São Paulo - Dólar em alta, oportunidades em baixa: a crise econômica tem estragado os planos de muita gente que sonha com uma pós-graduação no exterior.
Ainda assim, a decisão continua valendo a pena - desde que seja desencadeada por uma reflexão madura, afirma Francis Nakada, consultor de carreira da Produtive.
Não é o caso de quem busca um curso estrangeiro por acreditar que o diploma trará imediatamente um benefício sobre sua remuneração ou escalada profissional.
A principal vantagem em estudar fora do Brasil está em conhecer novas culturas, modelos mentais e métodos de trabalho - e os retornos desse investimento vêm a médio ou até longo prazo.
Outro erro está em tomar uma decisão balizada exclusivamente por critérios financeiros, afirma Nakada. Não tem dinheiro para estudar fora? Corra atrás de alternativas como bolsas de estudo ou mesmo subsídios proporcionados pelo seu próprio empregador.
De acordo com a coach Thirza Reis, os custos são uma preocupação obrigatória, mas o movimento deve ser guiado prioritariamente pela sua estratégia de carreira. “O mais importante é avaliar se esse passo condiz com os planos que você tem para si próprio”, explica ela.
Está em dúvida se deve ou não fazer as malas? Veja a seguir motivos contrários e favoráveis à decisão que vão além do dinheiro:
A favor
1. O seu empregador atual (ou desejado) é uma multinacional
Trabalha ou sonha em trabalhar para uma companhia estrangeira? Segundo Thirza, toda empresa do exterior tende a contratar e valorizar profissionais familiarizados com sua língua, cultura e modelos gerenciais. Estudar no país de origem dela - e assim adquirir todos esses recursos - é um acerto em cheio.
2. Os melhores programas de pós-graduação na sua área estão fora do Brasil
De acordo com Nakada, profissionais de áreas como tecnologia, marketing e gestão têm um grande diferencial competitivo no mercado se estudarem em certas universidades americanas que se tornaram referência mundial para essas disciplinas. Embora haja excelentes programas de pós-graduação oferecidos por universidades brasileiras, algumas instituições estrangeiras de renome permitem “beber direto da fonte” em alguns casos.
3. Você pretende seguir carreira internacional
Thirza afirma que executivos com planos de trabalhar fora do Brasil por tempo indeterminado não têm outra escolha a não ser fazer uma pós no exterior em algum momento. “Se esse for o caso, invista numa boa instituição e procure fazer um networking de qualidade lá dentro, que pode ser muito importante para a sua inserção no mercado do país”, orienta.
4. Você está mirando um alto cargo executivo
Aspirantes a cargos de diretoria, ou C-level, ganham muitos pontos se tiverem uma pós-graduação internacional. “Não é um requisito obrigatório, mas é algo muito valorizado para quem pretende ingressar nessa camada hierárquica”, diz Nakada. A razão, segundo ele, está no fato de que esse tipo de experiência amplia a visão de mundo e fortalece a “musculatura” para liderar e tomar decisões.
Contra
1. O momento é de mudanças na sua empresa
Se o seu empregador está passando por um momento de transformações - como uma reestruturação ou fusão, por exemplo - é melhor adiar um pouco os planos de estudar fora. Isso porque, segundo Thirza, ausentar-se num momento crítico pode depor contra a sua reputação. “O que você comunica é que, justamente quando era mais necessário estar presente, você fugiu para cuidar da própria vida”, explica a coach. Também não é recomendável se afastar num momento estratégico para a sua carreira, quando há uma promoção em vista, por exemplo.
2. Você está feliz no seu emprego atual
Quem decide fazer uma pós-graduação fora do país não precisa necessariamente pedir demissão. Porém, diz Nakada, é provável que você se afaste do seu empregador e do seu networking no Brasil. Por isso, se você está começando a estabelecer um círculo de contatos e está feliz com a sua situação atual, talvez este não seja o melhor momento para se distanciar. “Só tome cuidado para não confundir felicidade com permanência na sua zona de conforto”, afirma o consultor.
3. A pós não acrescentará nada de novo à sua formação
Não vale a pena investir numa viagem se a única motivação por trás dela é poder dizer aos outros que você teve uma experiência internacional. “Se você já tem um título parecido ou se o programa não fizer sentido para a sua estratégia de carreira, é melhor ficar no Brasil”, diz Thirza. “Fazer o curso só para ter um diploma estrangeiro no currículo não compensa”.
4. Você não tem ideia do que fará quando voltar ao Brasil
Não tem nenhum plano sobre o que fazer após a obtenção do título? Melhor se preparar mais antes de fazer as malas. Segundo Nakada. muitos executivos acreditam que o diploma aumentará muito a sua empregabilidade, o que é uma expectativa ingênua. Na prática, diz ele, nada será garantido na sua volta ao Brasil - o que torna indispensável um bom projeto para a hora de confrontar o mercado de trabalho novamente.
São Paulo - Ano após ano,
Harvard aparece em
rankings internacionais como a
melhor e
mais prestigiada universidade do planeta. Fundada em 1636, é a instituição de ensino superior mais antiga dos
Estados Unidos e coleciona ex-alunos ilustres como Barack Obama, Bill Gates e Mark Zuckerberg. Com tantos atrativos, é natural que a
universidade seja cobiçada por estudantes do mundo inteiro. Entre os brasileiros, esse interesse só tem aumentado. Segundo dados da universidade, no ano letivo 2010-2011, havia 62 estudantes do país em Harvard. Hoje são 117 - e esse número segue crescendo. O caminho até a admissão, porém, é difícil: a instituição é famosa por aplicar processos seletivos rigorosos, que exigem muito mais do que um excelente desempenho acadêmico do candidato. Dez brasileiros aceitos em Harvard em 2015 contaram a
EXAME.com quais os fatores que mais contribuíram para sua aprovação na universidade. Navegue pelos slides para ler suas histórias.
2. Camila Kataguiri, 26 anos 2 /12(Divulgação)
Cidade natal: São Paulo (SP) Curso em Harvard: MBA na Harvard Business School Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? “Não basta ter um histórico acadêmico brilhante ou uma nota excepcional no teste de admissão; você precisa ter atividades extracurriculares, acumular experiências desafiadoras e mostrar espírito de liderança”, explica Camila. “Encontrar tudo isso com apenas 26 anos foi o meu grande desafio”. O que mais contribuiu para sua aprovação? Aluna de “notas normais” na faculdade, Camila diz que seu grande diferencial foram as atividades extracurriculares. “Sempre fui muito esportista, cheguei a praticar 8 modalidades ao mesmo tempo e fui capitã de alguns times”, conta. Além disso, ela diz que suas experiências profissionais no Deutsche Bank e na Janos Holding fizeram brilhar os olhos dos avaliadores.
3. Rafael Andrade, 28 anos 3 /12(Divulgação)
Cidade natal: Limeira (SP) Curso em Harvard: Master of Laws (LLM) na Harvard Law School. Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? O maior obstáculo foi a falta de tempo para a preparação. “Estava trabalhando a todo vapor quando decidi me candidatar", diz Rafael. "Só tinha tempo para estudar de madrugada ou no fim de semana”. O que mais contribuiu para sua aprovação? Reunir características raras em outros candidatos foi o trunfo de Rafael. “Harvard gosta de montar turmas diversas, então é bom ter algo de único no seu perfil”, explica. "No meu caso, contou muito minha pesquisa acadêmica sobre fusões e aquisições, uma área pouco desenvolvida pelos meus concorrentes".
4. João Guarisse, 27 anos 4 /12(Divulgação)
Cidade natal: Porto Alegre (RS) Curso em Harvard: MBA na Harvard Business School Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? “Meu maior desafio foi parar para pensar nos meus pontos fortes, objetivos de vida, exemplos de liderança", conta João. “Não estamos acostumados a processos seletivos assim nas faculdades do Brasil”. O que mais contribuiu para sua aprovação? Contar uma história pessoal coerente e autêntica é o segredo para cativar Harvard, afirma João. “Eu mencionei que era nerd e gostava de videogame, por exemplo, o que soou genuíno, provou que eu não estava interpretando um personagem”, diz ele. Experiências de liderança e participação em projetos internacionais também contaram pontos a favor do estudante.
5. Arthur Lopes, 18 anos 5 /12(Divulgação)
Cidade natal: Curitiba (PR) Curso em Harvard: Graduação (curso só será escolhido após o 3º semestre) Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? O processo é extremamente diferente do vestibular. A parte mais difícil foi o ensaio pessoal, um texto de até 650 palavras com tema livre. "Além da dificuldade de escolher um assunto, reescrevi tudo seis vezes até ficar satisfeito", conta o estudante. O que mais contribuiu para sua aprovação? Arthur tem uma história de vida singular: foi morar sozinho aos 14 anos, no Reino Unido, para cursar o ensino médio. “A escolha de sair de casa tão cedo para estudar a 10 mil quilômetros de distância foi completamente minha, meus pais nunca me forçaram a nada”, diz ele. “É essa individualidade de pensamento, associada com excelência acadêmica e dedicação a projetos pessoais, que universidades como Harvard querem”.
6. Cecília Pessanha, 26 anos 6 /12(Divulgação)
Cidade natal: Rio de Janeiro (RJ) Curso em Harvard: mestrado em políticas públicas na Harvard Kennedy School of Government. Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? Os ensaios foram a parte mais difícil do processo. Para Cecília, conseguir descrever toda a sua história e seus objetivos profissionais de forma clara e sucinta foi um exercício e tanto de introspecção. "Além disso, muitas vezes é difícil soar autêntica em uma folha de papel”, afirma. O que mais contribuiu para sua aprovação? Provar que estava alinhada com a missão da escola foi fundamental. A estudante também acredita que se diferenciou da concorrência porque conseguiu mostrar como poderia contribuir para a comunidade caso fosse aprovada.
7. Vitor Moutinho, 33 anos 7 /12(Divulgação)
Cidade natal: Belém (PA) Curso em Harvard: Mestrado em epidemiologia do câncer na Harvard School of Public Health. Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? A falta de tempo para se preparar foi o maior empecilho para Vitor. “Eu fazia especialização, então minha rotina era atender pacientes e fazer cirurgias de dia e estudar à noite”, conta. “Sei que é difícil comparar, mas entendo quando as mães se falam sobre dupla jornada”. O que mais contribuiu para sua aprovação? O apoio de amigos brasileiros e as bolsas de estudo da Fundação Lemann são os fatores lembrados pelo médico. Ele também diz acreditar em “sonhos impossíveis”. “O povo brasileiro é extremamente talentoso e inteligente, precisa colocar em prática seus planos”, diz Vitor.
8. Erick Ribeiro, 31 anos 8 /12(Divulgação)
Cidade natal: Niterói (RJ) Curso em Harvard: Master of Laws (LLM) na Harvard Law School. Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? “O maior desafio foi atravessar todo o processo um pouco 'no escuro', já que não existe nenhum guia explicando o que cada universidade gostaria de ouvir”, explica. “Aprendi que o importante é ser autêntico”. O que mais contribuiu para sua aprovação? "Acho que a minha experiência profissional contou muito para os avaliadores”, explica Erick. “Tive muito contato com a prática do setor público, que será justamente o foco dos meus estudos em Harvard".
9. Maria Júlia Spínola, 25 anos 9 /12(Divulgação)
Cidade natal: São Paulo (SP) Curso em Harvard: MBA na Harvard Business School Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? O principal desafio foi se preparar para o GMAT (Graduate Management Admission Test), um dos exames aplicados por Harvard. “Eu queria tirar uma nota alta, mas estava trabalhando num banco de investimentos na época’”, conta. “Conciliar o trabalho com os estudos foi extremamente difícil”. O que mais contribuiu para sua aprovação? Maria Júlia diz que sempre foi muito dedicada ao trabalho e aos estudos. “Além da minha experiência profissional, minhas notas altas na faculdade e o fato de ter me formado com honra ajudaram muito”, explica.
10. Fernanda Muzzio Almirão, 29 anos 10 /12(Divulgação)
Cidade natal: São José dos Campos (SP) Curso em Harvard: MBA na Harvard Business School Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? A etapa das provas foi a mais estressante para Fernanda. “ Apesar da preparação, eu não consegui melhorar significativamente minha nota do GMAT (Graduate Management Admission Test) e refiz a prova algumas vezes, o que me consumiu muito tempo”, lembra. O que mais contribuiu para sua aprovação? Fernanda acredita que seu diferencial foi a experiência com gestão de pessoas. “Antes do MBA, trabalhei por cinco anos gerenciando equipes direta ou indiretamente”, explica. Ela também menciona o apoio de seus empregadores, fundamental para conseguir conciliar a rotina de trabalho na empresa com o processo seletivo.
11. Arthur Aguillar, 23 anos 11 /12(Divulgação)
Cidade natal: São Paulo (SP) Curso em Harvard: MPA/ID na Harvard Kennedy School of Government. Qual foi a maior dificuldade do processo seletivo? O primeiro desafio foi montar uma estratégia para a sua candidatura, isto é, o que dizer nas redações, quais aspectos da sua história pessoal destacar, quais disciplinas mais estudar para os exames. “Outro grande desafio foi ter paciência com a burocracia do processo”, comenta. O que mais contribuiu para sua aprovação? Para Arthur, foi fundamental ter participado projetos de desenvolvimento econômico em diversas instituições internacionais. “Trabalhei com instituições como a London School of Economics e me envolvi com projetos no Brasil e em Moçambique”, conta. Ele também menciona o apoio de chefes e professores, que serviram como "fiadores" de sua candidatura nas cartas de recomendação.
12. Veja agora o preço do MBA nas escolas mais difíceis de entrar dos EUA 12 /12(Thinkstock)