De emprego a saúde: o ciclo de atenção às questões políticas
Saúde pública volta com força às preocupações dos brasileiros, mas divide espaço com economia
Da Redação
Publicado em 27 de maio de 2021 às 16h52.
Última atualização em 27 de maio de 2021 às 17h03.
Por André Jácomo*
Desde o começo dos anos 1990, as pesquisas de opinião costumam sempre divulgar um dado importante para entender o que está no centro da agenda política da sociedade: a percepção dos brasileiros sobre o principal problema do país. O resultado dessa pergunta, às vezes escondido nas divulgações dos relatórios, sempre ajudou muito a antecipar importantes tendências políticas.
De 1994 até 2008, as pesquisas de opinião mostraram que a atenção da opinião pública estava concentrada no problema do emprego. Nesse período, aproximadamente 40% dos brasileiros apontavam a falta de emprego como o principal problema do país. Pouco depois disso, em 2002, Lula foi eleito presidente da República.
Então, outro problema passou a surgir como o foco da atenção da sociedade. De 2009 até 2015, a questão da saúde pública sempre apareceu como o principal problema do país. O problema da saúde pública chegou a ser citado por 41% dos brasileiros em pesquisas divulgadas em fevereiro de 2014. Perto da Copa do Mundo realizada no país, diversos grupos foram às ruas pedindo que o governo priorizasse gastos em hospitais e não em estádios de futebol.
A partir de 2016, a corrupção foi o principal problema do país na percepção da sociedade, muito por conta da presença constante da Lava-Jato na imprensa, nas redes sociais e nas conversas das pessoas. No período, o problema chegou a ser apontado como o principal problema por 32% dos brasileiros. Dois anos depois, Jair Bolsonaro foi eleito presidente da República com um forte discurso ético e moralizador da política.
E agora?
Em meio a uma pandemia mundial, com notas mais graves aqui no Brasil, a saúde pública naturalmente voltou ao centro da agenda da opinião pública. Mas o que chama a atenção nesse atual ciclo é que a percepção do problema da saúde está bem menos intensa do que no período anterior. Agora, as pesquisas mostram que aproximadamente 27% escolhem a saúde como o principal problema, dividindo a atenção com os problemas econômicos, os quais são citados com intensidade muito próxima.
Para 2022, isso pode ser bom e ruim para o candidato do governo e adversários, com uma eleição mais fragmentada em termos de atenção da opinião pública.
*André Jácomo é diretor do Instituto FSB Pesquisa
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