Ana Busch: Por que queremos um país mais preto, feminino e diverso
Diretora de Redação da Bússola traz um resumo do melhor conteúdo do portal para você aproveitar bem seu fim de semana
Bússola
Publicado em 20 de novembro de 2021 às 16h59.
Última atualização em 23 de novembro de 2021 às 11h21.
Por Ana Busch*
Resolvi subverter o espírito desta coluna, que normalmente resume o melhor que a Bússola traz na semana. Editando nosso colunista Preto Zezé pela manhã, decidi escrever sobre o hoje. O hoje que queremos, um hoje necessário. Trocamos mensagens ontem o dia todo, e ele, na luta, manda um último recado já de madrugada, depois de me consultar antes – "tu dorme tarde?" -, e retoma, hoje logo cedo com o artigo pronto.
Zezé é um líder na melhor das acepções. Dialoga bem com vários segmentos, sem perder de vista os interesses daqueles que representa. E uso suas palavras para tratar do Dia da Consciência Negra. "Um país mais preto é um país necessário, urgente e melhor."
O assunto não é brincadeira. Um estudo do Ministério da Saúde mostra mostra que jovens negros com até 29 anos são os que mais cometeram suicídio no Brasil nos últimos anos. O estudo vai além. Diz que jovens pretos têm 45% mais riscos de desenvolver depressão que brancos.
Mais: o instituto Locomotiva revelou que sete em cada dez negros já sofreram preconceito em lojas, shoppings, bares, restaurantes ou supermercados. "Naturalizamos a ausência de determinados grupos sociais, especialmente em espaços de tomada de decisão", diz o advogado, professor e filósofo Silvio de Almeida.
Um atraso vergonhoso e um paradoxo evidente em um país em que a população preta, majoritária, movimenta mais de R$ 1,7 trilhão e representa 51% dos microempreendedores. E o chamado black money , o dinheiro que circula entre pretos e pardos, cresce e se fortalece. Isso precisa estar refletido no cotidiano das empresas, nas lideranças. O mundo corporativo precisa limpar suas lentes ao pensar questões sobre racismo e diversidade. E você, lendo este texto, pode ajudar, se informando durante o feriado.
Mulheres
Tenho que confessar que escrevi a primeira parte deste texto com apreensão, um pouco envergonhada, meio fora de lugar, na minha condição privilegiada. Mas o tempo todo, fui traçando paralelos com o mundo mais feminino que também buscamos.
Um relatório da Secretaria de Política Econômica do governo, de setembro, mostra que dois a cada três desempregados são mulheres. No total, há quase 7 milhões sem emprego no Brasil – não é preciso dizer que as negras representam a maioria. É mais uma das sequelas emocionais deixadas pela pandemia. Um plano de retomada da economia precisa pensar na contratação de mulheres e de mães.
A grande preocupação e a principal prioridade das mulheres hoje, no Brasil, segundo pesquisa da Consumoteca, é pagar as contas, seguida por ter casa própria. E, para que isso aconteça para todas, precisamos mudar paradigmas. Para equacionar e ter cada vez mais mulheres empreendedoras, precisamos partir do básico e garantir, como nos lembra Beatriz Leite, segurança alimentar, acesso ao digital e acesso ao capital.
Para completar, igualmente importante, representatividade política. Mulheres ainda representam apenas 25% das cadeiras nos parlamentos no mundo. Karen Vervuurt, da ONG Elas no Poder, nos lembra também que homens e mulheres na política continuam sendo julgados por padrões desiguais. E isso precisa mudar.
A grande preocupação e a principal prioridade das mulheres hoje, no Brasil, segundo pesquisa da Consumoteca, é pagar as contas, seguida por ter casa própria. E, para que isso aconteça para todas, precisamos mudar paradigmas. Para equacionar e ter cada vez mais mulheres empreendedoras, precisamos partir do básico e garantir, como nos lembra Beatriz Leite, segurança alimentar, acesso ao digital e acesso ao capital.
Para completar, igualmente importante, representatividade política. Mulheres ainda representam apenas 25% das cadeiras nos parlamentos no mundo. Karen Vervuurt, da ONG Elas no Poder, nos lembra também que homens e mulheres na política continuam sendo julgados por padrões desiguais. E isso precisa mudar.
Navegar é preciso
A Bússola dá muito espaço para a discussão sobre ESG, as três letrinhas tão faladas para tratar de práticas ambientais, sociais e de governança saudáveis nas organizações. Renato Krausz e Danilo Maeda escrevem semanalmente sobre o tema. Tratamos também da inserção dos 50+ no mercado de trabalho na coluna de Mauro Wainstock. E misturamos tudo isso na recém-chegada coluna de Emannuelle Junqueira. Esses assuntos estão todos intimamente ligados.
Ao final desse giro pelas últimas semanas fiquei contente de relembrar que esta é a Bússola. Foi bom navegar neste espaço que trata de negócios, de empreendedorismo, sob tantos prismas.
Diversidade não é questão de escolha. Empresas mais diversas funcionam melhor. Pensam melhor, trazem soluções melhores. Assim também é com o mundo.
*Ana Busch é jornalista, diretora de Redação da Bússola e sócia da Tamb Conteúdo Estratégico
Este é um conteúdo da Bússola, parceria entre a FSB Comunicação e a Exame. O texto não reflete necessariamente a opinião da Exame.
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