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Cidade entre as melhores do país quer atrair pessoas qualificadas

Maringá no Paraná tem tanta demanda por profissionais qualificados, sobretudo na área de tecnologia, que precisa recrutar gente de fora

Maringá:  cidade arborizada e sem trânsito (foto/Divulgação)

Maringá: cidade arborizada e sem trânsito (foto/Divulgação)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 14 de setembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 14 de setembro de 2017 às 10h09.

São Paulo – A meta de Maringá para as próximas décadas é ambiciosa e prevê que a cidade se transforme numa espécie de Vale do Silício do Paraná, um polo de inovação e atração de profissionais qualificados de todo Brasil.

“Uma cidade de tecnologia de ponta, com emprego e renda de alto valor agregado”, prevê Ilson Rezende, CEO da empresa de desenvolvimento de software DB1 Global Software e presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Maringá (Codem).

O plano estratégico definido pelo conselho projeta Maringá -que completa 100 anos em 2047 - chegando a esse status nos próximos 30 anos. Entre as ações propostas estão o estímulo e investimento no setor de TI e em mais três setores também considerados chave para o desenvolvimento: saúde, educação e transações financeiras/seguros.

“O diferencial da nossa cidade é a sua organização social. A sociedade se organizou”, diz Luiz Carlos da Silva, gerente regional noroeste do Sebrae-PR. O plano estratégico socioeconômico e urbanístico, por exemplo, foi encomendado à consultoria PwC e seu custo, de 1 milhão de reais, bancado pelos próprios empresários locais e sociedade civil.

Com fama de cidade projetada e com ótimos indicadores de qualidade de vida, Maringá já colhe frutos dessa virtude rara em tantos municípios brasileiros, a de pensar em longo prazo. Prova disso é que a cidade entrou para a lista das melhores grandes cidades para se viver do Brasil, segundo pesquisa da Delta Economics & Finance/América Economia.

A mobilização começou a tomar forma antes mesmo da virada do milênio. O Codem foi criado ainda na década de 90 e o empresariado da cidade já capitaneou o planejamento da cidade em 1996, até 2020, e em 2010, até 2030.

Além disso, empresários do setor de TI se mobilizaram e estão organizados há mais de 10 anos por meio de um APL (Arranjo Produtivo Local).

Mercado de TI está aquecido

 Hoje dentre os 400 mil habitantes, 4 mil são profissionais de TI e cidade é sede de 400 empresas de desenvolvimento de software. A DB1 é uma delas e está na lista das 45 melhores para começar a carreira no Brasil, segundo o estudo anual da revista Você S/A, divulgado na edição de setembro.

Para se ter uma ideia, Maringá só perde para São Paulo em números absolutos no que diz respeito ao número de empresas com a certificação internacional CMMI (Capability Maturity Model Integration ou Modelo Integrado de Maturidade em Capacitação), uma das mais importantes do setor de desenvolvimento. O forte da cidade são as soluções de software para empresas (B2B)

“Em 2012, o faturamento das empresas de TI foi de 83 milhões de reais, em 2016 pulou para 600 milhões de reais, numa variação de mais de 600%, e para 2020 a projeção é que faturem 1,1 bilhão de reais”, diz Silva. Esse crescimento também puxa a demanda para outros setores de apoio ao negócio, como marketing e recursos humanos.

Ele garante que é difícil que um profissional da área fique desempregado na cidade. “Quem se forma já sai empregado”, diz o gerente regional do Sebrae. O salário médio em TI na cidade é de 4 mil reais, de acordo com ele.

 Há vagas para profissionais de nível júnior e sênior

Mas as vagas na área de desenvolvimento de software não se restringem apenas a pessoas em começo de carreira. Edoil Barros, gerente de projetos da DB1, mudou-se de São Paulo para Maringá em 2012 e desde então viu crescer também o número de oportunidades em cargos de gestão.

“Quando eu cheguei tinha mais vagas para os jovens, mas o mercado foi evoluindo e, para dar conta do crescimento, as empresas passaram a precisar mais da figura do gestor”, diz Barros, que trabalhou 12 anos na Vivo em São Paulo, onde era coordenador.

Mas o mercado promissor em tecnologia não foi definitivo para que Barros tomasse a decisão de residir permanentemente na cidade e, sim, a qualidade de vida. “Quando me mudei nem sabia que o mercado em TI era tão forte”, conta.

A vontade de sair de São Paulo surgiu quando seu filho, Pedro, nasceu em 2011, e a desafiadora rotina paulistana começou a pesar para ele e a mulher, cuja família é de Maringá. “A gente tinha uma vida muito corrida em São Paulo e a decisão foi balizada mais por conta da família”, diz.

A tranquilidade de viver numa cidade bem arborizada e sem trânsito é um dos principais benefícios da mudança. “São as coisas simples do dia a dia que fazem a diferença”, diz.

É contando sobre a sua rotina que Barros diz convencer outros profissionais que estão pensando em morar e trabalhar em Maringá. Quando há processos seletivos na DB1, Barros é sempre convidado a contar sua experiência, já que deixou São Paulo pela cidade paranaense.

Aos que temem perda salarial, ele sempre indica que não fiquem prestando atenção apenas no valor do salário já que o custo de vida é mais baixo do que em São Paulo.

Segundo Ilson Rezende, CEO da DB1, sem recrutar profissionais de fora não é possível preencher todos os cargos. “Temos demanda para pessoas de outros estados. Mais da metade dos profissionais que a DB1 contrata vem de fora”, afirma. No site da empresa, é possível consultar todas as vagas.

Maringá: 400 mil habitantes e 400 empresas de software (foto/Divulgação)

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