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Diversidade não é cota

Identificar e promover talentos onde eles estiverem é a estratégia da Siemens para diversificar o comando global da empresa. E o Brasil está no radar da matriz

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2013 às 11h48.

São Paulo - Presente em quase 200 países, a Siemens é uma gigante com faturamento anual de cerca de 190 bilhões de reais. A companhia alemã de engenharia elétrica e eletrônica emprega no mundo 430.000 pessoas, 70% delas fora do país sede. Essa variedade de nacionalidades e culturas, porém, ainda não se reflete na alta direção, ocupada majoritariamente por alemães.

Com o objetivo de diminuir esse descompasso, a executiva Jill Lee, nascida em Singapura, assumiu no fim de 2008 o comando da então recém-criada diretoria global de diversidade. Dona de uma longa carreira na área financeira da Siemens em países asiáticos, ela é uma profissional pragmática. Refuta a fixação de cotas para ampliar a diversidade e aposta no maior aproveitamento de talentos.

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No Brasil, os negócios da empresa triplicaram nos últimos cincos anos, chegando a 4,7 bilhões de reais, o que colocou o país no radar da executiva, que visitou a operação brasileira no mês passado. Confira trechos da entrevista exclusiva que Jill concedeu à Você S/A.

VOCÊ S/A - Porque a diversidade se tornou estratégica para a Siemens nos últimos anos?

Jill Lee - A ideia de promover a diversidade para beneficiar minorias é coisa do passado. Nós a vemos não como uma questão social, mas uma vantagem estratégica para o negócio. Primeiro, porque isso pode nos ajudar a servir melhor nossos mercados.

Uma companhia global tem que responder às necessidades de vários grupos de clientes, fornecedores e concorrentes, que mudam de país para país. Isso se torna mais fácil quando temos no quadro de funcionários um reflexo dessa variedade de mercados. Outro propósito é aumentar nossa capacidade de atrair e reter talentos ao redor do mundo.

Ter pessoas com pensamentos e experiências diferentes trabalhando juntas é fundamental para gerar ideias e soluções inovadoras. Algo que temos que fazer continuamente, para garantir o sucesso do negócio.

VOCÊ S/A -  Apenas 30% dos assentos na alta direção da empresa estão nas mãos de executivos estrangeiros. Como mudar isso?

Jill Lee - Não acreditamos no estabelecimento de cotas ou de percentuais mínimos. Para nós, diversidade significa reconhecer e aproveitar ao máximo a capacidade de cada funcionário. Para isso, temos que combinar processos eficientes de seleção e avaliação e um apoio individual flexível.


De um lado, estamos treinando nossos gestores para avaliar de forma mais transparente e objetiva os funcionários. Do outro, criamos redes internas para conectar, por exemplo, profissionais jovens e veteranos, mulheres em cargos de liderança e talentos que atuam em mercados emergentes, como Brasil e China. Nessas redes, as pessoas trocam ideias e experiências, consultam mentores e se expõem globalmente.

VOCÊ S/A -  A empresa já obteve resultados com esses esforços?

Jill Lee - Já temos um grande plano de sucessão construído com a participação dos oito membros da alta direção da companhia. Todo ano, eles se envolvem diretamente na avaliação de potenciais sucessores para os 300 principais cargos globais da Siemens.

Gastam de 60 a 80 horas para analisar o perfil dos profissionais e definir como prepará-los. Além disso, cada região e cada unidade de negócios fazem seu próprio planejamento em nível local. Hoje, temos cerca de 2.700 talentos de alto potencial identificados em diversos países.

Nesse processo, identificamos também os funcionários que têm condições de se movimentar mais rapidamente ou assumir uma posição internacional. Temos hoje, por exemplo, cerca de 40 brasileiros expatriados, como o executivo Paulo Stark, que assumiu em novembro a presidência global da nossa unidade de equipamentos de distribuição de energia em baixa voltagem.

VOCÊ S/A -  Qual a importância do Brasil nessa estratégia?

Jill Lee - Nossa subsidiária no país é uma das que mais cresce no mundo e se tornou uma referência para o grupo. Ampliamos as operações nas áreas comercial, de manufatura e contamos hoje com seis centros de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Além disso, mais de 80% dos cargos de gestão na unidade são ocupados por executivos locais.

E metade deles já trabalhou em diferentes países, ou em pelo menos três unidades de negócios. Muitos brasileiros estão acostumados a trabalhar com culturas diferentes e isso, sem dúvida, contribuiu para os bons resultados. Por causa dessa grande expansão, hoje 45% do quadro de funcionários no país tem menos de 30 anos.

Também estamos investindo no desenvolvimento deles por meio do nosso programa de jovens talentos. A cada ano contratamos 60 profissionais que passam por um treinamento de dois anos em diferentes áreas da empresa.

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