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Remy Sharp
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Trinta e cinco presos em atos golpistas disputaram eleições

Foram 27 candidatos a vereador, dois a prefeito, dois a deputado federal, seis a estadual e um na disputa para deputado distrital

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Atos golpistas: cinco detidos no ataque dos bolsonaristas radicais concorreram pelo menos a mais de uma eleição (WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO/Estadão Conteúdo)

Atos golpistas: cinco detidos no ataque dos bolsonaristas radicais concorreram pelo menos a mais de uma eleição (WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO/Estadão Conteúdo)

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Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de janeiro de 2023, 18h37.

Última atualização em 29 de janeiro de 2023, 15h27.

Trinta e cinco presos pelos atos golpistas em Brasília se candidataram a um cargo público nas eleições municipais de 2020 ou no pleito do ano passado. Cruzamento de dados do Estadão na lista de detidos divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encontrou suplentes de vereadores, de deputados federais e uma parlamentar em exercício, além de políticos que disputaram prefeituras em 11 Estados do país.

Cinco detidos no ataque dos bolsonaristas radicais concorreram pelo menos a mais de uma eleição. Foram 27 candidatos a vereador, dois a prefeito, dois a deputado federal, seis a estadual e um na disputa para deputado distrital.

O partido que mais aparece na lista dos políticos presos é o PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, com seis nomes. Outros ex-candidatos detidos são filiados a partidos da base do ex-presidente. São legendas como Patriota (cinco), PSL (cinco), PRTB (três) e PTB (três). Entre os nomes que não foram eleitos e que foram presos nos atos golpistas estão Paulo da Caçamba (Jaru-RO), Loirão da Taboca (São Félix do Xingu-PA), Marcão Bola de Fogo (Pintangueiras-SP), Sargento Fernandes (Nuporanga-SP), Roger Galetos (Teixeira de Freitas-BA).

Eleita nas últimas eleições municipais, a vereadora Odete Correa de Oliveira Paliano (PL), a Odete Enfermeira, de 55 anos, é uma das mulheres detidas na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF). Apoiadora de Bolsonaro, Odete é parlamentar em Bom Jesus, município de Santa Catarina.

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No ano passado, Odete se candidatou à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), mas não foi eleita. A parlamentar apareceu em fotos e em campanha ao lado do candidato bolsonarista ao governo de Santa Catarina Jorginho Mello (PL), que doou R$ 13.898,14 à colega de partido, e R$35 mil da deputada federal Daniela Reinehr (PL), ex-vice-governadora do Estado e uma das mais fiéis apoiadores da família Bolsonaro no Estado.

Com R$ 382 mil em bens declarados no pleito do ano passado, Odete registrou um aumento patrimonial de 816% desde o pleito municipal em que foi eleita.

Em nota, o presidente da Câmara de Bom Jesus, vereador Jorge Brinker, diz que repudia os atos de vandalismos na sede dos Três Poderes em Brasília, que o Legislativo bonjesuense está em recesso até 15 de fevereiro e que os membros da mesa diretora da Câmara "desconhecem o envolvimento de qualquer representante do legislativo municipal em atos antidemocráticos".

Advogado entre os detidos

O PL teve seis filiados presos após os atos de depredação nos prédios dos Três Poderes. Um deles, o advogado Thiago Queiroz, de 45 anos, é presidente municipal do partido em Patos de Minas, em Minas Gerais, e foi candidato a deputado estadual no ano passado. Não foi eleito, mas é suplente na ALMG.

O advogado transmitiu ao vivo a invasão aos prédios públicos nas redes sociais. Em vídeos publicados no Facebook, Queiroz registra a invasão e questiona a ausência de militares das Forças Armadas no local.

"Tomamos o Congresso. Agora é nosso. Nós é que mandamos aqui. Quero ver esse mané, agora. Aqui não tem mané, não. Cadê o Exército? O Exército sumiu. O Exército somos nós, o Exército de Cristo", diz nos vídeos, referindo-ser ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A 45ª Subseção da OAB de Patos de Minas iniciou o procedimento ético-disciplinar contra o advogado. A seccional repudiou os ataques e disse que "as liberdades de expressão e manifestação, protegidas pela Constituição Federal, não incluem permissão para ações violentas nem para atentados contra o Estado Democrático de Direito".

"O advogado terá o devido processo legal [contraditório e ampla defesa] respeitado. A Comissão de Prerrogativas ainda não foi acionada, certamente por não estar o advogado no exercício da advocacia", conclui a nota.

Médico tentou ser prefeito

O médico Ezio Guilherme da Silva foi candidato a prefeito de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais. Ele disputou a prefeitura do município mineiro em 2020, quando recebeu 392 votos (0,71%). Outro mineiro, o bolsonarista Adrian Paz concorreu à prefeitura de Patos de Minas, mas também não conseguiu se eleger. Ele foi um dos organizadores do acampamento contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apoiadores de Bolsonaro, os dois têm publicações e vídeos em apoio ao ex-presidente. O Estadão não localizou as defesas dos presos citados.

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