Carreira

9 tendências mundiais que afetam profissionais estratégicos

Daniel Motta, presidente da BMI, cita tendências que terão impacto, nos próximos 5 anos, no papel de profissionais em cargos estratégicos de empresas


	Mundo: em algum momento nos próximos 5 anos, será preciso levar em conta mudanças em curso antes de desenhar a estratégia de negócios
 (Getty Images)

Mundo: em algum momento nos próximos 5 anos, será preciso levar em conta mudanças em curso antes de desenhar a estratégia de negócios (Getty Images)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 18 de novembro de 2014 às 14h00.

São Paulo – Quem trabalha em setores mais globais - como indústria automotiva, por exemplo - já sente transformações nos cenários macroeconômico, social, tecnológico e de negócios.

Outros setores, mais regionalizados, talvez levem mais tempo para perceber algumas tendências, como é o caso da indústria de alimentos.

Mas, é certo, segundo o presidente da BMI, Daniel Motta, que, em algum momento nos próximos 5 anos, será preciso levar em conta as mudanças em curso antes de desenhar a estratégia de negócios de uma empresa. E isso em qualquer setor da economia. 

“De forma geral, são tendências de influência nas empresas do ponto de vista econômico, social e tecnológico”, diz Motta. Por isso, é bom que executivos em cargos de liderança se preparem para as transformações globais descritas a seguir, se a intenção é continuar trazendo resultados. Confira:

1. Transição da ética social

Se a conduta de ordem antigamente era cumprir deveres impostos, hoje a satisfação individual vem em primeiro lugar. E é o que molda escolhas profissionais. A transição é de uma ética ancorada no dever para a ética com foco no prazer, na satisfação.

As pessoas querem trabalhar em empresas que compartilhem seus valores e proporcionem atividades que façam sentido para elas.

Na prática, as organizações são postas em xeque quanto à sua capacidade de reter profissionais. “Missão e visão estratégicas não são mais suficientes. As empresas precisam ter um propósito inspirador que acesse a dimensão emocional de colaboradores e clientes”, explica.

2. Novas configurações familiares

O modelo de família tradicional - com pai, mãe e filhos - dá espaço a novos formatos: casais homossexuais, casais sem filhos, casais em que o bicho de estimação é como um “filho”, idosos, solteiros morando sozinhos ou com os pais etc.

Essa mudança tem impacto visível na economia, segundo Motta, sobretudo em mercados como o imobiliário, automotivo, de alimentos e serviços.

“Antes as empresas classificavam seus consumidores por fatores sociais como renda, faixa etária e estado civil. Hoje, a vanguarda é segmentar mercados por comportamento de consumo”, diz o especialista.

3. Urbanização descentralizada

“Um terço do crescimento mundial até 2020 será nas cidades médias de países emergentes”, diz Daniel Motta. Com isso, novos espaços de trabalho surgem para profissionais. Do ponto de vista das empresas, o desafio é a capilaridade da cadeia de produção.

“Estamos falando de municípios com até 250 mil habitantes, o que, de muitas vezes, inviabilizava uma estratégia eficiente de varejo”, diz Motta.

Cidades médias pedem estratégias adequadas ao seu tamanho. Um exemplo de erro de estratégia é visível no setor de shoppings, segundo Motta. “Empresas construíram shoppings enormes em cidades menores”, diz. Resultado: espaço para locação vazio e prejuízo à vista.

4. Big Data

A capacidade de trabalhar com grande volume de dados externos variados e que chegam em grande velocidade já é uma realidade tecnológica. “As grandes empresas já estão usando”, diz Motta.

O Big Data, explica, é fundamental para quem quer apresentar serviços e produtos adequados à necessidade do consumidor.

5. Arena competitiva digital

Em tempos de convergência tecnológica, ganha quem estiver com sua plataforma digital acessível 24 horas por dia. “E, melhor do que lançar o produto perfeito, é lançar logo”, diz Daniel Motta.

6. Terceira Revolução Industrial

Descrita pela revista The Economist, a Terceira Revolução Industrial, que começou nos anos 2000, marca a capacidade de personalização dos produtos, graças a novas tecnologias, insumos e processos. 

“Se as revoluções de 1760 e 1830 criaram o paradigma da produção massificada, a terceira revolução industrial traz outro modelo mental: o da customização massificada”, explica Motta. Assim, é possível continuar tendo grande escala de produção mesmo fazendo produtos diferentes.

7. Ecossistemas produtivos

As relações de produção são complexas e cruzadas. “Hoje em dia, é possível encontrar uma joint venture entre dois concorrentes, por exemplo”, explica Motta.

Neste cenário distante da tradicional cadeia linear de produção, é preciso ter capacidade para gerenciar estas redes que envolvem parceiros, fornecedores, distribuidores, consumidores, concorrentes, institutos e indivíduos.

Conceitos como o de co-criação de produtos surgem neste cenário, como nova alternativa de inovação, com clientes e fornecedores participando do processo desde o seu início.

8. Retomada oriental

Responsáveis por mais 50% do PIB mundial até 1800, potências orientais voltam a assumir papel de destaque. China e Índia despontam como protagonistas na economia mundial.

Há um impacto de natureza comercial importante, segundo Motta. “Em algum momento da cadeia há, ou haverá, um parceiro de negócios chinês ou indiano”, diz.

Ele também cita a mudança na maneira de se fazer negócios. “Nas relações contratuais, as regras mudam porque são jeitos diferentes de lidar com a relação comercial”, diz.

9. Capitalismo Estatal

“Em países como Brasil, Rússia, Índia, México, Tailândia, Cingapura, o Estado não é um mero regulador do mercado, é um agente econômico que investe pesado”, explica Motta.

BNDES, fundos de pensão estatais, empresas estatais são exemplos brasileiros. “No Brasil não dá para pensar em empresa sem olhar para o governo”, diz ele.

O lado positivo, diz, é que a visão é de longo prazo com projetos de 20, 30 anos. “Já a parte negativa e perigosa ocorre quando estatais e fundos começam a desenvolver relações corruptas ou agem para inibir a atividade privada. Aí, ninguém consegue competir com eles”, diz.

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