Baby Shark bate 10 bi de visualizações e traz sardinhas que surfam a onda
Empresa criadora do fenômeno lucra com produto, mas domínio-público permite entrada de concorrentes
Bússola
Publicado em 16 de janeiro de 2022 às 11h30.
Última atualização em 16 de janeiro de 2022 às 11h33.
Por Danilo Vicente*
“Baby Shark, doo doo doo doo doo doo”. Pronto, o seu dia será lembrando a música que mais bombou na história do YouTube. O vídeo “Baby Shark Dance” passou na última quinta-feira, 13, dos 10 bilhões de visualizações. É o primeiro a superar essa barreira.
Com pouco mais de dois minutos e apenas 18 palavras de letra, a produção é um sucesso que não para. Somente nos últimos dois anos foram 3 bilhões de views acumulados. O resultado é tão estrondoso que está 2,3 bilhões de visualizações à frente de Despacito, a música de Luis Fonsi, segunda no ranking.
Este estouro é sinônimo de sucesso para a SmartStudy, empresa sul-coreana que criou o vídeo. Porém, é também uma boa lição.
A SmartStudy tem um canal no YouTube chamado Pinkfong. Lá está o vídeo original e seus 10 bilhões de acessos. Mas, devido às taxas mínimas de royalties pagas pela rede do Google, a SmartStudy tem de investir em negócios auxiliares. E aí vem o problema.
A música é baseada em uma tradicional canção dos Estados Unidos, comum em acampamentos. Acredita-se que surgiu na década de 1970 por causa do sucesso de Tubarão no cinema.
A SmartStudy é proprietária de vídeos e gravações que criou e solicitou registro para roupas, brinquedos, enfeites de Natal e até equipamentos de pesca.
No entanto, como a matéria-prima por trás do sucesso é de domínio público, concorrentes solicitaram registro de marca para bolos, salgadinhos, kits de aquário, cogumelos e até borra de café.
A editora de livros Scholastic, por exemplo, vende obras de Baby Shark sem acordo com a SmartStudy. E seus títulos já passaram um milhão de cópias.
Não que a SmartStudy esteja deixando de ganhar dinheiro. Já fechou acordo com a Kellogg's e fabricantes de lençóis, brinquedos de banho, livros para colorir, roupas, fantoches e fantasias de Halloween. Até um musical foi lançado nos Estados Unidos.
O caso “Baby Shark” mostra que bombar no Youtube pode ser sinônimo de “ganhar na loteria”. Tanto para os tubarões que criam o vídeo e o negócio quanto para as sardinhas que pegam a mesma onda.
*Danilo Vicenteé sócio da Loures Comunicação
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | LinkedIn | Twitter | Facebook | Youtube