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Cristiano Zanetta: como 4 passos da jornada do herói te ajudam nas decisões

Seja pessoa, seja organização, é necessário que a jornada esteja alinhada a um projeto, visando compreender as dificuldades e qual será o novo norte

Cristiano Zanetta, o Batman do Brasil (Bússola/Divulgação)

Cristiano Zanetta, o Batman do Brasil (Bússola/Divulgação)

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Publicado em 6 de janeiro de 2023 às 16h00.

Última atualização em 6 de janeiro de 2023 às 16h50.

Por trás de todo percurso há uma origem, uma história e um objetivo. E a única coisa que temos certeza é que nunca sairemos os mesmos depois de percorrê-lo, pois esse é um trajeto que nos convoca a mudar, seja através do propósito ou das dificuldades.

Em 1989, a Jornada do Herói foi criada partindo de uma análise do pesquisador Joseph Campbell, em seu livro O Herói das Mil Faces, no qual seriam utilizados 12 passos para alcançar o heroísmo. Trata-se de um modelo de história que já inspirou inúmeros filmes, com uma narrativa que envolve o protagonista que embarca em uma aventura, aprende a lição, obtém a vitória com esse conhecimento recém-descoberto e depois volta para casa transformado.

Foi diante deste estudo que desenvolvi a minha própria metodologia, reduzida em quatro etapas, pois dentro de uma oncologia o maior vilão é o tempo. Durante as visitas sociais a pacientes com câncer associado à depressão, simplesmente não há tempo para vivenciar essa narrativa de forma tão prolongada.

E o resultado disso também pode ser utilizado em uma empresa como ferramenta de incentivo e organização de metas, tornando-se um caminho com desafios a serem enfrentados rumo a um objetivo que deve ser alcançado.

Supondo que uma empresa seja uma pessoa, na jornada do herói, a origem é fundamental para classificar os 12 passos. Toda empresa passa por essa transição. E, caso ela não esteja muito bem definida, é possível que lá na frente haja conflitos existenciais, justamente por não conseguir mostrar uma história (o motivo de estar no mercado). Seja pessoa, seja organização, é necessário que a jornada esteja alinhada ao projeto de vida, visando compreender as dificuldades e qual será o novo norte.

O motivo da diminuição da quantidade de passos da Jornada de Campbell é o tempo. Para fazer com que a pessoa saia da depressão ou da crise, é necessário tornar aquele único atendimento em um momento suficiente para salvar a vida de alguém. E, então, surgem os quatro passos da minha jornada.

Primeiro: a face verdadeira

Nós sempre estamos em constante mudança para identificar quem somos. Essa é a etapa que te desafia a olhar para dentro de si e entender quem você realmente é. Reconhecendo que, independentemente das vivências, há sempre algo de verdadeiro em nossa essência.

Existe a teoria de um provérbio japonês que diz que todo mundo tem três faces. A primeira é aquela que mostramos ao mundo, diplomaticamente perfeita. A segunda é aquela que mostramos aos nossos familiares e amigos, a semirreal, mas não a mais verdadeira. E por fim, a terceira, que é aquela que escondemos de todos, nunca mostramos a ninguém e esse é nosso reflexo mais verdadeiro — que podemos associar ao caráter, compaixão, ego e empatia.

Ou seja, quem realmente nós somos além do que fazemos em nosso dia a dia, no trabalho, ou do que camuflamos para os outros?

Segundo: propósito

O estudo de Victor Frankl no livro Em busca de um sentido, retrata a procura de um norte para a vida. Assim como toda empresa ou pessoa deve fazer, seguir um propósito. Essa etapa te instiga a entender o que te move e o que te faz levantar da cama.

Como alguém que tem o intuito de fomentar a equidade entre os gêneros dentro de uma empresa que dá poucas oportunidades para que mulheres ocupem cargos de liderança, ou quem trabalha na área da saúde que tem por objetivo ajudar o outro. Então toda empresa ou toda pessoa deve seguir um propósito. E é normal que eles estejam sempre mudando conforme você vai conseguindo alcançar os seus objetivos.

Terceiro: jornada

Ter um objetivo claro, buscar os melhores caminhos para conseguir alcançá-lo, e saber quem pode te ajudar no processo. Mas, para a realização de um sonho, é preciso entender que haverá metas e missões, e tudo aquilo que tem um data deixa de ser apenas uma “fantasia”. Esse é um processo para descobrir quais são as suas missões, e entender o que deve ser feito para fazer com que a meta seja atingida de forma mais rápida e eficiente.

Por exemplo, investi e montei uma academia moderna, criei uma modalidade de exercícios com o intuito de colocar franquias, então, vendi tudo. Hoje, trabalho como palestrante, decidi que não queria mais aquela vida e me mudei para São Paulo. Ou seja, para isso acontecer tive de montar um planejamento estratégico para visualizar onde gostaria de chegar, buscando suporte de quem poderia me ajudar durante o processo.

Quarto: batalha

Nesta etapa podem acontecer duas coisas: perder ou ganhar. Ao ganhar, é possível dar início a um novo rumo. Mas, ao perder, também há a chance de recomeçar com mais experiência. Em uma batalha, quando se está sujo de sangue ou lutando pela vida dentro de uma oncologia, não é possível ser mais a mesma pessoa depois de superar esse grande desafio. É neste momento que entendemos que a relação da existência do próprio eu passa a fazer sentido com o nosso propósito.

Após 15 anos visitando hospitais e ajudando pessoas, principalmente no setor paliativo, o que eu mais ouvi delas foi a tristeza de não ter mais tempo para realizar o que sempre quis. Essa é a parte mais dura, porque elas já sabem quem realmente são e o que gostariam de fazer, mas estão fisicamente impossibilitadas. E muitas delas precisaram lidar com o medo. E ele também está presente durante a batalha, o grande desafio é enfrentá-lo. O Batman utiliza isso como ferramenta de combate, ele faz com que o outro fique amedrontado. Mas ele também trabalha com esperança. Os dois estão associados.

No momento em que você entende o seu medo e sabe o que precisa mudar na sua vida, surge uma sensação de esperança iniciando uma nova etapa: a hora de se descobrir novamente.

*Cristiano Zanetta é empresário, palestrante e filantropo. Há mais de 15 anos realiza visitas sociais em oncologias de hospitais por todo o país, utilizando a armadura do homem morcego e é o único reconhecido oficialmente pela Warner Bros. Entertainment Inc. como o Batman do Brasil

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