Chamar ministra Cármen Lúcia só pelo nome é errado. Sabe que pronome usar?
Professor Diogo Arrais explica quais são os pronomes de tratamento para autoridades. Norma é cobrada em concursos públicos
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2018 às 12h00.
Última atualização em 3 de abril de 2018 às 15h55.
É no mínimo desrespeitoso tratar - sem o devido cargo - uma presidente do Supremo Tribunal Federal. Notam-se diversas frases com: " Cármen Lúcia afirma que..", "Cármen Lúcia pede que...".
De acordo com o Manual de Redação da Presidência da República, em uma correspondência oficial a uma presidente do STF, deve ser utilizado o vocativo "Excelentíssima Senhora Presidente", já que a ministra é chefe do Poder Judiciário.
Vocativo é expressão de chamamento e aparece antes do texto:
"Excelentíssima Senhora Presidente do Supremo Tribunal Federal,
Nas últimas semanas, o Senado vem sendo alvo de...."
Durante o texto, caso se dirija diretamente a essa autoridade, o pronome de tratamento é "Vossa Excelência":
"Excelentíssima Senhora Presidente do Supremo Tribunal Federal,
Estamos remetendo a Vossa Excelência o orçamento acerca de..."
No entanto, caso se comente sobre a autoridade (falando sobre ela), "Vossa" dará lugar a "Sua":
"Senhor Deputado X,
Referimo-nos, durante esta semana, ao pronunciamento de Sua Excelência, a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal."
Enfatizo, caro leitor: a norma acima é para correspondências oficiais, sempre cobrada em concursos públicos e a utilizada na Presidência.
Curioso é também notar que - com os pronomes de tratamento "Vossa Excelência", "Vossa Senhoria", "Vossa Magnificência", "Vossa Reverência" - a concordância do verbo ocorrerá com a 3ª pessoa:
"Vossa Excelência poderia solicitar..."
"Vossa Excelência será..."
Apesar da notória formalidade, por que as manchetes tratam a presidente do Supremo Tribunal Federal apenas como "Cármen Lúcia"? Seria apenas a falta de espaço, já que uma manchete deve ser breve? Fico com a questão do desrespeito mesmo.
Usar "Doutor" a quem concluiu o doutorado; usar "Mestre" a quem concluiu o mestrado; usar "Presidente" a quem - além de ministro - é (ou ao menos "está") traduz a noção diplomática de um povo.
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Diogo Arrais - @diogoarrais
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Autor Gramatical pela Editora Saraiva
Professor de Língua Portuguesa