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Bancos pagam 25% mais para tirar executivo da concorrência

Salários de um diretor-gerente no Brasil são cerca de US$ 350 mil a US$ 500 mil por ano, não incluindo bônus, mais do que nos EUA nas instituições financeiras

A remuneração média de um banqueiro de investimento caiu cerca de 27% nos Estados Unidos no ano passado (Stock.xchng)

A remuneração média de um banqueiro de investimento caiu cerca de 27% nos Estados Unidos no ano passado (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2012 às 09h58.

São Paulo - Os bancos de investimento no Brasil aceitaram pagar 25 por cento a mais para tirar um executivo da concorrência em 2011 em meio a uma escassez de talentos na maior economia da América Latina.

Enquanto instituições financeiras em Londres e Nova York reduziram seus times e contiveram os salários pagos a executivos, bancos e empresas de private equity no Brasil pagaram mais para bankers e analistas, segundo pesquisa da empresa de recrutamento Options Group Inc.

“O pool de talentos é limitado aqui”, disse Vinicius Bolotnicki, sócio do Options Group no Brasil, em entrevista em São Paulo. Mesmo depois de certos cortes de pessoal no fim do ano passado, houve um aumento no total de empregos da indústria em 2011, disse Bolotnicki.

Salários típicos de um diretor-gerente no Brasil são o equivalente a cerca de US$ 350.000 a US$ 500.000 por ano, não incluindo bônus, em comparação com US$ 300.000 a US$ 400.000 nos Estados Unidos para as principais instituições financeiras, estimou Bolotnicki. A remuneração média de um banqueiro de investimento caiu cerca de 27 por cento nos Estados Unidos no ano passado. Na América Latina a queda foi de 1 por cento, segundo o Options Group, baseado em Nova York.

“O mercado de dívida e de crédito local vai ser a bola da vez em 2012”, disse Bolotnicki, acrescentando que o Deutsche Bank AG, o JPMorgan Chase & Co., o Bank of America Corp. e o Goldman Sachs Group Inc. contrataram funcionários para criar plataformas de crédito e títulos na moeda local no Brasil.

Crise na Europa

Os aumentos de salários no Brasil ficaram abaixo dos verificados em 2010, quando os executivos que trocaram de banco conseguiram prêmios de até 35 por cento, segundo a Options Group. A crise de dívida na Europa forçou algumas empresas a segurar investimentos à medida que as estimativas de crescimento econômico no Brasil são reduzidas.

A Options Group prevê que os bancos vão continuar a contratar na América Latina neste ano se a crise na Europa não se intensificar. O maior desafio para os bancos de investimento no Brasil em 2012 será reter executivos seniores mesmo com a queda nas receitas com comissões na emissão de ações, bônus e assessoria em fusões e aquisições, disse Bolotnicki.

O total de receitas do setor de bancos de investimento com comissões foi de US$ 891 milhões no ano passado, segundo a Dealogic, um serviço de informação e consultoria. Essa receita é menor do que o US$ 1,16 bilhão em 2010 e o recorde de US$ 1,6 bilhão em 2007.


“Os executivos seniores vão conseguir uma fatia maior de um pool de comissões menor, pois os bancos querem retê-los”, disse Bolotnicki. “Por causa disso, nós estamos prevendo uma temporada de bônus muito decepcionante para os profissionais de níveis médios, com poucas exceções”, disse ele.

Bônus no primeiro trimestre

Alguns dos executivos de nível médio podem trocar de banco após o primeiro trimestre, depois de receberam bônus.

Os bancos brasileiros geralmente pagam bônus em dinheiro, o que lhes confere uma vantagem sobre os bancos internacionais, que chegam a pagar em ações 70 por cento das bonificações, disse o sócio da Options.

A média de remuneração paga pelos bancos de investimento caiu em todas as seis regiões pesquisadas pela Options Group em 2011. A queda de 1 por cento na América Latina é a menor de todas. Ela se compara com a redução de 27 por cento nos Estados Unidos e na região da Europa, Oriente Médio e África. Na Ásia, a remuneração dos executivos caiu 19 por cento; no Japão, 18 por cento; e na Índia, 31 por cento.

“No Brasil, nós vimos um aumento na remuneração de analistas de ações e de times da área de derivativos de ações”, disse Bolotnicki, com os salários subindo até 15 por cento na América Latina. A remuneração de funcionários de corretoras prime subiu 10 por cento na região, de acordo com a pesquisa.

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