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Fora da sala de aula, esta empresa aposta em comunidades de aprendizagem para capacitar funcionários

UniAlgar, universidade corporativa do Grupo Algar, investe em um modelo de aprendizagem em que os próprios colaboradores ensinam e aprendem uns com os outros; executiva de RH diz que resultados são positivos

(Reprodução)
Guilherme Santiago

Content Writer

Publicado em 19 de dezembro de 2024 às 11h04.

Última atualização em 19 de dezembro de 2024 às 13h36.

Há 25 anos, a UniAlgar ocupava um prédio físico. Salas, cadeiras e lousas faziam parte da estrutura – a imagem clássica de uma universidade. Mas as coisas mudaram. O Grupo Algar, presente nos setores de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Agro e Entretenimento, decidiu ir além. Expandiu os limites do aprendizado e apostou em um conceito mais dinâmico: o conhecimento pode acontecer em qualquer lugar.

“Na época, o prédio era um símbolo importante, que representava as oportunidades de desenvolvimento dentro do grupo”, explica Juliana Afonseca, gerente de Talentos Humanos da companhia. “Mas, com o tempo, especialmente após a pandemia, percebemos que o formato tradicional de aprendizagem não funcionava mais”, revela.

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Entre 2019 e 2020, a UniAlgar reinventou suas estratégias de capacitação para lideranças. O modelo tradicional, que oferecia o mesmo conteúdo e formato para todos, deu lugar a uma abordagem personalizada. “Entendemos que as necessidades de desenvolvimento de habilidades são únicas para cada liderança”, afirma. “E que o aprendizado não precisa acontecer apenas na sala de aula”, completa ela, que está há 26 anos na empresa.

Comunidades de aprendizagem

Dessa evolução surgiram novos projetos educacionais. É o caso das comunidades de aprendizagem. Nesse formato, os profissionais se organizam em grupos com base em temas de interesse – como inteligência artificial e gestão de conflitos – para aprender e ensinar. São 12 comunidades ativas, que funcionam de forma totalmente virtual. Por lá, os participantes compartilham conhecimentos, trocam experiências ou pedem ajuda.

“Se alguém quer aprender a usar o ChatGPT para uma tarefa específica, basta lançar a pergunta. Quem souber, contribui”, explica. Os pedidos de ajuda são baseados em problemas reais enfrentados pelos colaboradores, permitindo que o aprendizado aconteça na prática e por meio da troca com outros colegas – sem a necessidade de um professor tradicional. “É um modelo de aprendizagem no qual eu acredito muito”, diz.

Juliana Afonseca, gerente de Talentos Humanos do Grupo Algar

Por essa iniciativa, o Grupo Algar foi reconhecido pelo Fórum Econômico Mundial como uma das empresas mais comprometidas em oferecer ferramentas aos profissionais para o desenvolvimento de novas habilidades e adaptação às mudanças globais do mercado.

Os números confirmam que é uma iniciativa bem-sucedida. Nos seis primeiros meses de 2024, 800 funcionários entraram nas comunidades, mais de 1.400 cursos foram acessados e mais de 760 aulas foram ofertadas. Ao todo, foram 180 horas de estudo.

‘O ser humano aprende de formas diferentes’

Juliana tem uma visão clara sobre a diversidade de estilos de aprendizagem. “Cada pessoa tem um jeito único de aprender. Uns absorvem mais ouvindo. Outros escrevendo. E há quem prefira praticar diretamente. O ser humano aprende de formas diferentes”, defende.

Esse entendimento fundamenta sua defesa do modelo de comunidades de aprendizagem. Mas, apesar dos avanços, ela reconhece os desafios. “Ainda estamos longe de ter a adesão de todos. Nem todo mundo acredita nesse formato”, admite.

Por ser um grupo com 14 mil colaboradores, Juliana reconhece que despertar o engajamento de todos não é uma tarefa simples. “Mas, entre aqueles que são engajados, o NPS (métrica que mede satisfação e lealdade) é super alto”, pondera.

Mas, ainda assim, o programa parece estar no caminho certo. “Pode ser clichê, mas uma empresa com funcionários engajados têm resultados melhores”, diz. “Essa é a percepção que eu tenho.”

Planos para o futuro

Juliana vislumbra os próximos passos para transformar a UniAlgar em uma referência além das fronteiras internas. “Quero transformar isso em um produto para o mercado”, revela.

Um dos caminhos apontados é o uso de agentes virtuais como professores, explorando tecnologias que podem escalar o alcance e o impacto das iniciativas de aprendizado. “Com agentes virtuais mais avançados, podemos oferecer conteúdos para diversas áreas, como jurídico, financeiro e gestão de pessoas, sem depender exclusivamente de um especialista humano. Isso permite escalar, alcançar mais pessoas e gerar mais oportunidades”, explica.

Além disso, Juliana planeja expandir o impacto da UniAlgar para além dos colaboradores do grupo. “Queremos engajar a sociedade no processo de educação. Acreditamos que, ao contribuir para a qualificação do país, criamos uma sociedade mais capacitada e, ao mesmo tempo,atraímos talentos para a empresa”, explica a executiva.

“Estamos só no começo, mas o potencial é enorme”, diz. “Mas são sonhos para o futuro”, conclui.

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