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Funcionários da Huawei protestam contra jornadas de trabalho de 24 horas

Segundo carta, executivos estão encobrindo a quantidade de trabalho extra à qual os empregados são submetidos

Relógio:   (ollinka/Thinkstock)

Relógio: (ollinka/Thinkstock)

Luísa Granato

Luísa Granato

Publicado em 5 de novembro de 2019 às 15h59.

Última atualização em 5 de novembro de 2019 às 17h59.

A cultura de horas extras da Huawei Technologies começa a ser combatida por alguns funcionários.

Uma carta aberta foi postada no quadro interno de mensagens da Huawei - e rapidamente excluída - com uma dura crítica à política de horas extras da empresa. Segundo a carta, executivos estão encobrindo a quantidade de trabalho extra à qual os empregados são submetidos.

De autoria de Hu Ling, que faz parte da equipe de recursos humanos da unidade de pesquisa de elite do Lab 2012 da Huawei, a carta refletia insatisfação e desconfiança entre funcionários da gigante chinesa da tecnologia.

“Aceitem meu conselho, companheiros: não confiem no RH, eles não têm honestidade”, escreveu Hu na carta publicada na noite de quarta-feira, de acordo com uma captura de tela vista pela Bloomberg News.

A nota também questionava a eficiência dos engenheiros que trabalhavam por longos períodos. Não foi possível acessar a postagem na sexta-feira pela manhã. A autenticidade da carta foi confirmada pela Huawei, que não quis comentar o assunto.

Parte da autodescrita “cultura do lobo”, a cultura de longas jornadas de trabalho na Huawei foi intensificada em meados do ano devido à imposição de sanções dos Estados Unidos em meio à comercial com a China.

Isso levou a jornadas de trabalho de 24 horas. Equipes de engenharia trabalharam em turnos ininterruptamente para encontrar alternativas à tecnologia e fornecedores dos EUA.

A empresa adotou medidas em julho para recompensar funcionários por acelerar a receita apesar do bloqueio dos EUA, mas Hu afirma que meses de horas extras pesadas começam a ter consequências. Horas extras são comuns entre empresas de tecnologia chinesas, embora a cultura de trabalho extenuante agora gere mais críticas.

A carta causou alvoroço no quadro de mensagens da Huawei, e alguns funcionários ofereceram apoio. “A força real que derruba a empresa não é de fora, mas de dentro”, escreveu um empregado no fórum, expressando decepção com as questões internas da empresa.

Dentro dos campi da Huawei em Shenzhen e Xangai, cantinas e ônibus funcionam até meia-noite para atender funcionários que trabalham até tarde.

Embora crítico, o post de Hu termina com uma nota de encorajamento para engenheiros que ainda trabalham longas horas: “Chegará a era em que engenheiros serão totalmente respeitados”.

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