Temer fará "corpo a corpo" com deputados por votos para reforma
Governo está convencido de que será possível conseguir que os cerca de 70 deputados indecisos votem favoravelmente à reforma da Previdência
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 14h32.
Brasília - Depois da "ofensiva de mídia" no fim de semana com entrevistas a rádio, emissoras de TV e jornal, o presidente Michel Temer focará suas energias em um "corpo a corpo" com parlamentares para tentar convencer os indecisos a aprovar a reforma da Previdência, no dia 19 de fevereiro, ou nos dias próximos dessa data.
O Palácio do Planalto acredita que tem cerca de 275 votos, número com que já contava em maio do ano passado, e está convencido de que será possível conseguir que os cerca de 70 indecisos votem favoravelmente à reforma.
O governo se animou também com o discurso mais otimista do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que no fim do ano passado, dava sinais de desânimo, em relação à aprovação da matéria na Câmara.
Às vésperas do retorno dos parlamentares do recesso parlamentar, Rodrigo Maia também retomou as negociações para angariar votos a favor da reforma.
Nesta terça-feira, 30, o presidente da Câmara vai promover um encontro na residência oficial com líderes partidários e o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, para tratar da estratégia de aprovação do texto do relator Arthur Maia (PPS-BA).
Rodrigo Maia, que adotou na semana passada um discurso mais pessimista em relação às chances de vitória, agora vê possibilidade de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
No Planalto, a leitura que os auxiliares de Temer fazem é que, para viabilizar sua candidatura como presidente da República, Maia precisa se esforçar para aprovar a reforma.
Com a PEC votada em dois turnos na Câmara, Maia se consolidaria assim como representante do bloco governista na disputa eleitoral.
Ofensiva parlamentar
O presidente Temer já deu início a esse trabalho de convencimento dos parlamentares. Após a entrevista concedida ao vivo, na segunda-feira, na Rádio Bandeirantes, em São Paulo, Temer voltou para Brasília e passou a tarde recebendo parlamentares e líderes partidários.
Primeiro fez uma avaliação com os ministros da Casa, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Wellington Moreira Franco (Secretaria-Geral).
O governo entende que os deputados e senadores, durante o recesso, ao conversarem com os prefeitos e suas bases viram que a resistência à reforma já diminuiu muito e estão acreditando que a própria população vai pressionar os parlamentares.
O governo conta com a pressão de prefeitos e governadores porque também estão com problemas de caixa para ajudar no convencimento aos deputados e senadores.
Além disso, a participação nos programas populares como Sílvio Santos, no domingo, foi considerada "fundamental" e "muito produtiva" por um dos auxiliares do presidente.
A ofensiva de mídia foi encerrada na noite desta segunda-feira com a participação de Temer no Programa do Ratinho.
Não estão descartadas, no entanto, novas entrevistas, mas este não é o foco do momento. Temer quer mesmo é conversar e negociar com deputados e senadores.
O presidente Temer acha que é hora, por exemplo, de começar a pressionar o PSDB, inclusive por meio do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para que ele entregue os votos do partido.
O governo acha que consegue "arrancar" "uns 35" votos tucanos, da bancada de 47.
No início da noite, por exemplo, Temer recebeu o senador Aécio Neves (MG), que tem apoiado o Planalto na reforma.
O governo sabe que, se não votar o texto agora em fevereiro, no máximo início de março, ficará praticamente impossível conseguir fazer a reforma passar.
Temer acredita que consegue tomar o termômetro da votação esta semana e a próxima, antes do carnaval, para garantir a aprovação da PEC na semana após a festa popular.
O presidente já se reuniu nesta segunda, por exemplo, com o líder do MDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (MDB-SP).
Nos próximos dias, serão realizadas reuniões com todos os líderes. O presidente se reuniu ainda com o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) e o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM).