Faça você mesmo, meu jovem folgado
A sigla em inglês se refere ao comportamento de quem não fica esperando que os outros façam o que deve ser feito. Você é assim?
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 17h49.
São Paulo - Mas que tipo de pessoa frequenta uma loja como esta?
Essa foi a pergunta que fiz à minha irmã que está radicada na Califórnia desde muito jovem. Ela é dona de uma loja de beads, que são aqueles pequenos objetos coloridos usados para fazer colares, brincos e bijuterias em geral, por aqui chamados de contas.
O detalhe é que ela não vende as bijuterias prontas, a pessoa tem de criar sua própria peça e ela coloca, no máximo, o fecho. Meio sem entender por que eu havia feito aquela pergunta, ela respondeu:
— Todo tipo de gente. Garotas, senhoras, estudantes, turistas e até homens de negócio. São pessoas que adotam a atitude DIY porque consideram que isso agrega valor à sua compra.
E eu continuei olhando para ela com cara de interrogação, pois, apesar de haver entendido a resposta, estava claro que havia algo que me escapara. Afinal, o que seria atitude DIY? Minha querida irmã deve ter percebido minha dúvida porque tratou logo de explicar:
— Do It Yourself! Trata-se de uma atitude muito valorizada por aqui. As pessoas gostam de colocar a mão na massa e fazer pequenas coisas com as próprias mãos.
Claro. Faça você mesmo! Não fique esperando que outros façam o que você mesmo pode fazer. Nos Estados Unidos não há a facilidade de contratar mão de obra que resolve nossas pequenas (ou grandes) necessidade cotidianas. Empregada doméstica é um luxo raro. Mesmo pagar uma diarista — em geral uma imigrante — tem de ser aprovado pelo orçamento doméstico. É necessário pôr a mão na massa.
Por isso há uma profusão de empresas que facilitam a vida do americano comum, que precisa resolver suas próprias coisas. Você compra ferramentas no The Home Depot e conserta a janela empenada e apara a grama.
Aluga um caminhão no U-Haul, convida uns amigos e faz sua própria mudança, e por aí vai. E no mundo corporativo? A mulher do cafezinho é uma máquina no corredor. Não há o boy para fazer cópias ou comprar lanches. Faça você mesmo, meu jovem folgado.
Talvez seja só especulação, mas o DIY, que nasceu no pós-guerra como meio de acelerar a retomada do progresso e nos anos 1970 teve um apelo de contracultura, como protesto contra o modelo capitalista representado pela indústria, acabou tendo um efeito colateral: estimulou o empreendedorismo e o espírito inovador, muito fortes naquele país. É algo a se pensar — e a se imitar. Por falar nisso, você arrumou sua cama antes de sair de casa hoje?
São Paulo - Mas que tipo de pessoa frequenta uma loja como esta?
Essa foi a pergunta que fiz à minha irmã que está radicada na Califórnia desde muito jovem. Ela é dona de uma loja de beads, que são aqueles pequenos objetos coloridos usados para fazer colares, brincos e bijuterias em geral, por aqui chamados de contas.
O detalhe é que ela não vende as bijuterias prontas, a pessoa tem de criar sua própria peça e ela coloca, no máximo, o fecho. Meio sem entender por que eu havia feito aquela pergunta, ela respondeu:
— Todo tipo de gente. Garotas, senhoras, estudantes, turistas e até homens de negócio. São pessoas que adotam a atitude DIY porque consideram que isso agrega valor à sua compra.
E eu continuei olhando para ela com cara de interrogação, pois, apesar de haver entendido a resposta, estava claro que havia algo que me escapara. Afinal, o que seria atitude DIY? Minha querida irmã deve ter percebido minha dúvida porque tratou logo de explicar:
— Do It Yourself! Trata-se de uma atitude muito valorizada por aqui. As pessoas gostam de colocar a mão na massa e fazer pequenas coisas com as próprias mãos.
Claro. Faça você mesmo! Não fique esperando que outros façam o que você mesmo pode fazer. Nos Estados Unidos não há a facilidade de contratar mão de obra que resolve nossas pequenas (ou grandes) necessidade cotidianas. Empregada doméstica é um luxo raro. Mesmo pagar uma diarista — em geral uma imigrante — tem de ser aprovado pelo orçamento doméstico. É necessário pôr a mão na massa.
Por isso há uma profusão de empresas que facilitam a vida do americano comum, que precisa resolver suas próprias coisas. Você compra ferramentas no The Home Depot e conserta a janela empenada e apara a grama.
Aluga um caminhão no U-Haul, convida uns amigos e faz sua própria mudança, e por aí vai. E no mundo corporativo? A mulher do cafezinho é uma máquina no corredor. Não há o boy para fazer cópias ou comprar lanches. Faça você mesmo, meu jovem folgado.
Talvez seja só especulação, mas o DIY, que nasceu no pós-guerra como meio de acelerar a retomada do progresso e nos anos 1970 teve um apelo de contracultura, como protesto contra o modelo capitalista representado pela indústria, acabou tendo um efeito colateral: estimulou o empreendedorismo e o espírito inovador, muito fortes naquele país. É algo a se pensar — e a se imitar. Por falar nisso, você arrumou sua cama antes de sair de casa hoje?