11 profissões para quem gosta de colocar o pé na estrada
Confira carreiras em diferentes áreas mas com algo em comum: muitas viagens. De agronomia a jornalismo veja o que profissionais contam sobre sua rotina
Camila Pati
Publicado em 27 de maio de 2014 às 07h17.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h52.
Muito além de piloto de avião e comissário de bordo. A rotina intensa de viagens não é exclusividade de quem faz de uma aeronave o seu escritório de trabalho. Durante os últimos dias, EXAME.com conversou com profissionais de diferentes áreas mas com um aspecto em comum: muitas viagens a trabalho. O resultado é esta lista com 11 carreiras para quem gosta de colocar o pé na estrada. A tentativa foi a de sair do óbvio, por isso, algumas delas não são, naturalmente, relacionadas a grandes quilometragens rodadas a trabalho. Confira:
Engenheiro agrônomo por formação, Edson Corbo viaja toda semana a trabalho. Como gerente de desenvolvimento agronômico da NexSteppe, empresa que desenvolve matérias primas, ele oferece assistência técnica a clientes, treinamentos, faz testes com sementes hídridas, acompanha o crescimento das culturas em suas principais fases. Também realiza reuniões com o time de técnicos da NexSteppe no Brasil e também nos Estados Unidos. Como nossos clientes estão espalhados pelo país inteiro, programamos visitas frequentes para fazer o acompanhamento e também para fazer demonstrações dos produtos, diz ele. Na época em que estudava agronomia, ele conta que já imaginava que viagens a trabalho seriam rotina. Mas elas se tornam mais frequentes quando o profissional assume um cargo de gestão. No começo da carreira as viagens são menos frequentes, diz.
A rotina de viagens pode ser bastante intensa para corretores de seguros corporativos nas áreas de infraestrutura, energia e agribusiness. Isso acontece porque visitas aos locais onde estão instaladas obras, usinas e plantas industriais são parte essencial do trabalho do corretor de seguros para empresas. O trabalho de identificação dos riscos e acompanhamento das inspeções com as seguradoras e resseguradoras em apoio ao cliente também é de fundamental importância nessa atividade, explica James Kawano, vice-presidente técnico da VIS Corretora. Por conta da profissão, ele conta já ter tido a oportunidade de estar lugares em que poucas pessoas tiveram acesso. Conheci uma usina na base de um vulcão ativo, estive em túneis que atravessam a Cordilheira dos Andes, e em diversas unidades fabris, ferrovias, portos, usinas hidrelétricas e outros lugares pouco conhecidos, conta.
Viagens são parte integrante da vida de um intérprete, porque há muitas conferências, congressos ou visitas fora da cidade de residência, diz Tereza Sayeg, presidente da Associação Profissional de Intérpretes de Conferência (APIC). Não há rotina na vida profissional, diz Tereza. Quer exemplos? Num dia, ele pode estar acompanhando uma missão veterinária da União Europeia visitando frigoríficos no Rio Grande Sul e Santa Catarina. Em outra ocasião, pode trabalhar em congresso de médicos na Costa do Sauípe e em seguida viajar ao Peru para encontros da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL). Todas estas viagens foram feitas por Tereza neste primeiro semestre de 2014. Na foto, Tereza aparece trabalhando como intérprete de conversa entre os ex-presidentes Lula, do Brasil e Nicolas Sarkozy, da França.
Vendedores regionais e nacionais são profissionais com intensa agenda de viagens, segundo Marcelo Olivieiri, gerente de vendas da Talenses. Geralmente estes profissionais passam vários dias úteis viajando, diz Olivieri. Alberto Amaral é gerente nacional comercial da Pernod Ricard Brasil. Por estar já em cargo de gestão, hoje ele viaja em torno de uma vez por mês, mas há períodos em que o volume de viagens triplica. Interessado em desenvolver novos negócios para a Pernod Ricard Brasil ele diz que viajar é a única maneira de entender as particularidades de seus clientes, espalhados pelo Brasil. Também viajo para estar próximo da minha equipe de vendedores, para dar suporte, conta.
Não é certo que ao escolher a área de TI, o profissional já deva se preparar para fazer as malas. Mas, para principalmente quem gerencia projetos de TI para grandes corporações ou consultorias o volume de viagens pode, sim, ser alto, segundo Marcelo Olivieri, da Talenses. É o caso de Rodrigo Ritter, gerente de TI e bioinformática da NexSteppe. Costumo ir para a Califórnia e para o Texas nos Estados Unidos a cada 2 meses em viagens que normalmente duram duas ou três semanas, além de fazer outras viagens pelo Brasil, diz. Mesmo sendo um profissional de tecnologia, ele acredita que nada substitui o contato presencial. É tão estar em contato com as pessoas quando se discute um projeto. Uma reunião de alguns minutos presencialmente é mais produtiva do que várias horas ao telefone e inúmeros emails, diz.
Advogados que escolhem a área contenciosa empresarial e imobiliária em grandes escritórios de advocacia devem se preparar para viajar mais do que muitos de seus colegas de profissão. É o que diz o sócio do escritório Stocche Forbes, Rafael Passaro, especializado na área contenciosa cível, contratos e de direito do consumidor. Esta área tem uma particularidade. Atendo clientes no Brasil inteiro, viajo para audiências, julgamentos, vou a fóruns e tribunais, diz ele. Há muito, conta Passaro, que a geração de negócios deixou de ser só intensa no eixo Rio-São Paulo, o que contribui para maior volume de viagens a trabalho. O mesmo acontece com a advocacia imobiliária, segundo ele. E, caso os negócios entre empresas envolvam clientes internacionais, o advogado também deve estar preparado para carimbar seu passaporte. Passaro diz viajar pelo Brasil quase toda semana para estadas mais curtas. Mas também faz viagens internacionais a trabalho, sobretudo para os Estados Unidos e Inglaterra.
Carlos Merussi, subgerente de marketing da Yamaha Musical do Brasil, diz define seu trabalho como marketing puro. É conhecer o mercado, saber o que ocorre, diz. Neste contexto, como subgerente da área na Yamaha Musical, suas viagens são frequentes. Pesquisa de mercado, lançamento de novos produtos, e visitas a revendedores são alguns dos motivos que faz Merussi colocar o pé na estrada. Viajo, em média, a cada 15 dias. Vou a capitais e a cidades médias do Brasil, conta. E para ele, há 11 anos trabalhando na Yamaha, as sair de São Paulo para trabalhar não foi novidade. Sou músico também e costuma tocava com bandas. Viajávamos bastante, diz.
A disponibilidade para viajar é uma das regras de ouro de quem deseja seguir na carreira de palestrante. No ramo há 5 anos, Eline Kulloch tem as viagens como parte de sua rotina de trabalho. Viajo pelo menos todo mês para fazer palestras Brasil afora, conta a especialista em Geração Y que também é headhunter. Visitar lugares diferentes, diz Eline, traz grande benefício. Sempre voltamos com uma bagagem diferente diz.
Viagens são frequentes para auditores internos de grandes companhias e externos aqueles que trabalham para consultorias, segundo explica Emerson Ferreira, sócio da Deloitte. Quando é interno, o auditor que trabalha em uma grande pode ser chamado a viajar para auditar processos em escritórios e plantas fora da sede. Já um auditor externo, ao trabalhar para uma consultoria pode viajar para auditar processos e mecanismos de controle interno para emissões de demonstrativos financeiros, por exemplo. Um auditor pode ter que viajar pelas fábricas e escritório de uma empresa para fazer os procedimentos de auditoria, diz Emerson Ferreira. Mas em geral, diz, não são viagens muito longas. Procedimentos de auditoria não são muito extensos, na média, viagens duram uma semana, em média, diz.
Engenheira química por formação, Lea Mayor é responsável por gerenciar, implementar, e garantir a conformidade legal de programas relacionados a meio ambiente, saúde e segurança nas fábricas e centros de distribuição da multinacional Pepsico no Brasil. Por conta disso, sua agenda inclui viagens toda semana para visitar fábricas, e se reunir com suas equipes locais. Por se tratar de uma multinacional, o objetivo é comum, mas a forma de alcançá-lo varia. Conforme o local, os processos são diferentes, conta. Assim, viajar é fundamental para o seu trabalho. Para conhecer a fábrica, a comunicade local, os órgãos públicos locais.
Entre os jornalistas, aqueles que são especializados em turismo são os que, em tese, mais viajam. Que o diga Fernando Souza, hoje editor da revista Viagem e Turismo. Para se ter uma ideia sua última viagem longa a trabalho foi de dar inveja a muito turista. Em janeiro, passei 3 semanas esquiando nos Alpes alemães, almoçando e jantando em restaurantes estrelados, conta. No roteiro deste ano ainda estão programadas viagens a trabalho para Estados Unidos e para Alemanha. Mas sua bagagem de viagens é longa. Trabalhou 8 anos no Guia Quatro Rodas ( 2002 a 2010) e lá era mês sim mês não com o pé na estrada. E com roteiros frenéticos. Às vezes, eu acordava em uma cidade e não conseguia lembrar onde eu estava, precisava pegar as minhas anotações para lembrar, conta ele que chegou a ir de São Paulo a fronteira com a Bolívia, de carro, marcando todos os postos de gasolina do caminho para colocar no guia.