Temer: essa mudança, só ocorreria depois do envio do Orçamento ao Congresso, que, por lei, tem de ser feito até 31 de agosto (Adriano Machado / Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2016 às 08h53.
Brasília - Na manhã desta quinta-feira, 28, o presidente em exercício Michel Temer chamou o ministro interino do Planejamento, Dyogo Oliveira, para uma conversa, no Palácio do Planalto.
Explicou a ele que o governo, de fato, está estudando a possibilidade de transferir a Secretaria de Orçamento Federal (SOF), hoje sob seu comando, para o Ministério da Fazenda, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo.
Na conversa, Temer disse que o objetivo não é esvaziar a pasta, mas promover uma mudança no acompanhamento da execução do Orçamento porque não está satisfeito com o modelo vigente.
Essa mudança, só ocorreria depois do envio do Orçamento ao Congresso, que, por lei, tem de ser feito até 31 de agosto.
Coincidentemente, a alteração na estrutura viria logo após a votação no Senado do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
O presidente em exercício sabe das críticas à concentração de novas áreas cruciais no Ministério da Fazenda, principalmente pelo poder que isso deixaria nas mãos do titular, Henrique Meirelles.
Mas o presidente considera importante, neste momento, reorganizar essa área cujo formato não considera bom, como uma maneira de melhorar o controle dos gastos.
A mudança, de acordo com interlocutores de Temer, ajudará o governo federal, por exemplo, a enfrentar as pressões corporativas, como a da Receita Federal.
No Planalto, há uma desconfiança em relação aos dados repassados pela Receita. Com a transferência do Orçamento para a Fazenda, esse controle poderia ser ampliado.
Temer já pensou até, quando discutiu a reestruturação dos ministérios, juntar o Planejamento à Fazenda. Mas houve pressões, principalmente da área política e Temer preferiu fazer mudanças pontuais e começar a estudar outras, como de transferir a Secretaria do Orçamento do Planejamento para a Fazenda. Consultado, Dyogo preferiu não comentar.
Remanescente da equipe da presidente afastada Dilma Rousseff, e tendo atuado durante muitos anos como o braço direito do ex-ministro Nelson Barbosa, Dyogo nunca foi visto como um membro pleno da equipe econômica de Temer.
Ele sobreviveu à saída da equipe de Dilma pelas mãos do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que o escolheu para ser seu número dois, mas ficou poucos dias no cargo.
Mesmo fora do Planejamento, Jucá continuou influenciando as decisões de governo e teve em Dyogo um aliado em embates nos bastidores contra Meirelles. A dupla defende medidas de corte desenvolvimentista.
Caso a mudança da Secretaria de Orçamento se concretize, será selada uma perda de espaço para o senador peemedebista. Meirelles, por sua vez, será fortalecido num momento em que sua política fiscal começa a ser criticada por especialistas.
A secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, é cotada para chefiar a SOF sob a Fazenda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.