamento e controladoria e está em contato direto com áreas de custos, vendas, relações com investidores e planejamento estratégico. Por isso, é visto como bom investimento em tempos de crise. Salário: de 6 mil reais a 9 mil reais.
  • 5. 4º Coordenador de TI* generalista

    5 /10(Thinkstock/from2015)

    Área: tecnologia da informação. Setor: empresas nacionais e multinacionais de grande, médio ou pequeno porte. O que faz: responsável pela área de TI da empresa, faz a gestão de profissionais e projetos. Promove melhorias na estrutura e em alguns casos pode se envolver na operação. Por que é mais procurado: “empresas estão somando cadeiras em uma só, por isso o aspecto generalista é bom para o profissional”, diz Ricardo Ribas, gerente da Page Personnel. Coordenador é valorizado por ser alguém, ao mesmo tempo, capaz de gerir e participar da operação. Salário: de 8 mil a 10 mil reais.
  • 6. 5º Técnico de manutenção

    6 /10(Thinkstock)

    Área: engenharia e manufatura. Setor: industrial. O que faz: manutenção preventiva e corretiva de equipamentos e máquinas industriais. Por que é mais procurado: com menos investimentos na aquisição de máquinas e equipamentos, geralmente negociados em dólar, as empresas estão mantendo parques fabris. Com isso, há necessidade de técnicos para manutenção das máquinas em funcionamento. Salário: de 3,5 mil reais a 7 mil reais.
  • 7. 6º Especialista de Compras

    7 /10(Thinkstock)

    Área: logística. Setor: indústria, varejo ou serviços. O que faz: compras de materiais diretos ou indiretos ou também pode atuar na contratação de serviços. Por que é mais procurado: a busca de mais eficiência na área de logística valoriza este profissional que já era bastante procurado no mercado de trabalho brasileiro. Salário: de 6 mil reais a 10 mil reais.
  • 8. 7º Secretário(a) júnior

    8 /10(ThinkStock/dolgachov)

    Área: secretariado. Setor: corporativo. O que faz: gestão de agenda, organização de reuniões, traduções, reserva de salas, contato com clientes, logística de viagem e assessoria particular. Por que é mais procurado: profissionais mais experientes e com altos salários estão sendo substituídos por pessoas em início de carreira. “É uma questão de custo, profissionais de nível sênior recebiam salários de 15 mil reais a 20 mil reais”, diz Ricardo Ribas, gerente de Page Personnel. Salário: de 3 mil reais e 4 mil reais.
  • 9. 8º Coordenador/Supervisor de Vendas - B2C

    9 /10(Thinkstock)

    Área: vendas. Setor: indústrias de bens de consumo. O que faz: coordena equipe de vendas para médias contas do varejo. Por que é mais procurado: mudança no perfil do profissional da área de vendas impulsiona substituições. Sai o “tirador de pedido” e entram em cena profissionais estratégicos consultivos e criativos, com visão de negócio e boa capacidade de negociação. Salário: de 4 mil reais a 6 mil reais.
  • 10. Confira mais alguns profissionais que não estão sentindo a crise

    10 /10(Thinkstock)

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