Mão no computador: gratuitas, as aulas virtuais têm causado uma certa decepção para as empresas de tecnologia educacional (Mikhail Popov/Stock Exchange)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2015 às 20h35.
Apesar de todos os problemas, as aulas online gratuitas podem ter um efeito positivo prático sobre a sua carreira.
Um novo estudo mostra que a maior parte das pessoas que realizam cursos online abertos e massivos, ou Moocs, na sigla em inglês, dizem que isso ajudou suas carreiras, inclusive valendo para elas um novo emprego ou ajudando-as a montar um negócio.
“Esse tipo de pesquisa ilustra as possibilidades que os Moocs oferecem para mudar o panorama educacional”, escrevem os autores do estudo, publicado nesta terça-feira na revista Harvard Business Review.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Coursera, uma plataforma educacional online, e por professores das universidades da Pensilvânia e de Washington, que deram aulas em Moocs.
Eles consultaram 52.000 pessoas de todo o mundo que fizeram esses cursos.
Setenta e dois por cento disseram que suas aulas online os ajudaram profissionalmente.
Dentro desse grupo, um quarto dos participantes mencionaram as aulas como o motivo pelo qual encontraram um novo emprego. Nove por cento deram crédito ao seu Mooc por ajudá-los a montar um negócio.
Gratuitas, as aulas virtuais têm causado uma certa decepção para as empresas de tecnologia educacional, que inicialmente comercializaram os produtos como uma arma contra o acesso desigual ao ensino.
A pesquisa mostra que quase todos que se matriculam em um Mooc nunca o terminam.
A maioria dos clientes dos Moocs acabou sendo composta por pessoas bem qualificadas e já empregadas em vez de pessoas carentes e batalhadoras a quem as empresas teoricamente estavam ajudando.
“Será que os Moocs são meramente uma diversão intelectual para pessoas bem qualificadas e ricas?”, questiona o estudo, resumindo o ceticismo que persegue o setor de Moocs há anos.
Os autores, que admitem terem motivos particulares em jogo, oferecem corajosamente algumas evidências que contradizem a desesperação.
Os estudantes dos Moocs de países em desenvolvimento se mostraram mais propensos a dizer que os cursos melhoraram suas vidas profissionais de forma tangível do que seus pares dos países desenvolvidos, segundo o estudo.
Dentro do mundo em desenvolvimento, os estudantes de renda mais baixa se mostraram mais otimistas em relação ao impacto dos cursos em suas carreiras.
De uma forma geral, os cursos parecem ter maior impacto sobre a carreira daquelas pessoas que não concluíram uma faculdade.
Obviamente, 80 por cento dos clientes dos Moocs já possuem diploma de bacharelado e 60 por cento são de países desenvolvidos, reconhece o estudo. Isso sugeriria que as pessoas mais propensas a aproveitar as aulas online gratuitas não são aquelas que estão participando delas.