Carreira

Fábio Porchat fala sobre o melhor e o pior da sua profissão

O humorista conta por que abandonou a faculdade de Administração e o que significou a decisão de seguir carreira de ator


	Fábio Porchat: "a diversão dos outros é o meu trabalho"
 (Porta dos Fundos/Divulgação)

Fábio Porchat: "a diversão dos outros é o meu trabalho" (Porta dos Fundos/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 25 de dezembro de 2015 às 09h32.

Um dos nomes mais conhecidos do humor brasileiro atual, Fábio Porchat foi uma criança extrovertida e sempre teve uma queda pela comédia. Ao precisar escolher uma profissão, porém, optou por uma carreira tradicional: cursou dois anos de Administração e Marketing na ESPM (SP).

"Nunca quis ser ator. Não era um desejo de criança ser famoso. Eu fazia aula de teatro na escola, mas do mesmo jeito que também fazia futebol, ciências e filosofia", diz Fábio Porchat em entrevista ao portal Na Prática. "A verdade é que eu não sabia o que queria fazer. Na dúvida, comecei o curso de Administração. Nos dois primeiros anos, descobri que queria mesmo era ser ator. Muita gente sugeriu que eu trancasse a faculdade, mas eu não tinha mais dúvidas. Decidi largar tudo."

Entre uma peça e outra, no teatro Frei Caneca, em São Paulo, ele conta que foi com sua turma de faculdade que participou da plateia do Programa do Jô, em 2002. Levou no bolso alguns rascunhos de texto – adaptações que fazia dos personagens Rui e Vani, interpretados por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães no seriado "Os Normais" – na esperança de entregá-los ao apresentador no intervalo das gravações. Para sua surpresa, foi convidado a encenar os textos no palco e, com a reação positiva da plateia, decidiu ali, aos 19 anos, seguir carreira de ator.

"Tem muita gente que acha que para ser ator não precisa estudar, que quem decide ser ator é aquele que não sabe o que quer fazer da vida. Pelo contrário. Para ser ator, tem ler um monte. É o que eu digo. A diversão dos outros é o meu trabalho. Tenho que estar ligado no que está acontecendo no mundo todo. (...) Quando eu decidi ser ator, levei aquilo a sério. A sensação de descobrir o que você quer fazer da vida não é de alívio, mas de determinação. É aí que você precisa agir."

Nascido no Rio, mas vivendo em São Paulo desde pequeno, Fábio abandonou o curso na ESPM e mudou-se de volta para a capital fluminense. Lá, formou-se pela Casa de Artes das Laranjeiras – CAL, um ambiente propício para o exercício da sua criatividade. O também comediante Paulo Gustavo, de Minha Mãe é uma Peça, estava na sua turma e, juntos, os dois montaram o espetáculo Infraturas.

Após assistir a uma apresentação da dupla, Maurício Sherman, diretor do programa Zorra Total, convidou Fábio para integrar sua equipe de roteiristas. Ele topou e, na Globo, acabou colaborando também com o roteiro dos programas Os Caras de Pau, Junto&Misturado, no qual ao mesmo tempo atuava, e Esquenta, com Regina Casé. Seu contrato, porém, garantia liberdade para participar de outros projetos.

Na TV fechada, foi apresentador dos programas De Perto Ninguém é Normal, no GNT, e Tudo Pela Audiência, no Multishow, ao lado de Tatá Werneck. Neste canal também estrelou com a colega Miá Mello a série Meu Passado Me Condena, adaptada para o cinema, em 2013, e para os palcos, em 2014. Entre outros trabalhos nas telonas, escreveu os diálogos e atuou no sucesso de bilheteria Vai Que Dá Certo, dirigido por Mauricio Farias.

Paralelamente, sempre esteve no teatro. Escreveu diversas peças, como Velha é a Mãe, encenada por Louise Cardoso e Ana Baird, e O Crítico, Prêmio do Júri Popular no Salão Carioca de Humor, em 2006. No mesmo ano, foi convidado a participar do primeiro grupo de comédia stand-up do Brasil, Comédia em Pé, que integrou até 2011. Desde 2009 está em cartaz com seu solo Fora do Normal.

"O que eu mais amo é ter a liberdade de falar e fazer o que eu quero. Como roteirista, é muito rico você criar um mundo e ver ele passar a existir. Isso é mágico. Já a parte ruim do trabalho criativo acho que é cumprir prazo. Ter que ter uma ideia para amanhã talvez seja a coisa mais limitadora para a criação. Mas para mim funciona bem", diz.

Em 2012, fundou com os colegas Ian SBF, Gregório Duvivier, João Vicente de Castro e Antônio Tabet a produtora Porta dos Fundos, cujo canal no YouTube tornou-se um fenômeno de audiência e crítica, com mais de 2 bilhões de visualizações. Lá, sua versatilidade e efervescência criativa são bem utilizadas: escreve, dirige, atua e produz vídeos que, como ele, não tem medo de abordar temas polêmicos.

"Com o Porta dos Fundos a gente conseguiu bater em teclas muito importantes sem saber que estava fazendo isso. É estranho quando alguém diz: 'eu quero mudar o mundo'. Geralmente é quem não consegue. O que eu quero é fazer bem o meu trabalho, me desenvolver, me desafiar, para crescer como ator e profissional", afirma.

Fábio fala da importância de se juntar com pessoas de que você gosta, em que você acredita, que você admira. "Uma coisa que eu aprendi é escrever em grupo. Você aprende que tem gente que tem ideia melhor que a sua, que escreve melhor que você, que pega sua ideia e melhora. No Porta dos Fundos, eu estou jogando com o Neymar. Todo mundo quer isso: você toca pra ele, e ele faz o gol. Eu quero me juntar com gente que vai colar comigo e vai me fazer crescer."

De certa forma, Fábio Porchat é ainda um administrador: workaholic assumido, tem a responsabilidade de gerenciar sua criatividade hiperativa e organizar seu tempo entre os diversos projetos que escolheu como carreira. Entre eles, está o Porta Afora, programa de viagens comandado por ele e gravado na sala da sua casa, e um longa-metragem com estreia prevista para 2016.

Veja trechos da conversa:

1. Qual o melhor e qual o pior da sua profissão:

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2.  De que forma a faculdade o ajudou profissionalmente

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3. A dica para quem quer trabalhar de forma criativa

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* Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar

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