São Paulo - To speak or not to speak? Num mundo dominado pelo inglês, muita gente acredita que falar a língua de Shakespeare é o suficiente para conquistar o mercado de trabalho.
Mas a ideia não é unanimidade - inclusive entre recrutadores.
Quem fala duas ou mais línguas estrangeiras é mais atrativo aos olhos do mercado, segundo Alexandre Benedetti, gerente da Talenses, empresa de recrutamento executivo.
Na opinião dele, um profissional poliglota não necessariamente receberá salários melhores, mas ganhará muitos pontos em matéria de competitividade.
“Numa seleção, o domínio de vários idiomas pode ser um critério de desempate entre candidatos em qualquer área”, explica Benedetti.
Isso porque encontrar um profissional que fale bem inglês e espanhol, as línguas mais requisitadas pelas empresas no Brasil, já não é uma tarefa muito fácil.
“Menos da metade dos candidatos com nível executivo se apresenta com dois idiomas fluentes num processo seletivo”, afirma o executivo da Talenses.
Nesse sentido, acumular ao domínio do inglês e do espanhol línguas menos comuns, como mandarim, francês ou alemão, torna-se um diferencial substancioso.
Procuram-se poliglotas
“A carreira perfeita para quem fala muitas línguas é a tradução e a interpretação”, opina Tereza Sayeg, presidente da Associação Profissional de Intérpretes de Conferência.
Para ela, a intensificação das relações econômicas do Brasil com o resto do mundo alimentou o interesse internacional sobre o país, gerando oportunidades para esse mercado.
Esse mesmo contexto, incrementado por grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo no Brasil, também traz oportunidades para poliglotas em outras áreas.
Turismo e relações internacionais são duas que vêm à cabeça de Alexandre Benedetti, da Talenses. “Tanto na iniciativa privada quanto na pública, há demanda por profissionais capazes de promover um bom relacionamento com estrangeiros”, explica.
A habilidade com idiomas também é exigida de servidores públicos internacionais, como os que trabalham na ONU (Organização das Nações Unidas), por exemplo.
A carreira diplomática é outra que absorve quem se dá bem com línguas. No concurso de admissão de diplomatas promovido pelo Instituto Rio Branco, inglês, espanhol e francês são pré-requisitos.
DNA estrangeiro
Mas a demanda por poliglotas vai muito além de carreiras tradicionalmente associadas a eles, como a tradução e a diplomacia.
Dependendo da origem da empresa e do escopo de atuação do profissional, falar uma língua aparentemente sem tanta utilidade pode fazer toda a diferença para uma carreira, de acordo com Alexandre Benedetti, da Talenses.
Imagine o caso de uma organização norueguesa, por exemplo, ou uma multinacional que precisa se relacionar com clientes dessa nacionalidade.
Brilhará aos olhos de um recrutador um profissional que, além de ter as competências exigidas pela sua função, domine a língua escandinava.
Isso porque falar o idioma nativo do outro, sem precisar recorrer ao inglês, aumenta exponencialmente a profundidade das trocas - inclusive profissionais - que você terá com ele.
É a opinião de Domingos Refinetti, sócio fundador do Stocche Forbes, escritório de advocacia com experiência em operações internacionais.“Quando você pode conversar com um estrangeiro na língua dele cria-se um vínculo diferente entre vocês”, afirma.
Com intimidade e conforto, qualquer negociação fica mais fácil. “À vontade em sua própria língua, o estrangeiro fica mais receptivo e aberto a acordos”, diz o advogado.
Recompensas
Mas se engana quem pensa que os benefícios da poliglotia são meramente profissionais. Para Refinetti, que fala italiano, francês, inglês e espanhol, os ganhos do ponto de vista pessoal também são inegáveis.
“É muito enriquecedor poder ler livros no original, ver filmes sem legenda e acompanhar noticiários internacionais sem intermediários”, exemplifica o advogado.
Com maior repertório cultural e consciência linguística, o poliglota também só tem a ganhar em seus relacionamentos interpessoais.
“O conhecimento de línguas pode tornar as pessoas mais interessantes para o convívio social e mais sensíveis ao outro”, conclui.
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1. Novos idiomas: diferencial
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São Paulo - Para quem já preenche o campo do currículo destinado aos conhecimentos avançados em inglês, se dedicar a um outro idioma pode ser um diferencial competitivo e uma aposta de crescimento na carreira. “Com a ampliação dos negócios de empresas brasileiras no exterior, há mais espaço para o aprimoramento profissional em línguas até então não tão comuns, como o chinês e o árabe, por exemplo”, explica Bernt Entschev, headhunter da De Bernt Entschev Human Capital.
Segundo o consultor, as grandes empresas têm procurado recrutar profissionais que possam atender à expansão dos negócios em língua local no país para onde se vende produtos e serviços. Especialistas indicam que o estudo de outras línguas, além do inglês e espanhol, pode trazer benefícios para a trajetória do profissional.
“Cada pessoa deve analisar a necessidade de uma nova língua com um objetivo a médio e longo prazo, como uma promoção para a matriz da empresa ou negócios constantes em determinado idioma, por exemplo”, diz Verônica Rodrigues, especialista em coaching executivo.
EXAME.com consultou algumas instituições e agências de intercâmbio que oferecem cursos no exterior para o aprendizado de línguas “exóticas”, mas que são também procuradas por brasileiros. Veja 6 alternativas de idiomas que atendem à essa nova demanda.
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2. Aprender árabe
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Estudar árabe pode parecer complicado para quem é acostumado a estudar idiomas com alfabeto ocidental. O desafio, no entanto, pode ser compensador para a carreira. Para Enchev, "fazer árabe hoje é uma opção muito inteligente". "Com a expansão dos negócios de empresas brasileiras, como a BR Foods e a JBS Friboi, para os países árabes, vender usando a língua local é estratégico e as companhias vão valorizar profissionais com a habilidade", explica o headhunter. Para estudar árabe no Marrocos, por até 12 semanas, não é preciso o visto de estudante, mas o viajante precisará apresentar as confirmações na imigração do país, segundo Bárbara Lopes, da Sprachcaffe International. Rabat, a capital do país no norte da África, é o destino mais procurado. Rabat
Escola: Sprachcaffe Languages Plus
Custo: 890 euros (cerca de 2047 reais, com acomodação em quarto duplo)
Duração: 1 mês
Carga horária: 20 aulas por semana
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3. Aprender russo
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Um dos BRICs, a Rússia é destino de muitos estudantes que desejam aprender a língua por motivos profissionais ou acadêmicos. As cidades de Moscou e São Petesburgo são as mais procuradas. Para estudar por apenas 4 semanas, os brasileiros não precisam de visto de estudante, mas os pré-requisitos e documentos para imigração precisam ser pesquisados durante
o planejamento para o curso.
Moscou - agência STB Escola: Eurocentres
Custo: a partir de 2220 euros (cerca de 5106 reais, com acomodação)
Duração: 1 mês
Carga horária: 20 aulas por semana
São Petesburgo - agência Global Intercâmbio Escola: Saint Petersburg State University
Custo: 910 dólares (ou cerca de 1449 reais)
Duração: 1 mês
Carga horária: 20 aulas por semana
Moscou ou São Petesburgo - agência World Study
Escola: Liden & Denz
Custo: cerca de 4502 reais
Duração: 1 mês
Carga horária: 20 aulas por semana
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4. Aprender japonês
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Com a influência da imigração japonesa no Brasil, o idioma japonês é procurado por muitos descendentes de japoneses que nasceram no país. Além disso, as agências consultadas também apontaram um crescimento na procura por cursos da língua por brasileiros que fazem negócios com empresários no Japão ou desejam trabalhar no país. "Mesmo com os problemas recentes [de desastres naturais], o Japão continua sendo um país de importância econômica mundial e nas relações com o Brasil. Falar japonês e outros idiomas orientais como o coreano e o chinês são grandes diferenciais a depender da área de atuação", diz Entchev. Kanazawa - agência Yázigi Travel
Escola: Eurocentres
Custo: 4116 dólares (cerca de 6554 reais, com acomodação)
Duração: 1 mês
Carga horária: 25 aulas por semana
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5. Aprender holandês
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Para ter acesso a bolsas de ensino e pesquisa e programas incentivados pelo governo da Holanda ou para trabalhar em multinacionais com matriz no país, o curso do idioma holandês são procurados muitos brasileiros. A capital Amsterdã, um dos principais centros financeiros europeus, é o destino mais procurado nos Países Baixos e oferece diversas opções de cursos de holandês para estrangeiros.
Amsterdã - agência Global Intercâmbio
Escola: Rede Berlitz
Custo: 2290 euros (cerca de 5267 reais)
Duração: 1 mês
Carga horária: 10 aulas por semana
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6. Aprender lituano
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Para quem tem interesse em aprender uma língua báltica por curiosidade ou afinidade, há cursos da língua lituana na Lituânia, país ex-URSS e pertencente à União Europeia, que faz fronteira com Letônia e Bielorrússia. A capital do país, Vilnius, sobreviveu a guerras e é um dos maiores centros financeiros dos países bálticos, sendo também um destino possível para estudantes brasileiros interessados em aprender o lituano. O custo de vida, como nos antigos países soviéticos, costuma ser mais em conta para estrangeiros na comparação com outros países europeus. Vilnius - agência Global Intercâmbio
Escola: Soros International House
Custo: 270 euros (cerca de 620 reais)
Duração: 11 semanas
Carga horária: 4 aulas por semana